Os acionistas da Sadia decidiram entrar com ação de responsabilidade civil contra Adriano Lima Ferreira, ex-diretor financeiro da empresa, "pelos prejuízos causados à companhia em razão da celebração de operações com derivativos". A decisão de entrar com ação judicial foi tomada ontem (06) durante assembleia geral extraordinária de acionistas e foi aprovada por unanimidade.
Os acionistas da Sadia decidiram entrar com ação de responsabilidade civil contra Adriano Lima Ferreira, ex-diretor financeiro da empresa, “pelos prejuízos causados à companhia em razão da celebração de operações com derivativos”. A decisão de entrar com ação judicial foi tomada ontem (06) durante assembleia geral extraordinária de acionistas e foi aprovada por unanimidade.
As operações com derivativos arrasaram o caixa da Sadia e levaram a companhia a registrar um prejuízo de R$ 2,5 bilhões no ano passado. De acordo com a Sadia, relatório elaborado pela consultoria BDO Trevisan, contratada pela companhia para apurar as responsabilidades no caso, não encontrou indícios de que o Conselho de Administração tivesse conhecimento das operações realizadas por Ferreira. O executivo reportava-se diretamente ao Conselho de Administração, e não ao presidente executivo da companhia, como acontece na maioria das empresas de capital aberto. Essa estrutura de governança foi bastante criticada após o episódio e foi alterada – desde então, o diretor financeiro passou a se reportar ao presidente executivo.
Na Justiça, a companhia vai tentar responsabilizar Ferreira por não avisar ao Conselho que estava realizando as operações de derivativos cambiais e pelo fato de ele ter descumprido a política financeira da companhia, que limita a exposição em operações financeiras a seis meses do faturamento com exportações. Ao final de setembro do ano passado, contudo, a exposição líquida da Sadia a contratos de hedge (proteção) cambial era de R$ 2,4 bilhões, o equivalente a dez meses de exportação.
As operações com derivativos cambiais chegaram a render lucros à Sadia, mas a situação se inverteu com a forte desvalorização do real, em setembro. Os contratos previam lucros limitados em caso de real forte e prejuízos exponenciais em caso de desvalorização da moeda brasileira. Ao descobrir as operações, no final de setembro, a empresa liquidou antecipadamente alguns contratos, a um custo de R$ 760 milhões. Ferreira e o gerente Alvaro Ballejo foram demitidos. Na tentativa de recompor o caixa e a imagem da Sadia, o ex-ministro do Desenvolvimento Luiz Fernando Furlan foi chamado para assumir o Conselho de Administração.
Até o episódio dos derivativos, Ferreira era uma estrela em ascensão na Sadia. Era também diretor da holding financeira da família e fazia parte do time encarregado de impulsionar o projeto do banco Concórdia. Antes de se juntar à Sadia, Ferreira trabalhou no Lehman Brothers, em Nova York.
A matéria é de Mariana Barbosa, publicada no jornal O Estado de SP, adaptada e resumida pela Equipe AgriPoint.