Uma briga entre deputados e senadores ameaça enterrar a proposta de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a formação de cartel dos frigoríficos na compra de bois.
Pressionado pelo lobby das empresas, o Senado bombardeia a CPI para restringir as ações à assinatura de um termo de ajuste de conduta entre pecuaristas e frigoríficos.
“Aqui, não sai essa CPI”, resumiu o senador Jonas Pinheiro (PFL-MT). “A repercussão seria péssima”. Segundo ele, as investigações prejudicariam a imagem do produto brasileiro no exterior. “Vamos aproveitar o momento para encerrar as divergências com um compromisso entre as partes”, sugeriu.
O boicote silencioso à CPI é comandado pelo presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Pratini de Moraes, e por parlamentares ligados a frigoríficos. O presidente da Comissão de Agricultura do Senado, Sérgio Guerra (PSDB-PE), apóia a resistência.
O senador disse que o presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), Antonio Ernesto de Salvo, está de acordo com seus argumentos. Mas o presidente da Comissão de Pecuária de Corte da CNA, Antenor Nogueira, informou não haver decisão interna nesse sentido.
A oposição às investigações ganhou corpo na Câmara. Dono de frigorífico, o deputado Vadão Gomes (PP-SP) atua nos bastidores para convencer os colegas a retirar as assinaturas de apoio à comissão.
Vadão referiu-se à briga política entre Ronaldo Caiado (PFL-GO) e José Batista Júnior, pré-candidato tucano ao governado de Goiás. As famílias de ambos disputam o poder político em Anápolis, segunda maior cidade de Goiás.
Presidente da Comissão de Agricultura da Câmara, Caiado nega mover-se por interesses eleitorais. “É uma questão nacional, que começamos a mostrar não agora, mas desde o início deste ano”. Entretanto, assumiu a disputa com o dono do Friboi.
O governo acompanha de forma discreta os bastidores dos acordos, mas teme os efeitos das divergências. O Ministério da Agricultura rechaça a CPI e torce por uma solução negociada, segundo um dirigente da Pasta.
Fonte: Valor (por Mauro Zanatta), adaptado por Equipe BeefPoint
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Muito interessante o posicionamento do Sr. Jonas Pinheiro, pecuarista de renome no estado de Mato Grosso, também como produtor de animais registrados…
O que será que ele quis dizer com “a repercussão seria péssima”… Ou será que disse tudo…?
É uma vergonha! Esse país não tem ética nem moral! Como sempre nesse país quem paga o papo é o produtor.
Como sempre não haverá CPI nem investigação em nenhuma outra instancia e com isso aumenta ainda mais a concentração de renda nesse país.
Isso é um grande problema nacional.
Nenhum político, ou melhor 99%, não estão preocupados com o país, com a nação, com quem gera renda, produz e faz alavancar a economia desse nosso grande Brasil, que é o agronegócio.
Mas, nós, produtores, temos que ser fortes e fazer uma grande pressão, junto a políticos que conhecemos, para que exista investigação, isso é importante para moralizar o setor da carne.
A concentração do setor não pode continuar, isso comprometerá com a produção.
Essa sucessão de escândalos, irregularidades, fraudes, etc, nos deixa cada dia mais desanimados e tristes para desenvolver nosso trabalho.
Como zootecnista, tenho que mostrar a viabilidade econômica de sistemas de produção entre eles atividades de pecuária, sendo que o melhor projeto é impedido de ter sucesso por fatores externos como corrupção, falta de seriedade, interesses particulares de nossos governantes.
Infelizmente a cada dia o Brasil se firma como o país do samba, cerveja e futebol.