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Rússia paralisou compras de carne bovina uruguaia

O mercado russo, principal comprador de carnes uruguaias e impulsionador do aumento de preços, está praticamente paralisado e somente está comprando línguas e fígados bovinos. "A Rússia está totalmente quieta e todo o mundo está pressionando para baixo", disse o diretor da empresa Mirasco International Food Merchants, Samy Ragi.

O mercado russo, principal comprador de carnes uruguaias e impulsionador do aumento de preços, está praticamente paralisado e somente está comprando línguas e fígados bovinos. Segundo o jornal El País, o Brasil encheu esse mercado de carne e os operadores uruguaios estão obtendo preços mais baixos.

A demanda por carne uruguaia parece ter sido paralisada e não somente está afetando mercado russo, mas também outros destinos, mas os exportadores garantem que já viram isso ocorrer outras vezes. A Rússia, que é o principal mercado para carne bovina uruguaia e, especialmente, para miúdos, paralisou a demanda porque os frigoríficos brasileiros inundaram o mercado de carne.

As autoridades russas suspenderam as permissões de compras a vários frigoríficos brasileiros há algumas semanas, mas antes disso, já tinha carne bovina suficiente brasileira no mercado russo. Ao saber da notícia, as indústrias uruguaias retiraram as ofertas que tinham feito aos importadores russos, pensando que os preços poderiam subir, mas aconteceu o contrário.

“A Rússia está totalmente quieta e todo o mundo está pressionando para baixo”, disse o diretor da empresa Mirasco International Food Merchants, Samy Ragi.

A paralisação das compras há semanas está se refletindo nos dados estatísticos do Instituto Nacional de Carnes do Uruguai (INAC). De janeiro a maio de 2011, as exportações de carne bovina em volume caíram em 11% e, até 11 de junho, já tinham uma baixa acumulada de 14%, comparado com o mesmo período do ano anterior. Isso incidiu nos dados totais de exportações de carne do Uruguai: no acumulado de 2011, até 11 de junho, foram exportadas 51.239 toneladas, enquanto no mesmo período de 2010 foram exportadas 60.001 toneladas, isto é, houve queda de 14,6%.

Todavia, os importadores russos mantêm bastante firme a demanda de miúdos, precisamente de fígados e línguas bovinas, aos quais estão pagando valores altos. Porém, o grande negócio do Uruguai é a carne. “Os brasileiros encheram o mercado de carne e até que não se esgotem os estoques, o mercado estará parado”, disse o operador. Baseando-se em sua experiência, Ragi estimou que a descompressão do mercado russo levará, pelo menos, dois meses.

A boa notícia é que a carne uruguaia tem mais mercados para se defender. O grande problema é a falta de animais gordos que vem ocorrendo no mercado do Uruguai há várias semanas e essa situação está se refletindo no volume exportado, semana a semana.

A queda nas vendas à União Europeia (UE) – mercado ao qual se destinam os cortes de maior valor – é de 23%, segundo dados do INAC; nos Estados Unidos, a baixa é de 8% e um panorama similar, em maior ou menor grau, vem sendo registrado em outros destinos. Por outro lado, o Uruguai ficou caro e a tonelada de carne bovina exportada custa em média US$ 3.927. Em um ano (até 11 de junho), a tonelada de carne bovina uruguaia aumentou em 38,5%.

Para o vice-presidente do Instituto Nacional de Carnes do Uruguai (INAC), Fernando Pérez Abella, a paralisação da demanda não deve causar alarme, porque “a oferta mundial não chegará a satisfazer a demanda”. Em curto prazo, disse que há “bons sinais para o Uruguai” e, nesse sentido, recordou que as negociações sanitárias para liberar a entrada de carne bovina na Coreia do Sul estão muito adiantadas, de forma que o Uruguai poderá entrar em um dos mercados de mais alto valor com sua carne fresca. Outro nicho de alto potencial é o Japão, que segue fechado.

A reportagem é do El País Digital, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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