O avanço da agricultura sobre a pecuária não está poupando nem mesmo os plantéis de seleção, onde são criados animais de maior valor agregado.
A fazenda Água Milagrosa, precursora da raça Tabapuã está diminuindo seu rebanho, para o plantio de cana e laranja. O titular da propriedade Carlos Arthur Ortenblad, economista, que trabalha com “tudo da ponta do lápis”, diz sua decisão de reduzir o plantel da raça Tabapuã, e redirecionar partes substanciais da Fazenda Água Milagrosa para expansão de áreas já existentes de cana-de-açúcar e laranja, é fruto de “planejamento, estudo de mercado, e negociações com as outras pontas, que se iniciaram há mais de um ano, e ainda estão longe de estar concluídas” explica.
Situada no município de Tabapuã,SP, região de terras muito valorizadas, perto de são José do Rio Preto, a propriedade está cercada por quatro usinas de cana-de-açúcar e duas industrias de laranja, há um raio de menos de 20Km. O que torna a propriedade muito cobiçada.”Temos uma topografia privilegiada, que permite, por exemplo, o fluxo de vinhaça por muitos quilômetros, quase apenas por gravidade”, conta Ortenblad.
Porém o economista não pretende abandonar a seleção de Tabapuã como um todo. “Não penso em abandonar a pecuária seletiva. Ao contrário, teremos um plantel menor (hoje são cerca de 1.560 matrizes PO), porém mais elitizado, e com uma relação de UA/Ha mais alta. Vamos produzir menor quantidade, mas com melhor qualidade. Reitero não apenas minha fé na raça Tabapuã, mas na pecuária de corte em geral”.
Ortenblad não recomenda que os pecuaristas se transfiram para agricultura de forma indiscriminada, e sem planejamento a longo prazo. “Não apenas jogarão fora investimentos em instalações, cercas e pastagens, como perderão em apuro genético que, por menor que seja, tem valor. E, ao final do contrato com a usina, receberão terra nua e compactada”, aconselha Ortenblad.
O pecuarista acredita que os ciclos de alta de algumas commodities agrícolas são normais, mas acredita que ainda haverá gado nas regiões de terras “caras”, como em São Paulo e Paraná. “Lembro-me do tempo em que o norte do estado de São Paulo era tomado, predominantemente, por cafezais. Que foram substituídos por laranja. Que está sendo substituída por cana. Estes ciclos são normais. Indesejáveis, porém normais. Continuaremos a ter bois em São Paulo, talvez até mais do que hoje. Isso, se o MST permitir”.
Para o titular da Água milagrosa o avanço agrícola em regiões pecuárias não é mau. Para ele, possivelmente os sub-produtos agrícolas viabilizam a pecuária em muitas regiões.
Na forma de pecuária extensiva, o boi deverá ir para o Norte, acredita, “isto é normal”. “Se, por outro lado, entendermos que a integração de agricultura e pecuária é extremamente desejável, pelas sinergias que libera, pelos custos que elimina, e pelas oportunidades que cria, existe um vasto campo para pecuária de corte no Sul e no Sudeste”.
Ortenblad enxerga vantagens da pecuária de corte sobre a agricultura, como o menor risco da atividade, menos susceptibilidade ao clima e a pragas e doenças, que aumentam o custo de produção e diminuem a produtividade, além da maior liquidez da pecuária. Há ainda a valorização do estoque na transformação do bezerro em garrote e em boi gordo.
“É muito mais fácil reduzir drasticamente custos em pecuária que em agricultura, sem perda linear em produtividade, e sem perda patrimonial. Em citricultura, por exemplo, o corte de certos custos redunda, nada mais, nada menos, que na perda do patrimônio”, finaliza Ortenblad.
Fonte: Equipe BeefPoint
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Eu considero, que estas pessoas que estão trocando a pecuária pela agricultura, estão extremamente desorientados, por se tratar de uma atividade de alto risco.
O produtor não vai trocar a pecuária bem estruturada, com auxilio de um técnico (veterinário), pelo duvidoso, indo mais a fundo, eu recomendo a consorciação entre agricultura e pecuária, aí sim será um empresário de sucesso, que se manterá no ramo agropecuário.
obrigado