Sugiro que nossas próximas comunicações sobre a carne brasileira não citem a Irlanda. Não citem ninguém. Não se constrói uma liderança, uma reputação respondendo a ataques. Precisamos mostrar ativamente o que temos de bom, de forma transparente e apresentando ano a ano nossa evolução. Podemos criar um programa de apresentação de resultados, boas práticas e casos de sucesso, de forma estruturada que a cada mês teremos uma posição mais fortalecida. Além de aumentar nossa reputação fora do Brasil, ter um programa transparente de apresentação de resultados vai reforçar nossa vontade e energia em fazer bem feito. Vamos comemorar com mais intensidade cada conquista e criar a alavanca para melhorar mais rápido e manter o conquistado.
A Europa está em crise e com dificuldades de reerguer sua economia. Na Irlanda não é diferente. Na semana passada os títulos da dívida do governo foram rebaixados, devido a preocupação com aumento da relação dívida/PIB. A pecuária de corte na Irlanda passa por situação ainda mais complicada, pois tem seus próprios problemas, além dos causados pelas dificuldades econômicas. Os custos são altos, mão de obra é escassa, pouca gente nova quer trabalhar com pecuária. Um amigo esteve num evento por lá há alguns anos e ficou impressionado com a idade média dos produtores: quase não havia gente jovem.
A pecuária da Irlanda depende das exportações para a Europa, onde há forte competição com outros países: Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e até mesmo Austrália e EUA. Resumindo: a situação da pecuária irlandesa é ruim e tende a piorar no curto e longo prazo. Não há perspectivas futuras positivas.
Numa situação como essa, encontrar um inimigo pode ajudar a dar novo ânimo. Identificar o inimigo facilita as coisas. Dá força para lutar, cria unidade, dá clareza aos objetivos. E os líderes da pecuária irlandesa escolheram o Brasil como inimigo. Identificar o inimigo simplifica o problema: “toda culpa da crise da pecuária irlandesa vem do Brasil!” bradaria alguém por lá.
Do ponto de vista irlandês é uma excelente escolha. Um inimigo grande, distante, com muitas forças e algumas fraquezas. Graças a isso fica mais fácil se criar inimizade (“grande produtor de carne esmagando nossos produtores!”) e também é fácil encontrar pontos para se criticar e atacar (aftosa, rastreabilidade, meio-ambiente, etc). Dado o objetivo de se reunir forças e criar unidade entre pecuaristas irlandeses a escolha do Brasil parece estar dando certo mesmo.
Toda vez que algum irlandês mais inflamado solta uma bravata contra a pecuária brasileira, nós rapidamente respondemos “nada disso é verdade!”. A princípio essa parece ser a melhor estratégia: não deixar sem resposta um ataque ao Brasil, à carne brasileira. Recentemente comecei a pensar que essa não é a forma mais produtiva de se melhorar nossa imagem e se proteger contra bravatas da oposição. A postura do Brasil pode estar ajudando essa estratégia da Irlanda.
Será que a Irlanda é tudo isso para a carne brasileira na Europa? Será que precisamos responder a esses ataques? Será que ao responder estamos dando força a quem nos ataca? Será que ao responder estamos demonstrando medo ou fraqueza em relação aos pontos levantados por eles? Será que nossa postura é pró-ativa e a cada resposta nossa posição, reputação e imagem se fortalecem?
Tenho a impressão que não.
Como podemos usar os ataques da Irlanda para melhorar nosso negócio? Acredito que podemos usar a Irlanda como uma inusitada pesquisa de mercado. A cada ataque (também podemos catalogar e estudar os que já aconteceram nos últimos anos) avaliamos quais as preocupações, desejos e vontades passam pela cabeça do consumidor europeu. Sem querer, a Irlanda pode nos ajudar. Uma boa reviravolta. Mapear os ataques da Irlanda pode nos ajudar a entender melhor a cabeça do europeu e criar ações pró-ativas que ajudem a construir uma imagem melhor do Brasil e da nossa pecuária a cada dia.
Fazendo um rápido (e talvez incompleto) levantamento dos ataques irlandeses, é fácil identificar os pontos mais valorizados:
1. aftosa e sanidade em geral
2. bem-estar animal
3. rastreabilidade
4. sustentabilidade e respeito ao meio ambiente
5. certificação de processos e boas práticas agropecuárias
Quanta coisa boa temos para mostrar a Europa (e ao mundo todo) em relação a esses pontos. Quantos exemplos, programas, projetos e fazendas podemos dar destaque para o mundo.
Fazendo um rápido exercício de possibilidades de comunicação:
• comemoração de quantos anos estamos sem aftosa
• divulgação de apoio ao controle de aftosa em países vizinhos
• divulgação de melhorias no sistema de controles de resíduos
• apresentação de trabalhos e estudos de caso de fazendas referência em bem-estar animal
• promoção de técnicas brasileiras de bem-estar animal desenvolvidas por especialistas brasileiros (por exemplo, o Prof. Mateus Paranhos, da Unesp, esteve na FAO realizando um trabalho)
• estudos de caso de fazendas referência em rastreabilidade, gestão e produtividade
• estudos de caso de fazendas referência em sustentabilidade e respeito ao meio-ambiente nos diversos biomas brasileiros
• apresentação de dados de preservação de biomas brasileiros (dica: o Brasil é o país que mais tem florestas preservadas)
• apresentação de dados sobre a legislação ambiental brasileira (dica: o tema reserva legal assustaria qualquer europeu ou norte-americano)
• divulgação do avanço e melhorias de programas de boas práticas agropecuárias e certificação de processos, como o da Embrapa, que cresce e se aprimora cada vez mais
• estudos de caso e exemplos de sucesso de frigoríficos que adotam rastreabilidade, boas práticas e técnicas de sustentabilidade (dica: suspeito que somos líderes em tecnologia limpa em frigoríficos)
• divulgar a cultura, histórias e tradições brasileiras ligadas a pecuária de corte (dica: histórias bem contadas geram vendas de alto valor e ainda podemos atrair turistas)
• há muito mais, é só olhar em nossa volta
Sugiro que nossas próximas comunicações sobre a carne brasileira não citem a Irlanda. Não citem ninguém. Não se constrói uma liderança, uma reputação respondendo a ataques. Precisamos mostrar ativamente o que temos de bom, de forma transparente e apresentando ano a ano nossa evolução. Podemos criar um programa de apresentação de resultados, boas práticas e casos de sucesso, de forma estruturada que a cada mês teremos uma posição mais fortalecida.
Além de aumentar nossa reputação fora do Brasil, ter um programa transparente de apresentação de resultados vai reforçar nossa vontade e energia em fazer bem feito. Vamos comemorar com mais intensidade cada conquista e criar a alavanca para melhorar mais rápido e manter o conquistado. Especialistas em execução garantem que metas públicas e apresentação de resultados, de compromisso, de interesse, foco e direção são ótimas maneiras de garantir que as coisas aconteçam. Transparência aumenta a responsabilidade.
A pecuária de corte, a cadeia da carne como um todo, pode ganhar muito em imagem, reputação e eficiência sustentável no longo prazo se criar um plano de ação para comunicação desses pontos sugeridos. Por mais que tenhamos problemas (é claro que eles existem e não podemos negá-los), há muita coisa boa sendo feita. Acredito que a melhor maneira de fazer mais do que temos de melhor é olhar para os bons exemplos e não o contrário.
22 Comments
Tema muito bem colocado pelo Sr. Miguel Cavalcanti. Parabéns! É exatamente isso, a pro-atividade nas relações humanas e comerciais devem ter esse pensamento e metodologia. A relação ganha-ganha só sera positiva e benéfica se for abordado desta maneira. Os argumentos precisam ter fundamentos e serem pro-ativos. MUITO BOM!
Concordo em Gênero, Número e Grau…
Prezado Miguel
Você está raciocinando e escrevendo melhor a cada dia que passa. Mais uma vez seu editorial é brilhante. Eu subscreveria seu texto não fosse por alguma observação que tenho feito neste mesmo tema. Do meu ponto de vista nós fomos muito insultados e não nos defendemos, só estou vendo surgir alguma reação agora em artigo do diretor Otávio Cançado. Há pouco mais de dois anos eu reclamei do que a Irlanda e o Reino Unido estavam fazendo com o Brasil, nos acusando inclusive de uso de anabolizantes no gado, enquanto estavam tendo de uma a duas dezenas de novos casos de BSE (doença da vaca louca) por ano, e o UK tinha tido três focos recentes de aftosa. Foi num congresso de carnes aqui mesmo, em Campinas, e eu sabia que havia irlandeses no auditório. Foi aí que um deles pediu a palavra e ficou defendendo o comportamento de seu país por um tempo bastante longo, só faltando nos colocar no banco dos réus. Por educação do moderador a palavra dele não foi cortada, então ele se aproveitou da situação.
É um caso isolado sim, mas dá uma ideia do poder que eles têm de manipular para impressionar o público. E eles têm conseguido fazer isso contra o Brasil na União Europeia. Eu estive por lá em 2008 e pude sentir o quanto eles têm influenciado as pessoas. E há outros fatos que eu gostaria de citar aqui como o vídeoclipe em que o ex-presidente da IFA conclama os associados à luta prometendo “manter a carne brasileira fora dos displays europeus porque o produto não atinge o padrão mínimo de qualidade exigida na UE”.
Em muitas outras situações, como os ataques ao consumo de carnes vermelhas, eu concordaria com você, mas nesse eu não posso concordar. Experimente alguém atacar um produto australiano e verá do que eles são capazes. Definitivamente, nós não podemos ser apenas complacentes nessa questão. Ou temos rabo de palha?
Grande abraço, PEdeFelício
Bingo! Miguel essa foi na mosca. Quando começamos a trabalhar?
Gostariamos de envolver a ASSOCON como for possivel neste esforço. Vai ser muito agradável explicar para o mundo que:
– a ASSOCON tem um programa de qualidade assegurada, certificado e obrigatório para todos os associados, o PQA,
– os confinamentos brasileiros usam somente produtos de origem vegetal, excluindo até o sebo bovino que ainda é permitido em alguns países,
– a adesão dos confinadores ao SISBOV e a sua aprovação para lista Traces foi o grande responsável aumento da oferta de animais habilitados para Europa em 2009,
– na re-auditoria de 2010 e nas visitas das missões européias estes mesmos confinamentos estão dando um show, mantendo sua habilitacão e provando que é possível seguir as normas de rastreabilidade e produzir grandes volumes,
– os confinamentos brasileiros são uma boa alternativa para aproveitar localmente os produtos e subprodutos de nossa impressionante agricultura, economizando muitas “food miles”,
– confinar gado no Brasil representa uma alternativa real de intensificação da producão pecuária, com imediata redução da demanda por novos pastos e consequente desmatamento.
– etc, etc, etc.
1 abraço
Caro Miguel,
Tenho ficado quieto nos últimos tempos, razões por demais conhecidas, mas não posso calar-me quando vc me dá uma oportunidade como esta, levantando um tema que interessa a todos nós. Adotamos a mesma postura durante os mais de tres anos que estive à frente da SDA/MAPA. Bater em quem nos ataca nem sempre é a melhor solução. Responder em silêncio com trabalho, e comprovando o atendimento aos rigorosos requisitos sanitários dos importadores dos mais exigentes mercados foi a nossa escolha. Tivemos o reconhecimento e pelo que estamos acompanhando na mídia, os resultados ainda estão sendo colhidos.
Da mesma forma concordo parcialmente com o Prof. Pedro de Felício, enquanto o ataque não nos prejudica, o contra ataque não é desejável, porém, se houver excessos, a nossa reação deverá ser à altura. Parabéns pelo Editorial.
Enquanto faltam aparentemente jovems nas reuniões dos pecuaristas irlandesas, estamos vendo executivos das industrias de alimentos da Irlanda fazendo investimentos em joint ventures no Brasil como foi feito pelo Minerva
e DawnFarms e empresas brasileiros comprando industrias na Irlanda, portanto meu caro Miguel as respostas já estão sendo dados por um bom tempo mas que realmente precisa é esclarecer a opinião publica na Irlanda,Inglaterra e os paises de União Europea.
Quanto mais rapido estamos com os adidos agricolas nas embaixadas brasileiras, mais contundentes e focados poderão ser as nossas respostas.
O grande desafio, na minha opinião, é para mostrar de vêz a superioridade da carne brasileira e descolar a maciez da imagem que o consumidor tem de qualidade nutritivo do carne bovino.
Miguel:
Inteligente e original.
Empresas de ponta estimulam a crítica advinda de clientes. Elas são preciosas e fundamentais à melhora da qualidade e competitividade.
Elogios só servem para fortalecer o ego de quem os recebe e desestimular mudanças. Devemos parar de nos auto-elogiar e sim, fazer as coisas bem feitas.
Quando produzirmos carne com a qualidade e responsabilidade dos australianos, poderemos nos despreocupar com as críticas.
Forte abraço
A postura adotada pela Irlanda há muito é conhecida. Já dizia o filósofo Cícero, “Quando você não tiver bases para uma argumentação, abuse das acusações!”, e é isso que a Irlanda procura fazer.
Entendo que o Brasil deva manter uma posição firme e séria, de alguém que sabe o que esta fazendo e faz bem, e não a de um “guri” assustado rebatendo a toda e qualquer acusação descabida.
Parabéns Miguel.
Prezado Miguel,
Tenho acompanhado e lido uma saraivada de ataques e abusos noticiosos por parte dos produtores irlandeses á carne brasileira, e isso a meu ver, não passa de uma confissão implícita da insuficiência de embasamento técnico, cultural e moral desses produtores.
Uma coisa é fato; O Brasil, sempre foi, é e será alvo da genuína língua solta e ameaçadora dos produtores irlandeses. Ninguém ataca se não tem medo!
O que temos de fazer é simples, ou seja, não precisamos atacá-los da mesma forma e sim procurar incansavelmente reforçar nossa participação de mercado na Europa, agregando valor ao produto, disseminando na mídia européia maiores e melhores notícias sobre nossos processos de produção desde o pasto até a comercialização.
Acredito fielmente que um realinhamento de nossas estratégias de marketing de forma combativa seja válido, utilizando e promovendo mais a sinergia entre o poder público ( Governo e seus órgãos de promoção ) com a iniciativa privada ( Frigoríficos, Distribuidores e etc ).
Propaganda é e sempre será a alma do negócio e uma propaganda forte com embasamento técnico-científico, informativa, combativa e incansável será sempre uma boa resposta não somente aos irlandeses, mas a qualquer país que ataque nosso setor produtivo.
Afinal, quem não é visto não é lembrado! Se estivermos sempre sendo lembrados pelos irlandeses é porque estamos incomodando e se estamos incomodando é por que estamos no caminho certo.
Mas não devemos esquecer de que ontem, hoje e sempre a vontade e o poder político sempre estarão presentes em maior ou menor grau nas relações comerciais internacionais, ou seja, o ataque irlandês no seu íntimo é de cunho político, protecionista – comercial, camuflado de ataque técnico (rastreabilidade), sócio cultural (trabalho infantil, escravo), sustentável e ambiental (desmatamento, produção em bioma amazônico).
Atenciosamente
Prof. Carlos Magno Frederico
Caro Miguel,
A resposta à pergunta do título é SIM. Devemos responder à Irlanda, à Inglaterra e a qualquer outro que criticar sem fundamento a carne brasileira.
É uma questão pura e simplesmente de defesa da economia nacional.
O que a IFA diz não representa em nada o consumidor europeu. Eles usam de forma desleal os medos do consumidor para mancharem a imagem da carne brasileira no mercado, para que eles possam vender a própria carne melhor. É simples assim.
E é nosso dever lembrá-los de vez em quando que o telhado deles é de vidro.
Você tem razão, temos mesmo que mostrar o que temos de bom, e por isso suas sugestões são todas extremamente valiosas.
Mas também temos que responder cada ataque.
Não se constrói uma reputação respondendo a ataques, mas precisamos lembrar que ataques sem resposta podem destruir uma reputação.
Abraço,
Fernando
Miguel para próximo ministro da agricultura!!!! Quem sabe paramos de desarticular as coisas ou responder as questões para fazer as coisas e formular as perguntas.
Meu caro Miguel,
Nem sempre sou tão curto como serei ao comentar seu artigo. Apesar de acreditar que sua tese é positiva, tenho a opinião e a convicção de que para qualquer demanda, qualquer questionamento uma resposta é necessária. Ainda mais quando se trata do nosso NEGÓCIO. Os irlandeses foram muito bem sucedidos em suas ações junto ao Parlamento Europeu e à Europa. Nós, por falta de comunicação e ação, perdemos. Uma pena que seja só eu e somente eu a responder a eles. Seria muito bom termos uma reação governamental ou do setor. Me recordo bem do nosso então Embaixador Stélio Amarante, um “brigador”, um defensor da carne brasileira na Irlanda. Deu a cara dele a bater em jornais, revistas, na televisão. Tudo em defesa da carne brasileira. Para mim, Miguel, chega de passividade. Ou assumimos o protagonismo do que nos é de direito ou sempre seremos coadjuvantes.
para pensar!!!
Abraço do seu grande amigo,
Otávio
Caro Miguel,
no dia em que você publicou sua defesa da não resposta percorri 500 km em Portugal e contei 82 vacas. Tudo na vida deve ser avaliado no contexto e não sentido com o peito. Pode dar infarto! Como bem notou, a Europa rural está envelhecendo, o problema se resolve por aí.
O nosso negócio são “números” (Delfim). Não devemos perder energia com combates com concorrentes menores. Nosso concorrente são os EUA como Otávio Cançado comentou há 1 ano quando ninguém se tinha lembrado desse vizinho.
Concordo com o Secretário Kroetz, o trabalho de persuasão deve ocorrer em silêncio e nos corredores certos. Os irlandeses são bem conhecidos em Bruxelas e Estrasburgo. De vez em quando é preciso dar lhes uma pequena atenção. No entanto, vejamos os números das exportações brasileiras ao londo dos últimos 10 anos. Alguém quer reclamar? Em parte, isso foi possível porque ninguém conheceu esse país longínquo. Atacamos pela periferia, estratégia bem sucedida que os japoneses usaram no lançamento dos seus carros na Europa nos anos 60 e 70.
Em cada supermercado que visito em paises europeus pergunto sobre a carne brasileira. Sempre elogiam a carne argentina, ou seja, até hoje o consumidor (com ou sem barulho dos irlandeses) não sabe o que está comendo. O assunto é diferente ao nível dos compradores das cadeias de varejo e dos importadores. No entanto, esses sabem da realidade (genericamente positiva) das condições de produção no Brasil e jogam o jogo do embargo como estratégia de preço e não com ressentimentos contra a qualidade do produto.
O amigo Felício tem razão quando se trata da luta individual. Se alguém aparece a nossa frente com conversas esquisitas pode e deve responder. Porém, como já escrivi nesse espaço durante os anos de aftosa (alquem se lembra ainda do susto?) não é para responder ao Guardian. O que é preciso é trabalhar a qualidade, ajudar o movimento do “Brasil eficiente”, apoiar os 20 deputados da bancada rural que realmente trabalham os nossos assuntos e contribuir (até financeiramente) a mega-campanha que o setor do agro sob liderança do prof. Roberto Rodrigues está mobilizando na mídia ao longo dos próximos meses.
Temos muito que fazer para acompanhar e melhorar o dia a dia. Não temos tempo para conversar con o pessoal do contra. O produto é bom, o preço também. O consumidor quer comprar. Está tudo resolvido.
Parabéns para o artigo, concordo com o Pedro, suas colocações são cada vez mais equilibradas e não apenas informarm, mas também formam as mentes dos muitos jovens que estão construindo a pecuaria brasileira moderna.
Abraços
Vila
Miguel,
o seu racicínio é oportuno e inovador; mas talvez audacioso demais.
Lendo as cartas de todos que comentaram esse seu brilhante editorial (destaque para as do Prof. Felício, Inácio Kroetz e o Otávio da ABIEC) percebo que a intenção é a mesma; adequada forma de promoção e reconhecimento da carne brasileira.
quem sabe a saída esta no meio termo; no equilíbrio e dosagem das respostas.
aos ataques corriqueiros… nada fazer. deixem-os esbravejar.
em contrapartida, organizar algo de concreto, sólido ABRANGENTE E COM COMPROMETIMENTO NACIONAL, para a promoção da carne brasileira.
acho que é por aí.
novamente, parabéns. de fato, seus editoriais estão cada dia melhor.
forte abraço amigo.
Roberto Grecellé.
I beleive you are correct in your analysis. I live in England and work in Brazil in the cattle and meat sector. You must be proactive and promote the many good things about Brazilian beef being grass fed – high omega 3, great flavour and consistency in the size of meat cuts. You must not be reactive and only respond to criticism – the Irish are trying to protect their industry and they fear the scale and potential impact of Brazilian beef.
Caro Miguel,
Sua matéria é bastante oportuna e seu ponto de vista também, todavia concordo com os demais comentários de que devemos sim sempre responder aos ataques dos irlandeses e demais. Essa também é a visão de alguns amigos irlandeses e ingleses que conhecem o Brasil e nossa produção. Essas pessoas acham bastante injustas as críticas feitas ao nosso sistema e confirmam que geralmente são disseminadas por pessoas sem nenhum conhecimento do que acontece aquí e com o simples propósito de auto proteção. Esses amigos ainda complementam que a nossa produção não fica devendo nada ao resto do mundo e que o que nos falta é somente mais representantes competentes nos órgãos internacionais que possam defender a nossa pecuária e a nossa produção perante esses que se dizem donos da verdade.
Parabéns Miguel e também sugiro a vossa indicação para “Ministro da Agricultura”.
Arminia
Caro Miguel,
Concordo que não podemos seguir apenas reagindo a ataques. Precisamos divulgar internacionalmente a qualidade de nossa carne. E isto exige um esforço de toda a cadeia produtiva e do próprio governo. Mas isto não significa deixar de contrapor com argumentos os ataques sofridos.
Abs,
Caro Miguel,
Acho sim que não devemos apenas reagir a ataques.
Devemos começar a desenvolver um trabalho mais forte de divulgação de nossa carne. E divulgação se faz focado no cliente, no caso o consumidor. Precisamos nos comunicar com o consumidor europeu. Falar da criação a pasto de nossos animais. Que nunca tivemos um único caso de vaca louca. Que a carne exportada é sem osso e portanto sem qualquer risco de aftosa. Da higiene de nossas modernas plantas frigoríficas. De nossos preços. Etc, etc, etc.
Mas isto não significa deixar de responder a altura e com argumentos sólidos os ataques sofridos. Não acho absolutamente que estejamos dando notoriedade aos Irlandeses. Muito pelo contrário: nossas defesas é que tem sido muito mal divulgadas lá fora. Ficamos mais falando entre nós do que com que deveríamos: novamente nosso consumidor.
Att,
Eu acho, isso , tudo q foi escrito uma besteira , conheco a producao internacional de carne , e devo dizer a vcs, q o Brasil , em relacao aos uotros e tremendamente superior , com custos de producao infinitamente,mais baixos, acho q nos temos problemas mais serios para resolver q se chama meio ambiente, o Brasil e um rolo compressor , na producao, abs.
Todo esse panorama, relativamente aos ataques dos irlandeses ao nosso produto e os efeitos negativos que esses ataques causam (pois ainda somos deveras influenciados por eles), irá mudar quando o cenário interno mudar. Mudar o que, se somos isto ou aquilo de melhores, fazemos isto ou aquilo para melhorar e atingir metas, conquistamos …. Somos, fazemos, conquistamos, etc. De fato, o que somos, o que fazemos e o que conquistamos é algo memorável. Mas olhando para a Pecuária brasileira, vejo que ainda falta uma coisa: a união da classe produtora. Aqui dentro, dentro do Brasil, podemos “quebrar o pau” uns com os outros, brigar mesmo, e quem tiver as melhores condições de produzir é que vai ganhar. Mas lá fora a nossa união é que faz a diferença. Nos acusar mutuamente quando há algum problema estrutural (como a aftosa, por exemplo) é um sério sintoma de que a união está longe de ser concretizada. O que posso sugerir? Absolutamente nenhuma palavra além das que eu já disse acima. Não estou pregando aqui que ninguém seja o “bom samaritano da turma” e patrocine as empresas alheias, pois cada um deve arcar com o peso da sua cruz. Somente o que estou falando aqui é que enquanto brasileiros, devemos formar um bloco sólido, unido, um muro de arrimo pra sustentar todo o nosso ideal. Cada pedra do muro tem as suas arestas que incomodam as demais, mas todas elas juntas são como uma formidável fortaleza.
Unidos, estaremos prontos para resolver qualquer problema interno. Unidos, estaremos prontos para rebater quaisquer críticas de algum ente internacional.
Miguel a exemplo de outros que por aqui já passaram, a melhor estratégia é trabalhar a opinião do “inimigo” a nosso favor, mas também trabalhar o meio termo relativamente aos ataques deles: nada de responder exasperadamente, mas também nada de ficar calado como uma vaca de presépio.
Um grande abraço a todos os produtores.
Miguel, me diz onde é que eu assino. Concordo plenamente com seu texto. Isso de atacar alguém para se defender é manobra de "politiqueiros". Não leva a nada atacar alguém, mas faz muita diferença divulgar nossos valores.
p a r a b e ns pelo atigo é isso mesmo que temos de fazer