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Rússia considera Brasil inseguro com relação à aftosa

A Rússia não está disposta a suspender o embargo à importação de carne brasileira tão cedo. Segundo relatório da comissão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que viajou ao país, não há nenhuma “perspectiva de solução a curto prazo”. O grupo voltou ao Brasil e nem sequer tem uma resposta objetiva sobre a vinda de técnicos russos para verificar as condições sanitárias do produto brasileiro.

No texto entregue ao ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, os técnicos informam que, “apesar da polidez” com que foram tratados, não há “perspectiva de solução a curto prazo”. Trechos do relatório foram repassados à reportagem por um dos técnicos que integrou a comissão à Rússia.

O departamento de vigilância sanitária da Rússia classificou de “instabilidade epizootia” o território brasileiro, pois essa é a segunda vez que a doença surgiu em menos de um ano. Ou seja: não há segurança de que a doença ficará restrita a uma região.

O relatório, no entanto, aponta que os técnicos russos “entenderam” que não há ligação entre o episódio do Pará e do Amazonas. Na bagagem de volta, segundo a reportagem apurou, a comissão brasileira recebeu uma resposta “evasiva” sobre a vinda de uma equipe para verificar as condições sanitárias do produto brasileiro.

O Brasil é membro da Organização Internacional de Epizootias (OIE), entidade que permite às regiões seguramente livres da doença a exportar. As regiões Norte e Nordeste não estão neste grupo.

Na avaliação de integrantes do ministério, a questão deixou de ser técnica para ser política. A tese é reforçada devido ao embargo abranger a comercialização de peixe e de frango, animais que não são atingidos pela doença. A Rússia responde por 18% das vendas externas de carne bovina brasileira. Em 2003, comprou 80% das exportações de suínos. A “dependência” brasileira poderá ser utilizada em troca de vantagens comerciais.

Fonte: Folha de S.Paulo (por Luis Renato Strauss), adaptado por Equipe BeefPoint

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