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SARS pressiona cotação do couro para baixo

O dólar mais baixo e a pneumonia atípica derrubaram os preços do couro in natura no mercado brasileiro. Segundo acompanhamento da Scot Consultoria, só em maio o recuo foi de cerca de 12%, para uma cotação média de R$ 2,15 o quilo no mercado paulista.

O argumento dos curtumes para pagar menos pela matéria-prima é que a receita do setor com as exportações de couro diminuiu com a nova realidade cambial. Além disso, o setor vive um momento de desaquecimento na demanda no mercado asiático por conta da SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave), informam analistas e indústrias.

“O preço do couro é dolarizado porque de 70% a 75% da produção brasileira é destinada à exportação”, disse o vice-presidente do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB) e diretor da Braspelco, maior exportadora de couros do país, Arnaldo Frizzo.

Segundo ele, quando o dólar chegou a R$ 3,60, em fevereiro, os frigoríficos receberam R$ 3,00 pelo quilo do couro cru. Naquele momento os curtumes pagavam quase US$ 0,85 pelo quilo do produto. Hoje, com o dólar em torno de R$ 3,00, os frigoríficos recebem US$ 0,76 nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, informou José Luís de Medeiros, da área comercial do Friboi. A empresa não tem curtume próprio e vende para terceiros. “Além do dólar, a pneumonia na Ásia reduziu as viagens e acabou travando os negócios na exportação”, justificou.

O supervisor de compras da Bracol, Douglas Abdo, divisão de couros do grupo Bertin, afirmou que a expectativa é de redução no volume de negócios da empresa para a China, onde está a maior parte dos casos da pneumonia atípica no mundo.

O frigorífico Minerva, que terceiriza a industrialização do couro in natura e exporta wet blue, também avalia que as vendas para a Ásia serão afetadas. “Os preços do couro caíram porque o volume de abate é alto, mas a principal razão é a situação na Ásia”, observou o presidente do Minerva, Edivar Vilela.

Para o analista da Scot, Fabiano Tito Rosa, a atual situação no mercado doméstico de couro decorre da concentração das exportações brasileiras. A Itália, por exemplo, respondeu por 30,8% das vendas externas brasileiras no primeiro quadrimestre, segundo o CICB. Hong Kong por 15,67% e a China por 9,7%, à frente dos Estados Unidos (8,09%). Com essa concentração, um “soluço” em algum desses mercados tem efeito imediato. É o que acontece agora com a Ásia.

Apesar da atual redução na demanda asiática, o setor exportador mantém a previsão de 20% de aumento na receita com a exportação este ano. Em 2002, foram US$ 930 milhões entre vendas de couro salgado, wet blue, semi-acabado e acabado.

Apesar da maior importância da Ásia nos últimos anos, Frizzo afirmou que os Estados Unidos e a Europa continuam a ser os grandes consumidores mundiais. Isso, segundo ele, deve compensar eventuais perdas na Ásia. Outro motivo é que, com a valorização do euro diante do dólar, o Brasil é mais competitivo que a Europa no mercado americano.

Para saber mais leia o artigo:Considerações sobre o mercado de couro bovino

Fonte: Valor On Line (por Alda do Amaral Rocha), adaptado por Equipe BeefPoint

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