Nesta semana a oferta de animais para o abate seguiu reduzida, forçando novas altas nos preços da arroba. O indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista foi cotado a R$ 84,15/@, nesta quarta-feira, acumulando valorização de 0,60% na semana. O indicador a prazo registrou alta de 0,50%, sendo cotado a R$ 84,89/@.
Nesta semana a oferta de animais para o abate seguiu reduzida, forçando novas altas nos preços da arroba. O indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista foi cotado a R$ 84,15/@, nesta quarta-feira, acumulando valorização de 0,60% na semana. O indicador a prazo registrou alta de 0,50% no período analisado (14/07 a 21/07), sendo cotado a R$ 84,89/@.
Gráfico 1. Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo a prazo
Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&F, relação de troca, câmbio
Na BM&FBovespa, todos os vencimentos de boi gordo negociados no momento apresentaram forte valorização durante a semana, sinalizando a expectativa de possíveis manutenção da alta nos preços da arroba para os próximos meses. O primeiro vencimento, julho/10, fechou a R$ 84,79/@ nesta quarta-feira, acumulando variação positiva de R$ 1,33.
Vale notar que o spread (diferença) entre o julho/10 – que vence no final da próxima semana – e o indicador Esalq/BM&FBovespa à vista se manteve em R$ 0,64. Isso pode ser um indicativo de que os participantes do mercado não esperam um aumento muito grande da oferta de animais para o abate nos próximos dias, que possa voltar a pressionar os preços da arroba.
Gráfico 2. Spread entre contratos de boi gordo na BM&FBovespa para julho/10 e indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista
Gráfico 3. Indicador Esalq/BM&FBovespa e contratos futuros de boi gordo (valores à vista), em 14/07/10 e 21/07/10
No mercado físico a semana foi de preços firmes com reajustes positivos na maioria das regiões pecuárias. Segundo o Cepea essa situação foi proporcionada por conta da oferta ainda mais baixa de animais prontos para abate.
Os pesquisadores do Cepea ressaltaram que o clima frio e seco tem afetado o ganho de peso dos animais. Desta forma, vendedores ficam recuados, esperando preços maiores, enquanto compradores, mesmo oferecendo valores mais altos, não efetivaram muitos negócios.
O leitor do BeefPoint, Osmar Marques, de Sertãozinho/SP, informou através do formulário de cotações do BeefPoint que os frigoríficos da sua região estão ofertando R$ 82,00/@, com prazo de 30 dias para pagamento.
Como está o mercado na sua região? Utilize o formulário para troca de informações sobre o mercado do boi gordo e reposição informando preços e o que está acontecendo no mercado de sua região.
Dados da Superintendência Federal de Agricultura do Mato Grosso do Sul mostram que os abates de bovinos aumentaram 8,8% no primeiro semestre deste ano em comparação ao mesmo período do ano passado. Foram 1.669.147 animais abatidos contra 1.534.206. Isso porque nos primeiros meses de 2009 os frigoríficos passavam por grave crise, com suspensão de atividades.
No Mato Grosso, a maioria dos pecuaristas de Mato Grosso preferem negociar o gado somente à vista, medo de possíveis problema com frigoríficos. “Não acho que o pagamento à vista está dificultando a atividade frigorífica, a empresa já teve tempo para se adequar a essa realidade”, opina o superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea-MT), Otávio Celidônio. “A principal dificuldade é que quem tinha crédito lá fora deixou de ter por causada crise”. A quebra do Frialto, diz Celidônio, veio deste momento, após um acúmulo de dívidas com vencimento a curto prazo. Incluindo todos os credores, o saldo devedor chega a R$ 564 milhões.
A boa notícia é que nos últimos dias, o Frialto retomou o abate de gado em sua planta em Sinop/MT. A unidade de Sinop ficou cerca de 45 dias parada. Agora, os setores de matança, desossa, cortes, comercialização e transporte voltaram a funcionar. Inicialmente, a diretoria decidiu reiniciar as operações abatendo 500 animais/dia. Antes, abatia 750 cabeças/dia. Uma fonte apontou ainda que a empresa tem procurado fazer a maior parte das aquisições de gado à vista. A planta de Sinop é a segunda a retomar os abates. Mês passado, a unidade de Matupá voltou a funcionar.
Os preços dos animais magros parecem começar a se acomodar, mas de maneira geral o mercado segue aquecido e os invernistas e confinadores ainda reclamam que os preços estão altos e não estão acompanhando o movimento do mercado do boi gordo, dificultando a reposição do rebanho.
O indicador Esalq/BM&FBovespa bezerro MS à vista foi cotado a R$ 663,67/cabeça, acumulando retração de 2,34%. Com esta variação, a relação de troca subiu para 1:2,09, ficando acima da média dos últimos 12 meses que é de 1:2,03.
O leitor do BeefPoint, Sandro Bortoloto, de Campo Grande/MS, informou através do formulário de cotações do BeefPoint que na sua região o bezerro desmamado está valendo R$ 630,00 e os garrotes com aproximadamente 235kg são negociados a R$ 730,00/cabeça.
Gráfico 4. Indicador Esalq/BM&FBovespa bezerro MS à vista x relação de troca (boi gordo de 16,5@ por bezerros)
Segundo o Boletim Intercarnes, a movimentação da demanda permanece muito aquém das expectativas. As ofertas seguem e deverão se manter regulares. Os preços sofrem pressão de baixa por parte dos distribuidores e tendência para os próximos dias é de estabilidade com aumento da pressão de baixa, visto que a demanda não evolui como desejado. As ofertas devem permanecer regulares, porém com volumes superiores à demanda.
Nesta quarta-feria, o traseiro foi cotado a R$ 6,30, o dianteiro a R$ 4,40 e a ponta de agulha a R$ 3,80. O equivalente físico foi calculado em R$ 78,51/@, acumulando variação negativa de 2,98% na semana. Diante desta retração e da valorização de 0,60% no valor da arroba do boi gordo, o spread (diferença) entre indicador e equivalente subiu para R$ 5,64/@, acima da média dos últimos 12 meses que é de R$ 3,13/@.
Tabela 2. Atacado da carne bovina
Gráfico 5. Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista x equivalente físico
Lista Traces
No final da semana passada, o ministro da Agricultura, Wagner Rossi – que esteve na Europa discutindo maior abertura para o mercado da carne brasileira -, afirmou que a Comunidade Europeia dará abertura para o Brasil indicar um número maior de fazendas credenciadas a exportar carne para o mercado europeu.
Segundo o ministro o Brasil terá mais autonomia para definir quais propriedades estarão aptas a exportar carne para a Europa. “A negociação está consolidada, faltando definir apenas a operacionalização das medidas”, disse.
Porém, noticia do jornal Valor Econômico, afirmou que uma fonte da UE disse que o bloco tem a “obrigação jurídica” de fazer a administração da lista de fazendas autorizadas a exportar carne bovina para o mercado europeu. Quanto à afirmação de Rossi de que a UE dará “abertura” para o Brasil indicar um número maior de fazendas credenciadas a fornecer animais para abate e exportação de carne para o mercado europeu, disse que não há novidade e não altera o cenário atual. Bruxelas afirma que continuará aceitando as listas de fazendas submetidas pelo Ministério da Agricultura. Mas passar a gestão da lista não está no radar europeu.
Para o superintendente da Associação de Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, “essa ampliação no número de propriedades credenciadas depende das duas coisas, de um processo mais simples e de prêmios de melhor valor”. Ele relembra que, no ano passado, apesar dos prêmios melhores, a burocracia na aprovação inibiu ao interesse dos pecuaristas. “Acho que o valor pago deveria aumentar em pelo menos 10% sobre o atual, para compensar”, opina.
Frigoríficos avançam no monitoramento de fornecedores e suspendem negociações
Os três maiores frigoríficos do Brasil (JBS/Bertin, Marfrig e Minerva) anunciaram que deixaram de comprar bovinos de 221 fazendas localizadas dentro de terras indígenas, unidades de conservação ou próximas a áreas recém-desmatadas no bioma Amazônia.
De acordo com informações prestadas pelos três frigoríficos à organização ambientalista, além das propriedades embargadas há ainda outras 1.787 propriedades que estão em estado de “verificação”. Isso porque elas estão localizadas em um raio de até 10 quilômetros de áreas desmatadas ou protegidas por lei. As empresas declararam também ter o ponto georeferenciado de mais de 12.500 fazendas, número que, segundo elas, representa 100% da cadeia de fornecedores diretos da região.
“Desde a assinatura do acordo passamos a trabalhar mais fortemente em sustentabilidade. E fazemos isso porque a sociedade quer. Nós temos de nos adaptar à nova realidade”, diz Marco Bortolon, presidente da Divisão de Carnes Mercosul do JBS.
Em nota, a Marfrig Alimentos informou ontem que suspendeu o fornecimento de gado de 170 fazendas localizadas no bioma Amazônia a pelo menos 1 quilômetro de novos pontos de desmatamento. “Com isso, garantimos 100% de controle sobre a carne abatida no Bioma Amazônico”, disse Ocimar Villela, diretor de Sustentabilidade do Marfrig, cuja produção na região responde por 7% do total da companhia.
Os ambientalistas alertam, no entanto, que para que o estancamento do desmatamento na Amazônia ocorra de forma eficaz e transparente, é indispensável a realização do Cadastro Ambiental Rural (CAR). Ele prevê o georreferenciamento total da propriedade rural e, assim, possibilita a identificação precisa de fornecedores.
O superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, disse que posicionamentos como estes – feitos pelos frigoríficos – colocam toda a atividade na vala-comum. “Quem não está condenado legalmente não pode sofrer este tipo de sanção, mas o tratamento dado pela indústria é tal como se dá a bandidos“.
Vacari alerta para o perigo de que empresas se tornem polícia e juiz e condenem produtores inocentes. “Se eles suspenderem a relação com proprietários julgados e condenados em última instância, tudo bem. Mas caso contrário, corre-se o risco de julgar sem ter provas das irregularidades”.
Em conjunto com entidades de pesquisa, o governo estabeleceu metas em ações bem definidas que serão desencadeadas com o envolvimento da assistência técnica no prazo de 10 anos para atingir os números. As soluções propostas são: a) Recuperação de pastagens degradadas; b) Implantar sistemas de Integração-Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF); c) Ampliar área com Plantio Direto; d) Aumentar área com uso de fixação biológica de nitrogênio; e) Plantio de florestas comerciais.
Para subsidiar as ações foi criado o programa ABC – Agricultura de Baixo Carbono -, que conta com R$ 2 bilhões destinados a produtores rurais e cooperativas. Os valores ainda não chegaram aos agentes financeiros, mas o limite pode chegar a R$ 1 milhão por beneficiário, dependo do projeto que pode envolver ILPF, recuperação de pastagens (inclusive com compra de máquinas), implantação de florestas comerciais e recuperação de reservas legais e áreas protegidas. Os juros ficarão em 5,5% ao ano, com três anos de carência e prazo de até 12 anos para reembolso.
Em entrevista concedida ao BeefPoint, Rodrigo Paniago, engenheiro agrônomo e presidente da Associação dos Profissionais da Pecuária Sustentável (APPS) ressaltou que o Ministério da Agricultura está atendendo uma demanda do Governo Federal, que assumiu um compromisso na COP15 de reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Para isso o Ministério da Agricultura desenvolveu um programa de financiamento para pecuária e agricultura para tentar mitigar essas emissões, o programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC).
“A ideia é trabalhar a produção pecuária com baixa emissão de gases de efeito estufa. Esse programa vai contemplar qualquer produtor que esteja interessado e tem uma taxa de juros muito menor do que os outros financiamentos”, completou Paniago.
Para o presidente da APPS, “esse é um estímulo do Governo para que a pecuária possa se modernizar e entrar de vez na era da produção sustentável”.
“Não tem mais como o produtor pensar que não dá para ele entrar nessa onda de sustentabilidade. O produtor rural não pode ter medo de ser sustentável. O desenvolvimento sustentável é baseado em equidade social, proteção ao meio ambiente e eficiência econômica. Então quem não tiver lucro não pode ter um desenvolvimento sustentável. Se você aumentar a produtividade, aumentar a rentabilidade do negócio, agregando tecnologia e aumentando a eficiência dos recursos utilizados, você vai ser sustentável. Então não precisamos ter medo disso”, finalizou Paniago.
A queda rápida da inflação, a desaceleração da economia doméstica e a fragilidade da economia internacional representaram uma mudança no balanço de risco inflacionário e levaram o Comitê de Política Monetária (Copom) a rever, também, a dosagem do aumento dos juros. Ontem (21), o Copom decidiu por unanimidade elevar a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, para 10,75% ao ano.
De acordo com o comunicado, o Copom avaliou que há um “processo de redução de riscos para o cenário inflacionário que se configura desde a última reunião”. Esse novo balanço de riscos, ainda de acordo com o documento, se deve “à evolução recente de fatores domésticos e externos”.
O ambiente externo indica uma recuperação mais lenta, tanto da Europa quanto dos Estados Unidos, o que funcionará como uma força deflacionária para o Brasil. Isso, associado ao desaquecimento doméstico, já como fruto da retirada dos estímulos fiscais e monetários desde o primeiro trimestre e a uma dinâmica da economia internacional que têm se mostrado diferente de 2008 para cá, representa um poderoso contrapeso nos riscos inflacionários do país.