Depois de algumas semana em baixa, o mercado do boi gordo volta a apresentar valorização, o sentimento de menor oferta de animais para o abate, a relutância dos pecuaristas em vender nos preços atuais e certa dificuldade em efetivar negócios forçou os compradores a reajustarem os preços ofertados pela arroba do boi gordo em algumas regiões.
Depois de algumas semana em baixa, o mercado do boi gordo volta a apresentar valorização, o sentimento de menor oferta de animais para o abate, a relutância dos pecuaristas em vender nos preços atuais e certa dificuldade em efetivar negócios forçou os compradores a reajustarem os preços ofertados pela arroba do boi gordo em algumas regiões.
Apesar do mercado de carne ter melhorado um pouco, em parte estimulado pela proximidade com o final do ano, pagamentos de 13º salário e festas de confraternização, a indústria ainda reclama que a demanda não melhorou consideravelmente no mercado interno, nem quando falamos de exportação, assim os frigoríficos trabalham com cautela e relutam em pagar mais pelo boi gordo.
Ao analisar os movimento do mercado na última semana (período que vai de 02/12 a 09/12), temos que o indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista registrou alta de 1,8%, sendo cotado a R$ 74,06/@, na última quarta-feira. O indicador a prazo teve variação um pouco menor (+1,7%), sendo cotado a R$ 74,96/@, apesar da alta este valor ainda é 1,34% do o levantado dia 9 de novembro e 10,29% abaixo do valor apurado no mesmo período do ano passado.
Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&F, relação de troca, câmbio
Segundo o InfoMoney, em mais um dia de apreensão nos mercados, o dólar comercial manteve sua tendência positiva e fechou esta quarta-feira (9) em alta pela quarta sessão consecutiva. De acordo com as informações do Banco Central o Dólar compra fechou a R$ 1,7603 acumulando valorização de 0,61% em dezembro. Diante desse movimento, a arroba do boi gordo em dólares foi calculada em US$ 42,07, com variação negativa de 0,57% na semana. Apesar do recuo este indicador ainda pode ser considerado alto – fator que tem influenciado negativamente a competitividade dos exportadores brasileiros no mercado mundial da carne -, ficando 26,23% acima do valor calculado no mesmo período de 2008.
Gráfico1. Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista em R$ e em US$
De maneira geral os frigoríficos estão conseguindo manter confortáveis suas escalas de abate e diante do mercado da carne que segue dar expectativas de aumento de preços evitam elevar os valores das ofertas. Em São Paulo, os negócios seguem mais lentos, um possível reflexo da diminuição dos abates de animais de cocho e uma clara resposta dos pecuarista que não estão contentes os preços atuais.
O leitor do BeefPoint, Michel Cury, de Santa Maria da Serra/SP, informou através do formulário de cotações de do BeefPoint, que na sua região a arroba do boi gordo é negociada a R$ 76,00 e que a vaca gorda é cotada a R$ 72,00/@.
De Aquidauana/MS, Sady Borges Stella, comentou que a arroba do boi gordo está valendo R$ 68,00, com prazo de 30 dias para pagamento. “Tem muitos frigoríficos por aqui comprando à vista/livre do Funrural a R$65,00” completa Stella.
Como está o mercado na sua região? Utilize o formulário para troca de informações sobre o mercado do boi gordo e reposição – uma iniciativa do BeefPoint em parceria com a Bayer – para informar preços e o que está acontecendo no mercado de sua região.
Na reposição, o indicador Esalq/BM&FBovespa bezerro MS à vista foi cotado a R$ 594,10/cabeça, na última quarta-feira, registrando retração de 1,03% na semana. A relação de troca melhorou em relação a semana passada, ficando em 1:2,06.
Apesar da forte retração registrada no último pregão, a BM&FBovespa também registrou valorização, com todos vencimentos acumulando alta na semana. O primeiro vencimento, dezembro/09, fechou a R$ 72,94/@ na quarta-feira, com variação positiva de R$ 0,92 no período analisado. Os contratos com vencimento em janeiro/10 acumularam alta de R$ 0,54, fechando a R$ 72,60/@.
Tabela 2. Fechamento do mercado futuro em 09/12/09
Gráfico 2. Indicador Esalq/BM&FBovespa e contratos futuros de boi gordo (valores à vista), em 02/12/09 e 09/12/09
Segundo o Boletim Intercarnes, o mercado da carne bovina apresenta procura especulativa, “situação prevista e esperada para esta semana, visto que a demanda do varejo vai acentuando-se gradativamente com a chegada das festas de natal e final de ano”. As ofertas seguem regulares já sinalizando um melhor equilíbrio com a procura. É esperada manutenção de preços para os próximos dias, com leve tendência de alta, que a procura deve se manter ativa e as ofertas regulares.
No atacado, o traseiro foi cotado a R$ 6,50, o dianteiro a R$ 3,50 e a ponta de agulha a R$ 3,20. O equivalente físico foi calculado em R$ 72,35/@, com valorização de 1,75% na semana e o spread (diferença) entre indicador de boi gordo e equivalente ficou em R$ 1,72/@.
Tabela 3. Atacado da carne bovina
Gráfico 3. Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista x equivalente físico
Enquanto o Ministério da Agricultura informa ter decidido alterar as regras do sistema de rastreamento de bovinos (Sisbov) rumo a uma simplificação das exigências feitas pela União Europeia para importar carne brasileira, os exportadores do produto, representados pela Abiec, querem fazer uma consulta à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra a UE, abordando o que chamam de “discriminação da carne brasileira”.
O diretor-executivo da Abiec, Otávio Cançado, afirma que um pedido do Ministério da Agricultura para flexibilizar o Sisbov foi negado pela Comissão Europeia, por isso o setor decidiu propor ao Itamaraty a abertura de uma consulta na OMC, conhecida como “trade specific concern”, para questionar a decisão da UE de não aceitar a flexibilização, o que elevaria o número de fazendas habilitadas a fornecer animais para abate e exportação ao bloco.
Segundo o diretor da Abiec, o Brasil deixou de exportar US$ 2 bilhões em carne para a UE em 2008 e 2009 depois que o bloco decidiu limitar o número de fazendas aptas a fornecer animais, exigindo um longo processo de certificação.
Hoje, o Brasil tem 1.704 propriedades habilitadas a vender gado para frigoríficos autorizados a exportar à UE. Outras 126 fazendas aguardam o sinal verde dos europeus. O governo espera que o processo de habilitação passe a ser automático. O Ministério da Agricultura seguiria como auditor e garantidor final do Sisbov. E a UE faria auditorias anuais em todas as pontas do sistema.
Miguel da Rocha Cavalcanti , coordenador do BeefPoint, conversou na terça-feira com Otávio Cançado, diretor-executivo da ABIEC, sobre exportações de carne bovina brasileira a UE. Clique aqui e confira a entrevista na íntegra.
Na segunda-feira, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) apresentou seu Programa de Certificação de Produção Responsável na Cadeia Bovina. Em linhas gerais, os supermercados que aderirem ao programa se comprometem a não comprar produtos de frigoríficos que comprarem carne de pecuaristas que não adotarem boas práticas ambientais e sociais.
As três maiores redes varejistas do País (Pão de Açúcar, Carrefour e Wal-Mart) já assinaram o acordo, além de varejistas de médio porte. “Somente essas três redes representam de 45% a 47% do mercado total. Esperamos, ainda para este mês, 50% de adesão e acreditamos ser possível chegar a 60% no início de 2010”, afirmou o presidente da Abras, Sussumu Honda.
Apesar de a Abras ter divulgado uma lista, também preliminar, dos frigoríficos que aderiram ao programa, efetivamente as empresas não assinaram nenhum acordo. Fontes das indústrias consideram que a iniciativa da entidade é positiva, mas que as exigências feitas, principalmente em relação a assumir a responsabilidade do pecuarista, ainda precisam ser ajustadas. “Se os frigoríficos não aderirem, não existe programa. Estamos ouvindo as indústrias para podermos fazer os ajustes que forem necessários ao longo do tempo, já que o processo é evolutivo”, afirma Honda.
Nos bastidores, a principal reclamação se dá em torno dos custos ligados ao programa, pois os frigoríficos arcam, sozinhos, com o pagamento às empresas contratadas para fazer a certificação. Honda afirma, no entanto, que o programa não implicará em aumento de preço da carne bovina para o consumidor. “O impacto no preço é praticamente inexistente”, disse.
O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, afirmou que não sabe qual será o custo do programa para os frigoríficos, mas confia na adesão de toda a cadeia. “Se você tem de um mesmo lado o consumidor consciente e o elo final dessa cadeia, que são os supermercados, os frigoríficos que não se adequarem ficarão fora do mercado”, disse Minc, lembrando que no acordo semelhante assinado por produtores de soja contra o desmatamento ilegal, em 2006, muitos também se recusaram no início. “Mas o programa foi um sucesso. O pacto foi cumprido em 97% dos casos e a soja deixou de ser um fator relevante para o desmatamento da Amazônia”, afirmou.
Hoje publicamos o editorial de autoria de Miguel da Rocha Cavalcanti que trara especificamente deste assunto. No artigo ele comenta que “esse movimento de busca por formalização da cadeia produtiva da carne é extremamente válido. É impraticável defender que não se melhore e reforce as iniciativas que busquem diferenciar os bons pecuaristas e bons frigoríficos, que atuam dentro da lei em todos os sentidos (sanitário, ambiental, social e de segurança do alimento). A iniciativa da Abras em promover a certificação da produção responsável de carne bovina é louvável. O que precisa ser mais discutido é forma de como fazer: os prazos, a abragência inicial, quem terá a responsabilidade compartilhada, quem arcará com os custos, etc”. Clique aqui e leia o artigo: Programa de produção responsável da Abras: uma boa ideia, mas com muitas críticas.
Péricles Pessoa Salazar, presidente da Associação Brasileira dos Frigoríficos (Abrafrigo), escreveu uma carta ao BeefPoint comentando o selo lançado essa semana, ele aponta alguns pontos que precisam ser melhorados e sua visão sobre o projeto. “Aproveito este debate para deixar bem clara a posição da ABRAFRIGO sobre este assunto. Há vinte dias fomos convidados pela ABRAS para participar de uma reunião em São Paulo sobre o Programa de Certificação.Depois de ouvir a apresentação sobre o programa, acredito que ele estava bem concebido, mas que na prática não irá funcionar”.
A Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) também se pronunciou dizendo que não foi consultada sobre a criação do selo da Abras. “Não participamos de nada. Não podemos ser favoráveis a algo que não sabemos o que é. Não faz sentido”, diz o presidente da câmara e da Comissão Nacional de Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), Antenor Nogueira. “O mais importante é quem vai pagar a conta. E isso eles não disseram. Não sei o custo disso, mas não ficar barato”. Na opinião de Nogueira se o pecuarista não participar do processo, o programa da Abras já “nascerá morto”.
Essa semana, também foi lançado pelo Mapa, o Programa Boi Guardião, uma iniciativa inédita do Ministério da Agricultura e do governo do Pará que vai monitorar, por satélite, fazendas de gado no bioma amazônico com a finalidade de conter o avanço do desmatamento na região em função da pecuária.
“O Programa Boi Guardião é uma forma eficiente de conter o desmatamento em função da pecuária no bioma amazônico”, afirmou Stephanes. O ministro explicou que o programa condiciona a emissão da Guia de Trânsito Animal Eletrônica (GTA) apenas para o pecuarista que não desmatar para abrir novos pastos no bioma amazônico.
Este projeto também não agradou os pecuaristas e foi é analisado pela Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), “como mais uma ferramenta para intimidar o pecuarista”, declarou o superintendente da entidade, Luciano Vacari. “O Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária), a Abras (Associação Brasileira de Supermercados), as ONGs, os frigoríficos e quem mais quiser, podem lançar todo tipo de ferramenta para monitorar o desmatamento ilegal não só no bioma amazônico, mas em todos os biomas, que a Acrimat é parceira e apoia. Porém, o que não aceitamos é que fiquem acima da lei. Que falem em punição aos pecuaristas que abram novas áreas de produção dentro dos limites legais determinados”, disse Vacari.