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Segurança Alimentar

A segurança alimentar tornou-se um assunto global. Especialistas de vários países estão reunidos em Marrakesh no Marrocos, trocando experiências e buscando formas de acabar ou reduzir com os problemas das contaminações alimentares que ocorrem em praticamente todos os países produtores.

Segundo Chris Harris, editor da Revista Meatnews, paira uma questão no ar: -quanto disso tudo é só conversa e quanto existe de boa intenção, lembrando que a segurança alimentar pode ser uma boa maneira de controlar os processos de importação e exportação. Enquanto esses especialistas buscam a resolução desses problemas, qual seria a verdadeira intenção dos políticos e dos legisladores? Lembra ainda que, atualmente, a questão da segurança alimentar tem sido muito utilizada como forma de barrar a competição entre os países.

A segurança dos alimentos, quer estes sejam de origem animal ou vegetal, é um assunto de vital importância para a saúde pública; porém, quanto dessa preocupação surge como interesse econômico disfarçado?

Além das barreiras sanitárias existentes, vimos recentemente medidas restritivas impostas à importação de produtos de várias origens. Citando alguns exemplos: o Japão impediu a importação de frangos dos Estados Unidos em razão da avian flu, a União Européia impediu a importação de frangos da China alegando a utilização de antibióticos e muitos países aboliram a importação de carne bovina da UE em razão da BSE (vaca louca). Isso sem contar outras barreiras como a febre aftosa e a utilização de anabolizantes.

Por outro lado, assisto com satisfação o Exmo. Sr. Ministro da Agricultura Pratini de Moraes anunciar com euforia um novo recorde nas exportações de carnes brasileiras. Um bilhão de doláres a mais em relação ao ano anterior. Um significativo incremento para a nossa balança comercial. Ainda segundo o Ministro, devemos agora concentrar nossos esforços na ampliação de mercados como o chinês, russo, japonês, etc.

A crise com o Canadá e a ausência de BSE nos rebanhos deram uma mãozinha? Acredito que sim. A exclusão de Argentina e Uruguai das exportações também. Vamos aumentar as vendas externas como expressou o Sr. Ministro? Certamente esse é um desejo de todos os integrantes do sistema produtivo. Só a nossa disposição já é suficiente para alcançarmos esse objetivo? Gostaria de relembrar aquele episódio com o Canadá. Tudo não passa de uma grande guerra econômica; febre aftosa, BSE, utilização de hormônios, rastreabilidade, dentre outros, são muito mais barreiras comerciais do que sanitárias. Tem razão o Sr. Harris, os interesses econômicos tem invariavelmente vindo à frente de interesses sociais ou científicos.

Vamos novamente ser pegos no contrapé? Qual será o próximo episódio tipo Bombardier? Por mais que tenhamos feito, ainda existe muito por fazer. É hora de consolidarmos nossa posição, mas não podemos nos deixar levar só pela euforia. O dever de casa ainda não terminou, ou melhor, mal começou.

Isso vale para todos os integrantes da cadeia de produção!

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