A suspensão imposta pelo governo da Rússia às exportações de oito plantas industriais brasileiras de carne bovina foi um "sinal de alerta" contra o "poder de negociação" e a "excessiva concentração" da produção nacional nas mãos de grupos frigoríficos como JBS e Marfrig. A advertência protecionista, disfarçada de medida sanitária, reflete o temor russo com a elevação dos preços da carne no mercado interno. Em maio, por exemplo, o preço médio da carne exportada pelo Brasil subiu 32%.
A suspensão imposta pelo governo da Rússia às exportações de oito plantas industriais brasileiras de carne bovina foi um “sinal de alerta” contra o “poder de negociação” e a “excessiva concentração” da produção nacional nas mãos de grupos frigoríficos como JBS e Marfrig. A advertência protecionista, disfarçada de medida sanitária, reflete o temor russo com a elevação dos preços da carne no mercado interno. Em maio, por exemplo, o preço médio da carne exportada pelo Brasil subiu 32%.
Os problemas encontrados pela missão russa em algumas unidades frigoríficas foram usados como pretexto para ampliar a base de fornecedores brasileiros e conter o aumento de preços, avaliam fontes do governo. “Mas não podemos baixar a guarda com eles”, diz um dirigente do setor privado.
O setor privado aproveitará a visita do ministro da Agricultura, Wagner Rossi, a Moscou, em julho, para tentar acordo com as autoridades locais. O setor concorda em oferecer alternativas à concentração das vendas à Rússia por meio de novas unidades industriais.
A busca por um antídoto à concentração começou em outubro de 2009, durante a feira Anuga, na Alemanha. Então, os importadores já demonstravam temor com a tendência de elevação dos preços. Frigoríficos médios e pequenos foram bastante assediados durante a feira.
A missão russa que visitou 29 plantas frigoríficas de bovinos, suínos e frangos, em meados de abril, buscou diversificar os fornecedores ao auditar unidades do Frigol, Frialto, Minerva e Mataboi. Os russos também queriam “garantias adicionais” de segurança, inclusive o aperfeiçoamento do controle de resíduos e contaminantes na carne. Em ambos os casos, isso foi visto como uma “senha” para a necessidade de atendimento à demanda russa por preços mais baixos.
O Brasil não é o único país com o qual a Rússia trava uma disputa em carnes. Na quarta-feira, o Ministério da Indústria e Comércio russo informou que os EUA podem perder até 25% de sua fatia na cota de importação de frango russa. O volume será redistribuído entre outros países que fornecem frango à Rússia, segundo a agência Ria Novosti. A cota americana, que era de 600 mil toneladas, cairá para 450 mil toneladas. No Brasil, exportadores avaliam que a medida pode beneficiar o setor. Hoje, os brasileiros exportam dentro da cota para “outros países”, de 36 mil toneladas.
Por trás da decisão de reduzir a fatia dos EUA na cota está a disputa acerca do uso de cloro na higienização das carcaças de frango. Desde o início do ano, a Rússia proibiu o método, o que, na prática, suspendeu as compras dos EUA. Os dois países têm negociado a retomada do fornecimento de frango. No fim de maio, autoridades russas disseram que uma solução estava próxima.
Mesmo sem ter informações precisas sobre os motivos que levaram a Rússia a suspender a compra da carne de oito frigoríficos brasileiros, o diretor executivo da Associação das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Otávio Cançado, disse que o impacto desta proibição é muito pequeno do ponto de vista financeiro.
“O impacto é praticamente zero porque são grandes empresas, com unidades espalhadas em todo o território nacional. Então, se eu tenho uma unidade no Rio Grande do Sul que foi temporariamente suspensa para exportar para a Rússia; eu falo que vou pegar o produto de uma unidade no Mato Grosso, no Mato Grosso do Sul, em Goiás, em Minas Gerais, no Tocantins, em Rondônia, Roraima ou Pará. Eu tenho várias saídas para poder redirecionar a produção. O impacto maior é sobre a imagem do Brasil porque fica uma acusação em cima da carne brasileira, da produção, da indústria brasileira sem fundamentação. Então, esse é o maior desgaste no momento nesse caso específico russo”, explicou Cançado.
As informações são do Valor Econômico e do Globo Rural, resumidas e adaptadas pela Equipe BeefPoint.
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Não consigo entender como a descredenciamento de plantas frigoríficas possa contribuir para conter a elevação dos preços. Se há uma concentração indesejada na indústria o certo seria a Russia habilitar plantas de concorrtentes.
Att,
Se eu entendi bem, o russos estão fazendo um trabalho que ao meu ver deveria ser feito pelo nosso governo, de impedir essa concentração e monopólio do JBS. A imagem que está caindo em cima da carne brasileira está certa, estamos na mão de um só, e não é culpa do produtor e sim do governo que além de permitir incentiva essa concentraçao. Acho uma pena o rumo que a pecuária vem tomando, sou produtora da quarta geração será que meus netos conseguirão ser produtores de carne?
Entendo que a Russia emitiu um sinal de alerta e está se sentindo como refem comercial do poder concentrado dos frigorificos aqui no Brasil.
Por enquanto as medidas não terão efeito no mercado, mas as industrias como JBS e Marfrig principalmente devem rever a qualidade dos relações comerciais com os paises importadores porque a força unilateral pode resultar em resultados aparentemente positivos no curto prazo, mas ser danosos a media e longo prazo.
Tem dois argumentos que podem ser usados:
1. O governo brasileiro tem participação acionario nas maiores industrias que se tornarem na verdade empresas mistas.
2. As industrias tem um enorme quantidade de fornecedores da materia prima no Brasil.
O velho ditado de que um bom e sustentavel negocio tem que ser bom para ambos os lados infelizmente não está sendo lembrado o suficiente na cadeia de carne no Brasil e pode ser oportuno de mudar isto agora!
Fiquei impresionado com a sua colocaçao no ultimo paragrafo, onde vc cita a seguinte frase: “Entao, seu eu tenho uma undiade no Rio Grande do Sul que foi temporariamente suspensa para exportar para a Russia; eu falo que vou pegar o produto de uma unidade no (….). Eu tenho varias saidas para poder redirecionar a producao”.
Primeiramente, acho que devemos saber por qual motivo a Russia suspendeu a compra de carne desses frigorificos, pois acharia injusto e de má fé tomar tal ato, pois se fossemos tomar tal atitude o que pensaria outros paises importadores da nossa carne.
Vão achar que todas as plantas frigorificas brasileiras tomam tal procedimento, o que não justificaria habilitar plantas frigorificas e nem recepcionar missoes de paises importadores.