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Seca nos EUA inflaciona preço de alimentos no Brasil

O repasse ao consumidor já pode ser notado no IPCA (Índice Nacional de Preços – Amplo), principal referência de inflação do país. O índice acelerou em julho para 0,43%, a maior variação mensal desde abril. De acordo com o IBGE, os principais responsáveis pelo resultado foram os grupos Despesas pessoais e Alimentação e bebidas. Pelo peso que possuem no orçamento das famílias, os alimentos foram responsáveis por 49% da inflação no mês.

A pior seca que o meio oeste americano já viu desde 1936 criou uma avalanche de aumentos nos preços do milho, soja e trigo na bolsa de Chicago, referência para a negociação desse tipo de commodity no mundo. E, por tabela, tudo que depende desses grãos foi afetado. A lista é enorme: carne bovina, suína, frango, industrializados, enfim, quase tudo que vai ao prato do brasileiro sofre com essa situação.

“As oscilações nos preços dos grãos são inerentes aos negócios dos produtores de proteína. Em geral, a longo prazo, os aumentos de custos são repassados ao consumidor final, os volumes de vendas são ajustados e a rentabilidade dos produtores de proteína retorna aos patamares usuais”, resume a agência de classificação de risco Fitch Ratings, que rebaixou a perspectiva das notas das brasileiras JBS, Marfrig e Brasil Foods na sexta-feira (17) por conta dos efeitos da seca.

O repasse ao consumidor já pode ser notado no IPCA (Índice Nacional de Preços – Amplo), principal referência de inflação do país. O índice acelerou em julho para 0,43%, a maior variação mensal desde abril. De acordo com o IBGE, os principais responsáveis pelo resultado foram os grupos Despesas pessoais e Alimentação e bebidas. Pelo peso que possuem no orçamento das famílias, os alimentos foram responsáveis por 49% da inflação no mês. A importância dos alimentos na inflação pode ser vista na comparação da variação do IPCA geral com o índice do grupo de alimentação e bebidas. Enquanto, o primeiro teve um aumento de 5,20%, o segundo chegou a 8,67%.

As commodities mais afetadas – milho, soja e trigo – têm subido de preço desde o meio de junho em Chicago. O milho, que teve a colheita mais prejudicada, chegou a subir 20% em julho e acumula alta de 11,8% nos últimos 12 meses. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) estima que a produção de milho do país, que é o maior produtor e exportador do grão, recue 13% e chegue ao menor nível em 6 anos.

A disparada também foi sentida na BM&FBovespa. A quantidade de contratos negociados de milho decolou nos últimos 12 meses e aumentou 141,5%. Só em julho, o preço avançou 43,3%, passando de R$24,50/saca com 60 kg, para R$35,11. Foram quase US$800 milhões negociados apenas no mês de julho, 104% a mais do que o visto no ano anterior.

Nesta terça-feira (21) os preços da soja e do milho bateram novos recordes. Os contratos de soja para entrega em novembro chegaram à máxima histórica de US$636,58 a tonelada no fechamento. Os contratos de milho também chegaram aos seus recordes, com o contrato para entrega em dezembro fechando a US$8,3875 por bushel (25kg). Com a soja a variação é mais modesta, mas ainda assim significante. O preço da saca de 60 kg, hoje a R$40,25, aumentou cerca de 30% no último ano, com um crescimento de 53,4% no volume financeiro negociado. Só em julho deste ano foram US$111,915 milhões.

A seca nos EUA fará com que a oferta global de milho seja criticamente pequena para o próximo ano, o que também irá afetar os preços das carnes bovinas, suínas e de aves. Isto acontece porque o milho afetado é o utilizado para pecuária e biocombustíveis, e não o milho doce, para consumo humano.

No início do mês, representantes do setor de frangos, suínos e óleos foram ao secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, pedir ajuda para enfrentar a alta dos preços. Segundo Ricardo Santin, diretor de Mercado da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frango, a tonelada da soja custava, no início do ano, R$650 e agora custa R$1,3 mil. A saca do milho deveria estar entre R$23 e R$26, mas já chega a R$35 em algumas regiões. De acordo com ele, a produção pode ficar até 30% mais cara.

A alta nos preços dos grãos afetará as produções de carnes de diferentes formas. Os preços do frango e suíno são diretamente afetados pelos preços dos grãos, porque representam um percentual significativo dos custos para a criação dos animais. Os preços do frango, de imediato, devem ser os mais impactados. Já os preços do suíno, a curto prazo, devem diminuir visto que os produtores, para evitar os custos mais altos com alimentação, abatem os animais mais cedo. Os preços da carne bovina serão os menos afetados, uma vez que a carne brasileira vem de gado alimentado em pastagens.

Fonte: Exame.com. resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

 

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