MS tem leilão do Nelore Baby
7 de julho de 2003
Pecuária perde rentabilidade no primeiro semestre de 2003
9 de julho de 2003

Sanidade, segurança alimentar e produção animal caminham juntas

Por Emilio Salani1

O governo brasileiro acaba de anunciar o Plano Agrícola e Pecuário 2003/2004, que disponibilizará mais de R$ 30 bilhões para estimular a produção de alimentos, gerar excedentes exportáveis e incentivar a competitividade do agronegócio. Trata-se de uma ótima notícia, não resta dúvida. Porém, nunca é demais ressaltar que no mundo moderno é preciso produzir cada vez mais para ser competitivo, mas é fundamental que se tenha produtos de qualidade para oferecer ao mercado. Em outras palavras, com segurança alimentar.

Afinal, o consumidor tem o direito de ter alimentos seguros à mesa, de origem conhecida e com qualidade certificada por órgãos competentes, além de se originar – no caso dos produtos animais – de criações que respeitam o meio ambiente. Mais do que isso, ele exige essa garantia. E os produtos brasileiros não podem ficar fora dessa ordem mundial.

A exigência da rastreabilidade bovina pela União Européia, por exemplo, reflete as novas tendências no mercado mundial. A pecuária brasileira está inserida nesse processo. E não estamos falando apenas de interesses comerciais. Um dos objetivos da rastreabilidade é oferecer produtos seguros e de qualidade, tanto ao mercado doméstico quanto ao mercado externo.

A confirmação de um caso do mal da vaca louca (Encefalopatia Espongiforme Bovina) no Canadá jogou luz sobre essa questão mais uma vez. O Brasil precisa caminhar rápido para a certificação da origem. Segundo o Sisbov (Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina), até 2007 todo o rebanho nacional, estimado em 180 milhões de cabeças, deverá estar devidamente rastreado, atendendo as exigências dos importadores.

Estamos sem ocorrência de febre aftosa, newcastle e peste suína clássica, algumas das principais doenças responsáveis pelas barreiras às exportações mundiais de carnes. Todavia, é preciso reconhecer a necessidade de se avançar mais no controle sanitário, impedindo que sejamos colocados em xeque pelo mercado internacional: não só devido à preocupação com a segurança alimentar, mas também como forma de barreira comercial, já que as exportações brasileiras vêm aumentando ano após ano e isso representa ameaça a concorrentes.

O trabalho sério da cadeia da produção animal acaba de registrar uma vitória significativa, com a abertura do mercado russo à carne bovina brasileira. O governo da Rússia garantiu que libera as importações de carne bovina brasileira desossada para venda no varejo, desde que o produto seja originário de estabelecimentos habilitados e provenientes de estados onde não existam registros de ocorrência de estomatite vesicular.

Como tem dito insistentemente o ministro Roberto Rodrigues, precisamos fazer a nossa parte, garantindo a sanidade dos plantéis. Com isso, caem as barreiras sanitárias impostas pelo mercado e abrem-se novas perspectivas de negócios. Nesse sentido, todos os segmentos envolvidos devem fazer sua parte. Trata-se de um trabalho conjunto de produtores rurais, demais setores da iniciativa privada participantes das cadeias produtivas e do governo.
___________________________
1Emilio Carlos Salani é presidente do conselho de administração do Sindan (Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal)

Os comentários estão encerrados.