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Rússia: exportadores brasileiros cobram ação do Governo

Após visita à Rússia de um missão do governo brasileiro, os principais compradores da carne brasileira cobraram uma presença mais ativa dos exportadores brasileiros no país. O setor rejeita as queixas russas e diz que o aumento das negociações depende de uma relação entre governos, e não do setor privado brasileiro com o governo russo.

Após visita à Rússia de um missão do governo brasileiro, os principais compradores da carne brasileira cobraram uma presença mais ativa dos exportadores brasileiros no país. Autoridades e importadores russos reclamam que as empresas brasileiras têm feito pouca pressão para contrabalançar o forte lobby dos exportadores dos Estados Unidos.

Candidata a entrar na Organização Mundial do Comércio (OMC), a Rússia tem feito concessões a parceiros comerciais, mas reduziu alguns espaços ocupados por produtos do Brasil. Segundo as autoridades russas, poucas empresas têm escritórios em Moscou e as associações de classe mantêm uma atuação discreta para os padrões locais.

Até o fim de março a Rússia deve redistribuir a cota de carne bovina a outros países, além dos EUA e da União Europeia. Boa parte deve ficar com o Brasil porque a UE não tem cumprido suas cotas, preferindo direcionar ao mercado interno dos 27 países-membros. Há escassez de carne bovina na Rússia e os preços estão altos, constataram os membros da missão brasileira.

Na tentativa de contornar o problema, uma nova reunião em Moscou será realizada na terceira semana de abril sobre comércio e investimentos. O setor privado participará dos encontros, mas rejeita as queixas russas.

“A Rússia está consolidada para nós. Temos acompanhado de perto, mas não depende da gente. É uma relação entre governos, e não do setor privado brasileiro com o governo russo”, diz o diretor-executivo da associação dos exportadores de carne (Abiec), Otávio Cançado. “Se não temos escritório lá é porque as empresas têm boas relações com os russos”.

O presidente da associação dos exportadores de carne suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto, também defende a mesma tese. “Discordo frontalmente disso. Tenho cobrado do governo a aplicação de um acordo assinado em 2005”, afirma. Esse acordo, segundo ele, obrigaria a manutenção do comércio bilateral. “Não temos como pressionar o governo russo. Se o Brasil não faz nada, não pode colocar a culpa no setor privado. As empresas de carne têm escritórios em Moscou, até sócios locais, mas lidam com os compradores, e não fazem lobby com o governo russo”, diz Camargo Neto.

A negociação bilateral tem sido dificultada pela redução das cotas e o aumento dos impostos extra-cota, além da forte desvalorização do rublo desde o início da crise internacional. Os russos reclamaram muito do desequilíbrio da balança comercial bilateral, causado pelos preços baixos do petróleo. Há um déficit de US$ 2 bilhões com o Brasil, segundo Moscou.

A matéria é de Mauro Zanatta, publicada no jornal Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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