A semana foi de baixa e muita especulação no mercado do boi. Com os preços da carne fracos e as escalas um pouco mais longas, os frigoríficos forçaram novos recuos. Apesar da pressão exercida, em muitas regiões o mercado travou e poucos negócios foram realizados. O indicador Esalq/BM&F boi gordo à vista foi cotado a R$ 90,47/@, recuo de 2,53% na semana.
A semana foi de baixa e muita especulação no mercado do boi. Com os preços da carne fracos e as escalas um pouco mais longas, os frigoríficos forçaram novos recuos. Apesar da pressão exercida, em muitas regiões o mercado travou e poucos negócios foram realizados.
O indicador Esalq/BM&F boi gordo à vista foi cotado a R$ 90,47/@, recuo de 2,53% na semana – no dia 16 de junho a cotação fornecida pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – Esalq/USP) era de R$ 92,82/@. O indicador a prazo também recuou, sendo cotado a R$ 91,39/@, nesta quarta-feira, e apresentando variação semanal de -2,63%.
Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&F, relação de troca, câmbio
O dólar recuou 0,79%, sendo cotado a R$ 1,5826. Em relação ao ano passado a desvalorização já acumula 14,18%. Segundo o InfoMoney, o dólar comercial operou em alta durante toda a sessão nesta quarta-feira (23). A divisa norte-americana sofreu pressão por ajuste e terminou o pregão em leve avanço em relação ao fechamento da véspera. Também influiu no câmbio interno a valorização da moeda em âmbito mundial, em dia de correção para baixo nos preços das commodities.
O Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) anunciou ontem um aumento de 0,75 ponto percentual na taxa básica de juros, elevando a Selic de 12,25% para 13% ao ano. Em ponto percentual, trata-se da maior alta promovida desde fevereiro de 2003, quando a taxa passou de 25,5% para 26,5%.
A decisão surpreendeu a maioria dos analistas do mercado financeiro, que esperavam um aumento de 0,5 ponto. “Avaliando o cenário macroeconômico e com vistas a promover tempestivamente a convergência da inflação para a trajetória de metas, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 13% ao ano”, informou o comitê em nota após a reunião.
A elevação da taxa de juro contribui para manter o País atrativo aos investimentos estrangeiros que procuram ganhos com arbitragem, tipo de operação que tem motivado o aumento de oferta de dólares e sua conseqüente desvalorização.
O InfoMoney informou que nesta manhã de quinta-feira, o dólar comercial inverte a trajetória apontada na véspera e inicia a sessão em queda, repercutindo resultados corporativos internacionais e a elevação da taxa Selic.
Mercado Físico
Alguns frigoríficos iniciaram a semana com escalas mais confortáveis e fora das compras, em geral entre os dia 28 e 30, e aproveitaram a situação para intensificar a pressão por novos recuos. Porém com os preços mais baixos o mercado travou e as escalas praticamente não andaram.
No MS compradores reportaram poucos negócios nos R$ 85,00/@ que foram propostos. Em São Paulo, os frigoríficos também tentaram baixar os preços, mas e dificilmente ocorrem negócios a menos de R$ 90,00/@.
Nos estados das regiões Centro-Oeste e Norte as cotações também recuaram. Em Rondônia, alguns frigoríficos testaram os R$ 75,00/@, no início da semana, mas o boi não apareceu. As indústrias alegam que não podem pagar os preços pretendidos pelos pecuaristas, pois o mercado de carne não apresenta firmeza e outros sub-produtos, como couro e sebo, também estão com preços em queda.
O produtor por sua vez continua brigando por preços menores e tenta diminuir a força da baixa, alegando que tão estamos na entressafra e não existe lógica em aceitar preços mais baixos do que os recebidos durante o “período das águas”, e a queda de braço continua.
Dados do IBGE e do SIF comprovam a redução na oferta de animais para abate. Na Pesquisa Trimestral de Abates o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) avaliou que no primeiro trimestre de 2008 foram abatidos 7.154.900 bovinos nos estabelecimentos inspecionados. Este número é 10,08% inferior ao apurado no primeiro trimestre de 2007 e 3,13% menor do que os números dos três últimos meses do ano passado.
Segundo o Serviço de Inspeção Federal (SIF), no mês de junho, foram abatidos 1.554.485 animais, nos estabelecimentos inspecionados pelo órgão. Em relação ao mês de maio, houve uma redução de 17,55% nos abates. É interessante notar que a variação entre maio e junho de 2007 também foi negativa (-14,15%), porém em 2008 observamos um recuo maior, evidenciando o momento delicado por que passam os frigoríficos brasileiros, com ofertas restritas e dificuldades de compra de matéria-prima
Comparado o resultado do mês de junho ao mesmo período do ano passado (junho de 2007) os números do SIF recuaram 22,03%.
Mercado futuro
Na BM&F, após os recuos da semana anterior o mercado inverteu a trajetória e todos os contratos, com exceção do primeiro vencimento e os contratos para outubro/09, acumularam alta na semana.
Com o mercado físico pouco ofertado e com poucos negócios ocorrendo nos preços propostos pelos frigoríficos, todos os contratos apresentaram valorização neste quarta-feira. No acumulado da semana, julho/08 teve variação negativa de R$ 0,39, outubro/08 teve valorização de R$ 1,14 e os contratos que vencem em novembro fecharam com alta de R$ 3,21.
Gráfico 1. Indicador Esalq/BM&F e contratos futuros de boi gordo (valores à vista), em 16/07/08 e 23/07/08
As cotações dos três cortes de carne bovina no atacado recuaram nesta semana, demonstrando a instabilidade do mercado na segunda quinzena do mês de julho – período em que tradicionalmente o consumo é reduzido. Muito se comenta a respeito da substituição da carne bovina por outras proteínas, em função das altas de preço, porém o tamanho real desta redução pode estar sendo mascarado pelo período de férias escolares onde normalmente o consumo é reduzido.
Segundo o Boletim Intercarnes, nesta quarta-feira não foram observadas alterações efetivas e significativas no atacado, nesta semana. Apesar das ofertas, ainda se mostrarem regulares, já não sinalizam os mesmos volumes verificados no início da semana. A procura segue lenta e apenas especulativa e os preços permanecem mais estáveis.
Tabela 2. Cotações do atacado da carne bovina
Gráfico 2. Spread entre indicador de boi gordo e equivalente físico
Nesta semana o mercado de reposição esfriou. O indicador Esalq/BM&F bezerro MS à vista foi cotado a R$ 751,98/cabeça, na semana o recuo foi de 0,37%.
Agentes que atuam nesse mercado comentam que a retração nos preços do boi gordo influenciaram as negociações de animais de reposição, fazendo com que os ânimos dos compradores esfriassem e o valores dos negócios esboçassem um movimento de baixa.
Sérgio Paschoal, do Escritório Pantaneiro, de Campo Grande/MS, comentou que as ofertas ainda são restritas e os preços seguem altos, mas que grande parte da euforia que tomava conta do mercado desapareceu. “Se as coisas continuarem com estão e o preço do bezerro não parar de subir a conta não fecha nunca”, comenta. Ele ressalta que em leilões na região de Campo Grande os preços já estão de R$ 50,00 a R$ 100,00 reais mais baratos e os negócios realizados na fazenda também apresentam recuos.
Em São Paulo, a oferta ainda é menor do que a procura e os preços seguem em patamares elevados. André Fioravanti, leitor do BeefPoint, de Dracena, comentou que ontem vendeu bezerros desmamados, com 9 meses de idade, a R$ 800,00/cabeça.
Apesar do indicador de bezerro ter recuado essa semana, a relação de troca piorou tornando a reposição menos interessante neste momento. Essa situação ocorreu porque o indicador de boi gordo também sofreu forte depreciação durante essa semana. Assim a relação de troca ficou em 1:1,99.
Como está o mercado do boi gordo, vaca gorda e reposição de sua região, em relação a preços, oferta e demanda e número de negócios efetivados?
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No meu ponto de vista, o mercado já sinalizou o teto (R$103,00) e o piso (R$88,00) para o valor da arroba do boi, um preço médio que a meu ver agradaria para o momento seria: R$90,00@ a R$92,00@ para MS e R$94,00@ a R$96,00 para SP.
No mercado da reposição nada mais justo que pagar 8@ por um bom bezerro, levando em consideração a precocidade, genética e que além de tudo tem que ser bem criado e para criar bem é caro.
Um detalhe que eu sempre lembro aos invernistas é que de uns tempos para cá, os bezerros e os garrotes comprados tem sempre um pouco mais de qualidade do que os animais abatidos, isto é melhoramento genético e todo mundo tem que pagar.
Com relação ao preço da carne no varejo, a média de venda em São Paulo é de R$11,95Kg ou R$179,25@, costela, bisteca e outros cortes vai c/osso. Se precisar dá para queimar um pouco de gordura, baixar o preço, em contrapartida vai vender mais e ganhar mais, por enquanto não deve estar precisando, pois o atacado baixa a arroba cai, a única que não mexe é a tabela no açougue e no supermercado, e isto é muito estranho, porque pela lógica, se está ruim para vender carne, teria que ser a primeira a baixar e eu nunca vi falar que alguém jogou carne fora porque não vendeu e estragou.
Quero lembrar também aos consumidores assalariados que um salário mínimo sempre comprou, no máximo 3 arrobas de boi. Começamos o plano real, com um salário minimo por volta de R$64,00 e o boi R$20,00@, hoje compra mais de 5@, quase o dobro, mesmo depois desta alta absurda que a imprensa comenta, estamos começando a recuperar o que perdemos, e isto não pode ser considerado inflação.
Com relação ao sebo e ao couro eles estão na contramão do mercado, se estamos abatendo muito menos animais, temos menos oferta destes produtos, não é estranho eles cairem exatamente agora? Ou será o tiro de misericórdia que os grandes estão dando nos pequenos, como estão fazendo com a carne?
Eu não vou dizer que é “dumping”, porque isto é crime e eu não sou louco de acusar alguém desta forma.
Acho que nós estamos usando muito pouco o “porque?” Tem muita fala que precisa ser mais questionada, precisamos colocar aquela velha pulga novamente atrás da orelha.
Um abraço.
Deveria existir uma parceria entre os seguimentos da pecuaria, criadores, invernistas e frigorificos, mas o que estamos vendo é salvem-se quem puder, há uma manobra entre os frigorificos torcendo para que haja qualquer fato novo como seca, geada, ventania, mal olhado, macumba, ficam fazendo “figa”, para criar motivos para abaixar os preços da @ do boi, pois pense bem, no passado os frigorificos ganharam muito dinheiro as custas do pecuarista, que nos pagava 20 dolares por @. Era só alegria, pense bem, vamos trabalhar juntos, não adianta acabar conosco, pois voces se acabam também. Pense nisso. Obrigado
Curioso que apesar das manchetes falarem em baixa, os preços continuam subindo.
E o gado gordo não há.
Representantes dos frigoríficos e pecuaristas precisam afinar mais suas relações comerciais. Prova disso é o aumento expressivo da exportação de gado em pé. Convenhamos, isto não é bom para ninguém. É um retrocesso.