Santa Catarina ratificou sua intenção de não voltar a vacinar e pleitear um circuito pecuário separado dos demais estados, no encontro realizado ontem, entre os três secretários de Agricultura da região Sul. Moacir Sopelsa disse para os colegas gaúcho, Odacir Klein, e paranaense, Orlando Pessuti, que já encaminhou ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o pedido de separação do Circuito Pecuário Sul.
Amanhã, estará em Santa Catarina o presidente de honra da Organização Internacional de Epizootias (OIE), Romano Marabelli, que participa de um jantar promovido pelo Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados.
Sopelsa disse que já está em contato com Marabelli para a contratação de uma consultoria italiana em sanidade para adequar a produção às exigências da União Européia. Ele afirmou que a decisão de não vacinar está respaldada pelo retorno das exportações de carne para a Rússia, onde Santa Catarina foi o único estado a ter os embarques liberados.
Para o presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Carlos Sperotto, os estados precisam tomar uma decisão. “A solução é ou nós pararmos de vacinar ou eles vacinarem”, avaliou Sperotto, que hoje fez um balanço do ano para o setor agropecuário.
Ele lembrou que haverá uma reunião técnica no final do ano do Escritório Internacional de Epizootias (OIE) e em maio o organismo realizará seu encontro anual. Neste último, será analisada a proposta de Santa Catarina de fazer a cisão no circuito pecuário sul.
O dirigente recordou ainda que teve uma reunião na semana passada no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) quando o tema foi discutido. “Foi um dos itens manifestados com maior veemência pelo governador (Germano Rigotto), da inconformidade da manutenção desse status criado internamente no Brasil e não reconhecido pela OIE”, disse Sperotto.
Para a OIE, todo o circuito pecuário tem que ter um status único, observou o dirigente. “Portanto, é uma situação que não nos traz conforto”, acrescentou Sperotto, lembrando do fato de que uma ocorrência de aftosa no Amazonas gerou o embargo da Rússia a todo o Brasil.
Fiscalização
Mesmo com medidas diferentes, os três secretários acertaram planos para desenvolver fiscalizações conjuntas nas divisas. Sopelsa disse que, atualmente, existem duas equipes, uma de cada estado, no mesmo ponto de divisa. A intenção é, a partir de janeiro, adotar uma única equipe nos locais.
A decisão não agradou a todos. O agropecuarista Eron Baldissera, de Chapecó, disse que os produtores não estão ganhando com situação diferenciada em relação aos estados vizinhos.
Baldissera disse que teve que se desfazer de 70% dos 400 animais de elite que tinha na propriedade, pelas barreiras com outros estados. Ele também fechou o sistema de confinamento, por não poder buscar animais para engorda em outros estados.
Fonte: Diário Catarinense e Estadão/Agronegócios (por Sandra Hahn e Elder Oglia), adaptado por Equipe BeefPoint