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Russos são convidados a visitar o Brasil

O governo brasileiro convidou técnicos do Ministério da Agricultura da Rússia para visitar as regiões de pecuária de corte do País. O enfoque seria a região de Careiro da Várzea, no Amazonas, onde foi confirmado um foco de febre aftosa. Assim, poderão ver que o município está isolado e não há risco de propagação da doença para outras regiões.

“A idéia é que eles confirmem tudo o que está nos relatórios”, afirmou um técnico do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O registro do foco levou a Rússia a suspender as importações de carnes do Brasil, com prejuízo diário de US$ 4 milhões, segundo estimativas. O convite foi feito durante visita de técnicos brasileiros a Moscou, esta semana.

A missão retornou ao Brasil sem sinais do fim do embargo. Também não houve resposta para o convite. Os russos, contou um interlocutor do governo, insistem que há “instabilidade sanitária” no Brasil.

Além de repetir que a região do foco está isolada e não tem autorização para exportação de carnes, os técnicos argumentaram que Manaus é uma região importadora de alimentos. Outro ponto enfatizado nas conversas é que não há relação entre o foco do Pará, registrado em junho, e o atual.

Diagnósticos indicam que a cepa do foco do Pará é do tipo O, diferente do tipo confirmado em animais do Amazonas (tipo C). A Embaixada do Brasil em Moscou continua acompanhando o caso, mas não há previsão para o fim do embargo.

O secretário de defesa agropecuária do Ministério da Agricultura, Maçao Tadano, que não esconde o pessimismo e o descontentamento com a posição da Rússia, desmentiu informação de que a Bolívia teria fechado sua fronteira com o Brasil por causa do foco de aftosa no Amazonas. Ele afirmou ter conversado com autoridades bolivianas, que negaram o fechamento da fronteira.

Tadano disse ainda que as carnes que foram liberadas por veterinários russos, que fiscalizam cargas em portos brasileiros, até 19 de setembro poderão ser embarcadas normalmente para a Rússia.

Fonte: O Estado de S.Paulo (por Fabíola Salvador) e Valor OnLine (por Alda do Amaral Rocha), adaptado por Equipe BeefPoint

0 Comments

  1. Enio Antonio Marques Pereira disse:

    Eu tive a oportunidade de participar ativamente no processo de abertura do mercado russo. Primeiro como Secretário de Defesa, por provocação da ABEF e ABIPECS, nas negociações oficiais e na assinatura do Protocolo Sanitário. Fato histórico interessante: lembro que cortei a carne bovina da visita da missão do Chefe do Serviço Veterinário russo ao Brasil porque a ABIEC não quiz ratear as despesas.

    Posteriormente, na Diretoria Executiva da ABIEC, na carona das negociações dos setores aves e suinos, foi possível acertar os ponteiros para que as indústrias pudessem exportar carne bovina. Grande vitória, em especial porque as indústrias da ABIEC não acreditavam naquele mercado.

    Quem ajudou muito nesse processo de autorização de compra de carne brasileira foram as autoridades russas interessadas na licitação da Força Aérea Brasileira para aquisição de aviões militares. Assinamos um pré-contrato de valor superior ao que será gasto com a compra dos aviões

    Aqui no Brasil para justificar um ambiente mais favorável para o apoio russo, foi orquestrado um movimento envolvendo entidades de classe do agronegócio para introduzir na regra da licitação dos aviões a figura do off set extra setorial. Em compras de tecnologias sensíveis que vai gerar uma fidelização de relacionamento é comum que parte do contrato seja executada com compra de bens no mercado do pais comprador. No caso da compra de aviões uma parte do contrato seria gasto com aquisição de bens do setor aeronáutico brasileiro. Com o movimento, nós defendemos que parte do valor fosse gasto com compra de produto agrícola e carnes. Isto viabiliza os aviões russos e garante vida longa do Brasil naquele mercado.

    No meu feeling existe algum problema de relacionamento Brasil e Rússia em que as carnes são o bode na sala. Temos que inibir esse pontos. Como está a licitação da compra dos aviões pela FAB ? Como a decisão na área veterinária é da Academia de Ciência Veterinária é indispensável atender a um pleito que vem desde a primeira reunião: Acordo de Cooperação Científica entre a Academia e a Embrapa.

    Este tema transcende a área sanitária e o MAPA. O MIDCT tem que participar da negociação.