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Seagri procura modernizar pecuária baiana de olho na exportação

Melhoramento genético, defesa animal e modernização dos frigoríficos têm merecido atenção especial da Secretaria de Agricultura da Bahia

O atual cenário da pecuária baiana indica boa administração da sanidade, ousadia em termos de seleção, e modernização dos frigoríficos, com vistas à exportação, reforçando a vocação do Estado para a pecuária de corte. Este foi o panorama traçado pelo secretário de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária, Pedro Barbosa de Deus, durante a Fenagro 2003, em Salvador.

De acordo com o secretário, o forte na Bahia é o gado de corte, representando aproximadamente 95% da pecuária bovina do Estado, estimada em 10 milhões de cabeças, tendo o Nelore como raça principal. “A atividade necessita de apoio financeiro. Não é um setor endividado, mas estava descapitalizado”, revelou, comentando que os preços poderiam estar melhores. Hoje, giram em torno de R$ 54 a arroba, mas a intenção é chegar aos R$ 60, semelhantemente ao valor pago em outros estados.

Outro fator limitante, em sua opinião, é a falta de participação na exportação. Para exportar, ele afirmou ser necessário um ajuste técnico dos frigoríficos. “De dez, apenas um – o recém-instalado Fribarreiras – está na lista geral”, informou.

“Do ponto de vista do melhoramento, temos dado passos mais ousados, como a criação do Laboratório de Fertilização In Vitro“, reforçou Barbosa, informando que em regiões especiais, como o extremo sul, têm sido alcançados resultados concretos em novilho precoce. “Temos objetivado a qualidade da carne, abreviando o ciclo de produção e abatendo animais mais jovens”, salientou.

Em termos de sanidade, o secretário comentou: “O governo federal precisa apoiar mais a defesa agropecuária, principalmente em estados como Sergipe, Bahia, Tocantins e Mato Grosso, que têm segurado a zona livre de aftosa”. Segundo Barbosa, o governo da Bahia gastou R$ 5,5 milhões de reais para manter a zona tampão, com barreiras fixas, abrangendo uma fronteira seca de 1,1 mil quilômetros, em oito municípios, com Pernambuco e Piauí.

Essa preocupação é partilhada por Plínio Laranjeira de Moura, diretor de Desenvolvimento da Pecuária, que tem atuado na modernização do setor frente às barreiras à exportação da carne brasileira, especialmente as fitossanitárias. “Queremos o apoio do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), pois a Bahia tem cumprido seu papel com seriedade. Enquanto a questão da aftosa continuar como está, não conseguiremos exportar para países como o Japão, por exemplo, que está pronto para importar, mas só o fará se o Brasil estiver totalmente livre de aftosa”, lamentou Moura.

“Em uma situação extrema, dividiremos a conta com os outros estados. Não cederemos nessa questão. O governo federal tem de ter consciência de que é um programa nacional e não de cada estado”, declarou Barbosa, citando o trabalho da Adab (Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia).

“Passei dois mandatos trabalhando, mostrando a necessidade de não negligenciar essa questão, sensibilizando o governador quanto à Agência, pois não adiantava apenas criá-la, mas qualificar o pessoal, hoje quase duas mil pessoas”, completou.

A criação da Adab não encontrou resistência do pessoal da defesa, realizando concurso e não adotando transferências de funcionários. Agora, Barbosa busca apoio, devido ao custo da estrutura, inclusive por meio de parcerias com órgãos federais. São 15 coordenadorias, 68 gerências técnicas e um posto de atendimento ao público em cada um dos mais de 400 municípios baianos.

Produtor

Como produtor, o secretário disse que há muito a fazer. “É um setor que nos orgulha, mas que exige investimentos, especialmente, em eficiência, hoje calcada na venda de animais mais pesados e em menos tempo. Entretanto, precisamos nos preocupar com rendimento de carne na carcaça, além do da carcaça somente”, lançou.

Outra preocupação de Barbosa é quanto aos frigoríficos. “Quando perdem eficiência, isso rebate no produtor”, lamentou, referindo-se, por exemplo, à exigência de capa de gordura, a qual, em sua opinião, reflete ineficiência das empresas. “Se tivessem um processo de resfriamento com maior umidade, não seria necessária. Temos de buscar uma relação menor de gordura dentro das carcaças”, criticou.

Quanto às pastagens e a perda de espaço para grãos, para o secretário e produtor Pedro Barbosa, uma boa alternativa é a integração, tanto para a lavoura, quanto para a pecuária. “Precisamos melhorar a eficiência, talvez adotando uma carga animal que permita o aproveitamento de resíduos da agricultura e pastagem temporária para acabamento”, lançou.

Fonte: Mirna Tonus, da Equipe BeefPoint

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