Rússia restringe importações de frigoríficos brasileiros

A Rússia, principal mercado para as carnes do Brasil, impôs restrições temporárias às importações de produtos de estabelecimentos brasileiros após uma inspeção de duas semanas a 29 plantas nacionais de carnes bovina, suína, de frango e industrializados, finalizada no dia 18 deste mês.

A Rússia, principal mercado para as carnes do Brasil, impôs restrições temporárias às importações de produtos de estabelecimentos brasileiros após uma inspeção de duas semanas a 29 plantas nacionais de carnes bovina, suína, de frango e industrializados, finalizada no dia 18 deste mês.

O Rosselkhoznadzor, agência russa de saúde animal e vegetal, manteve restrições às importações de produtos de 13 plantas de carnes brasileiras que já estavam sob embargo e que buscavam voltar a exportar. A missão de veterinários visitou ainda oito plantas pela primeira vez, que também não foram habilitadas.

Além disso, a missão teria descrendenciado quatro fábricas de processados da Brasil Foods. Os russos mantiveram a habilitação de quatro unidades restantes que já estavam autorizadas a exportar, mas solicitaram “informações adicionais” das empresas e do governo.

Em comunicado em seu site, com um tom duro e com críticas ao Ministério da Agricultura brasileiro, o Rosselkhoznadzor diz ter proposto a restrição temporária das exportações de produtos de todas as unidades visitadas. A razão, segundo o órgão, é que os estabelecimentos não atendem às exigências da legislação sobre segurança dos alimentos da Rússia, Belarus e Cazaquistão, que formam uma união aduaneira e são clientes do Brasil.

Segundo o órgão, a inspeção demonstrou uma piora nos últimos anos no sistema que assegura a conformidade dos produtos de carne do Brasil às normas de segurança previstas pela legislação russa. A inspeção mostrou ainda, diz a agência, que não são feitos o volume necessário de análises de matérias-primas e produtos finais para verificar a conformidade com as normas e exigências russas. Além disso, a missão viu deficiências sistêmicas no trabalho do serviço veterinário brasileiro.

De acordo com os russos, análises laboratoriais de amostras de produtos do Brasil indicaram contaminação com listeria, salmonella, bactérias do grupo e-coli, além de resíduos de antibióticos, como tetraciclinas. A missão também colocou em dúvida a eficácia dos controles veterinários e sanitários nos estabelecimentos.

O vice-presidente de assuntos corporativos da Brasil Foods, Wilson Mello, confirmou que a empresa teve plantas embargadas, mas disse não ter informações sobre número e local das unidades. Segundo ele, foram descredenciadas plantas de processados e de produtos in natura. “Como temos 13 plantas habilitadas a vender à Rússia, vamos atender [a demanda russa] com unidades que continuam credenciadas”, disse, reiterando que a companhia está preocupada com a medida russa.

Pedro de Camargo Neto, presidente da Abipecs disse que estará hoje em Brasília para discutir o problema no Ministério da Agricultura.

Antônio Camardelli, da Abiec disse que o relatório dos russos não tem “informações peremptórias” sobre frigoríficos de carne bovina. A missão visitou dez estabelecimentos de carne bovina.

O governo brasileiro vai tentar reverter o embargo russo e avançar na habilitação de mais frigoríficos. Para isso, fará reuniões com o serviço veterinário russo em Moscou. Uma missão brasileira deve ir à Rússia em maio, aproveitando a visita do vice-presidente Michel Temer no país, que participará de reunião com o premiê russo Vladimir Putin.

Não é a primeira vez que os russos impõem restrições às carnes do Brasil. Mais uma vez, a percepção é de que a medida pode ter razões comerciais, dizem fontes do setor. Os russos estariam incomodados com a grande oferta de processados de carne do Brasil no país.

A matéria é de Alda do Amaral Rocha e Mauro Zanatta, publicada no Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

0 Comments

  1. Marcelo Ribeiro disse:

    E o resultado e’: mais carne da Australia para os russos!

  2. Gabriel Affonso Dutra disse:

    Até quando vamos conviver com estas restrições sanitárias fictícias? O governo brasileiro tem que tomar uma atitude firme, defendendo os produtores e produtos se nosso país. Já chega de tanta imposição e restrição aos nosso produtos.

  3. Ivan Neri dos Reis disse:

    Nossas plantas estao muito bem equipadas,nao ha razao desta desconfiança.Falo isto pois minha mulher foi uma das tradutoras da missao russa, e tambem conheço muitas unidades frigorificas no Brasil.Realmente esta questao e omercil.

  4. Laércio José Franzon disse:

    Vejam que os russos não deram ainda parecer conclusivo sobre a carne bovina. Com relação ao achado de tetraciclinas nos frangos, isso certamente não é "restrição sanitária fictícia", pois muitos produtores brasileiros devem fazer uso desses antibióticos sim. Estou errado?

  5. Laércio José Franzon disse:

    A matéria informa que os russos ainda não decidiram sobre a carne bovina. Com relação ao achado deles de tetraciclina na carne de frango, será que muitos produtores no Brasil ainda não continuam usando esse antibiótico em seus criatórios? Se o Brasil quer vender carne de frango, então tem que preocupar também com a qualidade dos produtos vendidos.

  6. Sérgio Rangel Barreto Luz disse:

    Concordo tanto com Gabriel Dutra como com Ivan dos Reis,,, pois na sua maioria os embargos tem fins comerciais e não sanitários,,, por isso nosso governo deveria agir sim de forma firme, embora por outro lado isto serve para antenar e conscientizar nossos produtores para efetivamente obedecerem o periodo de carência das medicações,,, pois sabemos daquilo que fazemos em nossa propriedade e não na do nosso vizinho,,,,, eis aí também um alerta porque nesse mercado não existe anjinhos…

    São Borja – RS.

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