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Semana de baixa: oferta é suficiente para manter as escalas, preços da arroba recuam

Os frigoríficos continuaram pressionando os preços do boi gordo, alegando que o movimento no atacado da carne não é bom e estão com dificuldades para escoar a produção, assim o movimento de baixa ganhou força. Estamos no período de safra e já era esperado certo recuo nos preços, resta saber se esta baixa irá se intensificar ainda mais.

Os frigoríficos continuaram pressionando os preços do boi gordo, alegando que o movimento no atacado da carne não é bom e estão com dificuldades para escoar a produção, assim o movimento de baixa ganhou força. Estamos no período de safra e já era esperado certo recuo nos preços, resta saber se esta baixa irá se intensificar ainda mais.

Diante desta pressão e com muitas industrias fora das compras, o indicador Esalq/BM&FBovespa teve mais uma semana de baixa. Para o boi gordo negociado à vista, a desvalorização na semana foi de 2,84%, com o Cepea indicando cotação de R$ 80,75/@. O indicador a prazo foi cotado a R$ 81,83/@, com recuo de 2,57% no mesmo período.

Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&F, relação de troca, câmbio

O Dólar compra também apresentou retração durante a semana, fechando a R$ 2,2901, na última quinta-feira. Durante toda esta quinta-feira (12), o dólar comercial operou em forte volatilidade, repercutindo as tensões do cenário macroeconômico.

A desconfiança dos investidores quanto ao desempenho da economia norte-americana pesou no comportamento da divisa. O plano de Barack Obama ainda é motivo para muitas ponderações. Na véspera, a Casa Branca entrou em acordo com o Congresso para consolidar o pacote de estímulo econômico em um valor menor do que o anteriormente estimado. Agora, o pacote é avaliado em US$ 789 bilhões.

Um dos destaques da agenda desta quinta-feira é o Retail Sales. O volume das vendas ao varejo norte-americano avançou 1% na passagem de dezembro para janeiro, surpreendendo positivamente analistas, que apostavam em recuo de 0,8%. Pesando para o lado negativo, o número de pedidos de auxílio-desemprego ficou acima do esperado pelo mercado na última semana nos EUA.

Com escalas que giram em torno de uma semana, os frigoríficos continuaram pressionando os preços da arroba na intenção de negociar a preços menores. Os compradores alegam que as exportações ainda seguem lentas, apesar das indicações de recuperação apontadas pela Abiec, e que o mercado interno segue frouxo, não absorvendo a produção e registrando recuo nos preços do atacado.

Apesar da manutenção das programações de abate, podemos dizer que as ofertas seguem reduzidas para a época do ano, mas estão sendo suficientes para atender as necessidades da indústria. Vale lembrar que no momento as opções para venda diminuíram bastante, temos inúmeras plantas paradas e grande ociosidade nos frigoríficos, sem contar as plantas que permanecem fora das compras, esta tem sido uma estratégias que está funcionando – quando alongam um pouco as escalas os compradores ou saem do mercado ou passam a ofertar preços mais baixos – para dar mais força ao movimento baixista.

O mercado de São Paulo é um bom exemplo disso, os compradores tem ofertado R$ 80,00/@, mas poucos negócios tem sido realizados nestes patamares, alguns compradores tentaram negociar a R$ 78,00/@, mas ai sim o mercado travou. Com exceção do frigoríficos menores (quem tem menor área de atuação), que aceitam negociar e pagar um pouco mais ou se abastecem com fêmeas, os animais abatidos no Estado estão vindo do vizinho MS onde a oferta é um pouco maior.

No Mato Grosso do Sul, diante do maior número de animais gordos disponíveis no mercado ocorreram recuos e os frigoríficos seguem pressionando. No Estado encontramos ofertas que vão de R$ 74,00/@ a R$ 77,00/@.

Acesse a tabela completa com as cotações de todas as praças levantadas na seção cotações.

Na reposição os preços também recuaram, seguindo a tendência assumida na metade de 2008. O indicador Esalq/BM&FBovespa bezerro MS à vista foi cotado a R$ 627,77/cabeça, registrando queda de 0,26% na semana. Porém este valor ainda está 24,91% acima das cotações registradas no mesmo período do ano passado, quando o bezerro do MS valia R$ 502,57. Com o preço do boi gordo recuando quase 3% na semana, a relação de troca recuou para 1:2,12.

Gráfico 1. Indicador Esalq/BM&FBovespa bezerro MS à vista

Na última quinta-feira, a BM&FBovespa fechou em alta, com o contrato que vence em maio/09, o que apresenta maior liquidez no momento, registrando variação positiva de R$ 1,27. Segundo Guilherme Favieri, da FCStone, o mercado está agora com o sentimento de que a queda que observou-se nos últimos dias foi pontual e que para os próximos dias os preços podem voltar a se firmar. As possibilidades de melhora no mercado atacadista para as próximas semanas com o carnaval e o final do mês, podem reanimar o preço do boi gordo.

Apesar da recuperação no último pregão, os contratos com vencimento mais próximo acumularam desvalorização fechando em baixa. O primeiro vencimento, fevereiro/09, fechou a R$ 80,49/@, com recuo de R$ 0,04 na semana. Maio/08 teve queda de R$ 0,22, fechando a R$ 75,68/@. Os contratos que vencem em outubro/09 também apresentaram retração (R$ 0,06) fechando a R$ 81,52/@.

Gráfico 2. Indicador Esalq/BM&FBovespa e contratos futuros de boi gordo (valores à vista), em 05/02/09 e 12/02/09

Segundo o Boletim Intercarnes, o mercado da carne segue estável, contudo não se observa uma efetiva definição de preços no atacado, pois os preços se mostram pouco firmes, visto que compradores seguem firmes nas contraofertas de baixa. Mesmo considerando a procura fraca e retraída, as ofertas se mostram regulares.

O traseiro foi cotado a R$6,40, o dianteiro a R$ 3,60 e a ponta de agulha a R$ 3,70, assim o equivalente físico foi calculado em R$ 74,36/@, com variação negativa de 3,80% na semana. O spread (diferença) entre indicador de boi gordo e equivalente físico ficou em R$ 6,40/@, abaixo da média dos últimos 12 meses que é R$ 7,29/@.

Gráfico 3. Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista x equivalente físico

Ainda que as vendas externas de carne bovina no início deste ano estejam num terreno negativo por causa da crise financeira global, os exportadores acreditam que os volumes possam se recuperar em 2009. A esperança do setor está na perspectiva da retomada do mercado chileno, aumento das vendas à Rússia e Egito e uma possível flexibilização nas exigências da UE.

Para o diretor-executivo da Abiec, Otávio Hermont Cançado, a baixa tão grande de embarques em janeiro se deveu ao impacto da restrição de crédito na economia mundial desde setembro e a um “efeito estatístico”. As exportações do início do ano passado foram turbinadas pela iminência do embargo europeu, que fez os importadores anteciparem muitas compras.

A partir de agora, Cançado prevê recuperação. Empresas importadoras, principalmente as maiores, têm mais acesso a crédito, e há sinais de arrefecimento da “queima de estoques” em poder dos compradores. De quebra, a desvalorização do real ante o dólar dá mais competitividade ao país e favorece o caixa dos frigoríficos em moeda brasileira em relação há um ano.

Apesar da retração em relação a igual período do ano passado, o executivo destaca a retomada das compras de alguns importantes clientes.

“A Europa precisa de carne. A Irlanda tem dificuldade em abastecer o continente, ainda mais com os casos de contaminação do rebanho por dioxina. O registro de casos da variante do mal da vaca louca em humanos na Holanda também abre espaço para o produto brasileiro”, afirma Cançado.

Questionado sobre o porquê a União Europeia cederia justamente agora em que as economias tendem a ser mais protecionistas por causa da crise, Otávio Cançado, pontua diversas razões. A primeira delas, segundo ele, foi a bem sucedida visita da Comissão Europeia, que esteve em visita ao Brasil, entre o final de janeiro e início de fevereiro. “A Comissão viu que nós fizemos a lição de casa”, afirma Cançado. Outro ponto a favor, segundo ele, é a fragilidade sanitária da produção européia.

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