O mercado do boi gordo teve mais uma semana de alta. Os frigoríficos não conseguiram comprar grandes volumes de animais para abate e os preços continuam firmes. Por outro lado, o mercado da carne não acompanhou a valorização da arroba e o spread aumentou, deixando a indústria numa situação pouco confortável.
O mercado do boi gordo teve mais uma semana de alta. Os frigoríficos não conseguiram comprar grandes volumes de animais para abate e os preços continuam firmes. Por outro lado, o mercado da carne não acompanhou a valorização da arroba e o spread aumentou, deixando a indústria numa situação pouco confortável.
O indicador Esalq/BM&F à vista foi cotado a R$ 76,16/@. O indicador a prazo acumulou valorização de 0,09% na semana, sendo cotado a R$ 77,02/@. Este valor é 37,02% superior ao preço negociado no mesmo período do ano passado, quando a arroba foi cotada a R$ 56,21.
Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&F, relação de troca, câmbio
Miguel da Rocha Cavalcanti, comenta que até o ano passado o preço da arroba brasileira era inferior, em dólar, ao do Uruguai e não era muito diferente do valor na Argentina. Mas o ajuste na pecuária e a valorização do real têm sido mais fortes no Brasil que nesses países.
Gráfico 1. Indicador Esalq/BM&F boi gordo à vista em R$ e em US$
Além do preço alto, o problema tem sido potencializado pela estabilidade no mercado da carne que não tem absorvido esta valorização, já que existe uma oferta razoável no mercado. Um fato que explica o bom volume de carne, num momento de pouca oferta de boi gordo, é que muita carne que seria exportada está ficando no mercado interno em consequência das restrições da UE e Rússia e da valorização do real frente ao dólar, que torna a exportação para alguns mercados menos interessante. Como alternativa para tentar driblar estas dificuldades, alguns frigoríficos tem trabalhado com abate reduzido e comprado carcaças de outros frigoríficos para desossar.
Às vésperas do feriado, os negócios no mercado físico seguem lentos e os preços continuam firmes, em algumas regiões as escalas alongaram sensivelmente, mas a maioria dos frigoríficos não irá abater nesta sexta e sábado, retornando às atividades só depois da Semana Santa, com esperança de que a oferta comece a aumentar e a procura de carne também aqueça.
No atacado da carne bovina, o traseiro foi cotado a R$ 5,40, o dianteiro a R$ 3,80 e a ponta de agulha a R$ 3,20. O equivalente físico permaneceu estável em relação à semana passada, em R$ 67,35/@. A valorização do boi gordo, fez o spread (diferença) entre indicador e equivalente físico aumentar para R$ 8,81/@, valor acima da média dos últimos 12 meses que é de R$ 6,46/@.
Tabela 2. Cotações do atacado da carne bovina
O indicador Esalq/BM&F bezerro MS à vista foi cotado a R$ 520,10/cabeça, nesta quarta-feira, com valorização de 1,08% na semana. As valorizações do preço do bezerro vem sendo consecutivas, hoje a cotação é 3,06% superior ao mês passado, e 31,72% acima do valor de 19 de março de 2007, quando o indicador valia R$ 394,85/cabeça.
A relação de troca apresentou recuou na semana, passando a 1:2,42. Para saber mais sobre o mercado de reposição clique aqui.
No mercado futuro, outubro já ultrapassou os R$ 81,00/@, na semana a valorização foi de R$ 2,47 e no dia 18 (terça-feira) foram negociados 3.304 contratos para este vencimento. Todos os contratos de boi gordo apresentaram variação positiva durante a semana.
Gráfico 2. Indicador Esalq/BM&F e contratos futuros de boi gordo (valores à vista), em 12/03/08 e 19/03/08
Essa semana o Mapa suspendeu a inclusão de novos Estabelecimentos Rurais Aprovados Sisbov (Eras), na base nacional de dados do serviço brasileiro de rastreabilidade. Segundo o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Inácio Kroetz, que anunciou a medida, novas inclusões de Eras no Sisbov só poderão ser feitas depois que o serviço prestado, por cada uma das certificadoras, for auditado.
Durante a reunião do Conselho de Secretários Estaduais de Agricultura (Conseagri), realizada nesta terça-feira, o ministro a Agricultura, Reinhold Stephanes, aceitou a criação de equipes, sob responsabilidade das secretarias estaduais, para fazer auditorias nas fazendas aptas a exportar.
Stephanes explicou também que o Mapa pode afastar certificadoras caso as auditorias não confirmem os dados da certificação. “O sucesso de um programa de rastreabilidade de bovinos nos moldes propostos dependerá da integração dos estados”, disse.
O ministro ainda comentou durante a audiência pública na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados, que aconteceu nesta quarta-feira, que o sistema de rastreabilidade brasileiro (Sisbov) deve ser mudado. “Estamos trabalhando em conjunto com vários especialistas brasileiros no assunto e, eventualmente, especialistas internacionais. As comissões de Agricultura da Câmara dos Deputados e do Senado têm que participar e estão participando dessa discussão, sempre com o rigor técnico e científico”, ponderou Stephanes.