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Ruralistas e ambientalistas voltam a se atacar

Nesta semana, o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), relator da comissão especial de reforma das leis ambientais, apresentou proposta para convidar dirigentes de cinco empresas a debater as modificações em audiência pública na Câmara. Coordenador da recém-criada Frente Parlamentar Nacionalista, Rebelo acusa ONGs de representar interesses estrangeiros contrários à produção nacional. A feroz disputa entre ruralistas e ambientalistas teve mais um capítulo ontem, durante audiência na Comissão da Amazônia.

Nesta semana, o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), relator da comissão especial de reforma das leis ambientais, apresentou proposta para convidar dirigentes de cinco empresas a debater as modificações em audiência pública na Câmara. Coordenador da recém-criada Frente Parlamentar Nacionalista, Rebelo acusa ONGs de representar interesses estrangeiros contrários à produção nacional.

Os primeiros convidados serão executivos de Bradesco, Volkswagen, Coca-Cola, Colgate-Palmolive e American Express, identificadas como financiadoras da Fundação SOS Mata Atlântica. A ONG lidera a campanha “Exterminadores do Futuro”, criada para listar os parlamentares mais ativos nos debates em favor de alterações das atuais regras ambientais do país. “Vamos discutir e debater as causas e consequências da alteração do Código Florestal com os financiadores para que esta Casa possa adotar um posicionamento mais efetivo em relação ao assunto”, disse Rebelo.

A feroz disputa entre ruralistas e ambientalistas teve mais um capítulo ontem, durante audiência na Comissão da Amazônia. Ao questionar a realização do debate sobre a alteração do Código Florestal em outra comissão, o deputado Ivan Valente (P-Sol-SP) acusou colegas ruralistas de viajar pelo Brasil às custas de empresas do agronegócio. “Não viajo por aí porque não tenho financiamento do agronegócio”, provocou Valente, aliado dos ambientalistas, em referência às mais de 30 viagens feitas pelos ruralistas para a realização de audiências públicas nos Estados.

À mesa, Rebelo reagiu indignado: “Vossa Excelência dê-se o respeito porque aqui ninguém viaja ou visita financiado pelo agronegócio. Viajamos em avião da FAB”. Valente retrucou: “Quero respeito de vocês”, disse. “Você tem um histórico, Aldo. Tem que cuidar com que relatório vai fazer”. A discussão ficou mais quente com a intervenção do presidente da comissão, Moacir Micheletto (PMDB-PR). “É mentira”, disse. “Repudio isso. Nunca viajamos em avião particular. Sempre fomos de FAB e nada de hotéis 5 estrelas. Essas despesas são pagas com a verba de gabinete de cada um”. No fim da sessão, o líder ruralista, Valdir Colatto (PMDB-SC), desafiou Valente: “Ele fez acusação e terá que provar”.

Até então solitário no plenário, Valente ganhou o apoio do ambientalista Ricardo Trípoli (PSDB-SP). “Há uma esquizofrenia nessas acusações de desocupados contra exterminadores”, disse. “Estamos perdendo a percepção do macro. Vocês estão dando um tiro no pé, porque a floresta vale muito mais em pé do que derrubada”. O auxílio do colega revigorou Valente. Ele voltou a cobrar a manutenção de conceitos de áreas de reserva legal e de preservação permanente, como matas ciliares, no relatório de Rebelo. “Se querem desmatamento zero, porque tirar a reserva legal de 80% na Amazônia?”, questionou.

Em sua apresentação, Rebelo afirmou ser “ignorante” em questões ambientais, mas deu uma aula sobre o processo histórico de ocupação e de produção secular da Amazônia. Citou a resistência do líder indígena Ajuricaba à tentativa de escravidão pelos colonizadores portugueses e o destemor do militar gaúcho Plácido de Castro durante a Revolução Acreana, em 1902, na guerra contra a Bolívia pelo controle das terras hoje ocupadas pelo Estado do Acre. Rebelo criticou os interesses estrangeiros em espoliar a biodiversidade nacional com a prospecção de materiais genéticos e reivindicou a construção de estradas polêmicas, como as BRs 319 (Manaus-Porto Velho) e 163 (Cuiabá-Santarém), para integrar a Amazônia ao Centro-Sul. “É possível proteger o meio ambiente, mas a Amazônia tem direito à legítima aspiração de não viver isolada”, afirmou o relator da reforma das leis ambientais.

Clique aqui para assistir a entrevista que o deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP) concedeu ao programa Canal Livre, da TV Band, onde ele comenta questões relacionadas ao trabalho de relatoria do Código Florestal brasileiro

A matéria é de Mauro Zanatta, publicada no Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

0 Comments

  1. marcio de castro porto disse:

    O deputado Aldo Rebelo tem me surpreendido por sua clareza e determinação no sentido de nos salvar dos ataques ideologicos dessas ongs “bicho grilo” financiadas por inimigos do crescimento do Brasil . São ongs poderosas e cada vez mais organizadas . Temos que nos preparar melhor para nos defendermos dessa raça .

    Como produtores queremos crescer respeitando o meio ambiente e tambem temos que pensar no futuro , quem vai produzir alimento nesse mundo cuja população não para de crescer .

    E para os inimigos da democracia pergunto se eles sabem quem produz os alimentos que eles comem e quais as dificuldades que eles , produtores , tem para se manter e produzir .

    Novamente , parabens Aldo Rebelo .

  2. jose carlos targa disse:

    Parabens. Deputado Aldo Rabelo, os ambientalistas defendem interesses internacionais, e não interesses dos brasileiros. O Brasil Tem que produzir, é claro que com responsabilidade e respeitando meio ambiente. mas se utilizar-mos o critério de 80% de reserva na amazônia mais as APPs, todas as propriedades já consolidadas ficarão inviáveis. O desmatamento tem que ser zero, a partir de agora, mas o que está feito temos que apenas regularizar.

  3. Carlos Alberto Anastacio Filho disse:

    O Dep Aldo Rabelo tem me surpreendido a cada dia.
    Quiça tivéssemos mais homens do seu quilate no Congresso Nacional e teríamos boa parte dos paradigmas que entravam o progresso e o desenvolvimento do Brasil encaminhados.
    É claro e consiso nas suas posições, é democrático à medida que chama à mesa de negociações as partes ineressadas, e é sobretudo um nacionalista intransigente, defendendo ardorosamente a integração da Amazonia ao restante do país.
    Os maus brasileiros travestidos de “ambientalistas” são na verdade, e aí inclue-se o atual titular da pasta do Ministerio do Meio Ambiente, prepostos de ONGs internacionais, que pretendem minar a punjante agropecuária nacional que ameaça a concorrencia com produção, tecnologia e inovações.
    Precisamos de rever criterios, corrigir o empirismo do atual Codigo Florestal e, sobretudo, dizer não à criminalização inconsequente e demonização de uma atividade economica que responde por 40% do PIB do Brasil!

  4. Luciano Andrade Gouveia Vilela disse:

    O proprietário é quem mais conhece a sua terra e junto com técnico credenciado para apresentar projetos de LFPR, pode separar dentro da sua propriedade os terrenos mais frágeis e mais susceptiveis a erosão ou degradaçâo do solo para se transformarem em reservas dentro de percentuais e regras claras. Quanto a preservação dos fragmentos representativos dos biomas, existem as áreas da união em extensões consideráveis, porque dentro das propriedades privadas, mesmo que se respeitem os percentuais aceitáveis, essas áreas serão sempre fragmentadas.

    Desta forma é até mais inteligente aumentar os limites de exploração de áreas sem limitação de uso e os proprietários destes imóveis reporem vastas áreas “em comum” em lugares cuja exploração seja mais restritiva.

    Os ambientalistas se apoderaram do termo “área degradada” e tem usado esse termo de maneira indiscriminada para se referir a tudo que não seja a vegetação original. Não deve ser entendido assim, a vegetação original deve ser mantida sim em quantidade representativa dentro de unidades como o município ou o estado, principalmente pela reserva genética das suas espécies, mas sua simples substituição não se configura em degradação. Terras que foram desmatadas a mais de 100 anos no estado de São Paulo e ainda são as mais produtivas do país estão longe de serem “âreas degradadas” como querem insistir os ambientalistas! No cerrado fraco, “campo”, o amiente modificado produz muito maior quatidade de matéria seca por ano, consequentemente sequestrando inúmeras vezes mais carbono que a vegetação original.

    A falta de conhecimento, ou falta de acompanhamento técnico e planejamento de exploração é que pode levar uma substituição da vegetação original a degradação. Para quem entende um pouquinho dá até pra sentir o cheiro das áreas que é melhor não mexer. E o extermínio total das espécies nativas dentro de cada propriedade é sim uma visão de curto prazo por que não ter uma vara de ferrão na fazenda é um grande sinal de pobreza.

    Então estas questões devem ser pautadas com mais vizão de longo prazo, menos ganancia desenfreada de curto prazo, menos paixão ideológica disfarçada de ambiental, por que o quequerem os ambientalistas é dificultar cada vez mais a vida dos produtores para que nós simplismente desistamos de ter isso como negócio devido as dificuldades burocráticas tornando todas as terras improdutivas e baratas para a reforma agrária, cujos pequenos produtores teriam um tratamento diferenciado perante ao rigor das leis ambientais (iste comportamento inclusive com docuento assinado por diversas entdades ditas “sociais” eu presenciei em audiência pública com AldoRebelo, Michelletto e Colato em Imperatriz MA em março 20100) e valorizarmos cada vez mais a importância do conhecimento técnico que já existe e tem ficadosubutilizado tanto nos debates sobre nova elaboração quanto nas regras já existentes para a correta exploração agrícola e preservação ambiental.

  5. Jucelino dos Reis disse:

    E ainda que viajasse às custas do agronegócio. Se for para reparar uma eminente injustiça, e no interesse maior da nação, está plenamente justificado.