A escola de samba Unidos de Vila Isabel é a campeã do carnaval do Grupo Especial do Rio em 2013. A agremiação foi a vencedora com o samba-enredo “A Vila canta o Brasil, celeiro do mundo – Água no feijão que chegou mais um”, composto por Martinho da Vila, Arlindo Cruz, André Diniz e Tunico da Vila e Leonel. A escola representou o “caminho da roça” por meio de imagens identificadas com a vida no interior e neste ano foi patrocinada pela empresa Basf.
Martinho da Vila veio no carro “Os cumpadres chegaram”, sobre a casa rural, com direito a fogão de lenha e animais no quintal. A intenção foi simbolizar o lado hospitaleiro do povo da roça. O samba de Martinho, Arlindo Cruz, André Diniz, Tunico da Vila e Leonel foi defendido pelo intérprete Tinga. Arlindo e Tunico, filho de Martinho, vieram no carro de som.
O desfile começou com a apresentação da terra do agricultor, do despertar quando o homem vai para o campo. Ele veio representado na frente da escola, protegendo sua plantação. O enorme carro abre-alas “O planeta Terra e o Sol” simbolizou o trabalho duro e o sol forte, importantes para uma boa colheita.
com os passarinhos no esplendor da manhã
agradeço a deus por ver o dia raiar
o sino da igrejinha vem anunciar
preparo o café, pego a viola, parceira de fé
caminho da roça, e semear o grão…
saciar a fome com a plantação
é a lida…
arar e cultivar o solo
ver brotar o velho sonho
alimentar o mundo, bem viver
a emoção vai florescer
Ô muié, o cumpadi chegou
puxa o banco, vem prosear
bota água no feijão já tem lenha no fogão
faz um bolo de fubá
Pinga o suor na enxada
a terra é abençoada
preciso investir, conhecer
progredir, partilhar, proteger…
cai a tarde, acendo a luz do lampião
a lua se ajeita, enfeita a procissão
de noite, vai ter cantoria
e está chegando o povo do samba
é a Vila, chão da poesia, celeiro de bamba
Vila, chão da poesia, celeiro de bamba
Festa no arraiá,
é pra lá de bom
ao som do fole, eu e você
a Vila vem plantar
felicidade no amanhecer”
No Twitter, Mentor Muniz Neto (@neto) discutiu sobre o patrocínio de organizações do setor agropecuário para a escola de samba. Veja os comentários:
4 Comments
Não entendo o porque da perplexidade do Neto. Não importa se o enredo e patrocinado ou não, e sim a qualidade da execucão e do espetaculo.
Cultura é e sempre foi patrocinada há milenios em todo o mundo e em diversos segmentos. Historicamente arte e cultura são conduzidas em alguns momentos pela igreja, em outros pelo estado, as vezes pelos mecenas, pelos ditadores e ate por democratas,
No caso das escolas do Rio, a contravencão dominou por muitos anos e ainda hoje ocupa um espaco significativo. De alguns anos pra cá foram aparecendo patrocinadores privados, empresas nacionais, estatais, multinacionais, governos de estados, governos de outros paises e etc. Me parece natural e ate uma evolução, se considerar os efeitos positivos de diversidade, pluralidade e quebra da monodependencia.
Evidente que há uma mercantilização, o mesmo que ocorre com o mercado financeiro, o mercado publicitario e o agrobusiness…. De novo, em meu ponto de vista o que vale é a qualidade. Parabéns a Vila, parabéns a Basf, e parabéns a quem trabalha.
Mais uma vez me pergunto. Neto tu come o que?
Luz?
Se for vegetais , carne , grãos e carne tem produtor envolvido
Isso tá parecendo ditadura de publicidade, e se pagou o que tem?
O produtor não tem mérito, alimenta pessoas e nao merece reconhecimento?
O Agro necessita da intervenção de empresas privadas para colocar o segmento na mídia…em outros países é o governo que faz isso…visando redução do exôdo rural, qualificação da mão de obra e defesa da soberania nacional (produção de alimentos)…parabéns a BASF pela iniciativa e pela VILA ISABEL e seus grandes artistas de poetas que realizaram este grande feito…em um país em que o Agropecuarista é quase tratatado como bandido…a iniciativa é um grande alento…
Parabéns a Escola, Parabéns a iniciativa da BASF. Quando em minha cidade foi lançado que a BASF iria patrocinar a Vila, houve um jantar onde foram apresentados os objetivos da empresa ao patrocinar a escola, e o objetivo era REPRESENTAR O PRODUTOR RURAL BRASILEIRO. Bem, como agropecuarista, vi o desfile e posso falar, o mesmo NÃO ME REPRESENTOU E NAO REPRESENTOU nenhum produtor rural, representou sim, ao produtor que ainda tira leite na mão, o criador de gado que não investe em tecnologia, o agricultor que ainda planta de enxada e ara o solo com carros de bois. Enquanto ao meu ver, deveria ter mostrado a capacidade de tecnificação do campo, a tecnologia que utilizamos hoje, os grandes equipamentos que agricultores utilizam em busca de maior produção para oferecer alimento de melhor qualidade aos que estão nas cidades. O que foi para mim a gota d’agua, foi o título do enredo “Caminho da ROÇA”, pois enquanto a cidade continuar chamando o campo que produz o seu alimento de “roça”, significa que eles ainda não viram a importância que cada um de nós tem na sociedade brasileira.