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Seremos todos vegetarianos em 2050, disseram cientistas

Alimentos de origem animal atualmente representam até 20% da ingestão diária de proteína pelas pessoas. Porém, o trabalho sueco disse que a população mundial terá que cortar esse consumo para 5% até 2050 para acomodar os “consideráveis déficits regionais de água” do planeta.

Todos nós poderemos ser forçados a nos tornar vegetarianos nesse século, de acordo com cientistas do Stockholm International Water Institute. Em um trabalho divulgado nesta semana, os cientistas do instituto de água da Suécia disseram que “não haverá água disponível suficiente nas atuais terras agrícolas para produzir alimentos para a população esperada de 9 bilhões de pessoas em 2050 se seguirmos as atuais tendências e mudanças em direção às dietas comuns nas nações ocidentais”.

Alimentos de origem animal atualmente representam até 20% da ingestão diária de proteína pelas pessoas. Porém, o trabalho sueco disse que a população mundial terá que cortar esse consumo para 5% até 2050 para acomodar os “consideráveis déficits regionais de água” do planeta.

Apesar do aumento na produção de per capita de alimentos, o trabalho sueco disse que “novecentos milhões de pessoas já passam fome e 2 bilhões de pessoas estão subnutridas. Com 70% de toda a água disponível sendo para agricultura, a produção de mais alimentos para alimentar 2 bilhões de pessoas a mais até 2050 colocará pressão maior na água e terra disponíveis”.

Sua resposta a esse dilema é o aumento do vegetarianismo. Os cientistas acreditam que mais dietas vegetarianas podem ajudar a liberar grandes porções de terras para a agricultura para produção de alimentos humanos. O trabalho foi divulgado no começo da “Water Week” e da conferência anual mundial de água em Estocolmo.

A ideia de que a falta de água forçará mudanças na produção animal não é nova, entretanto. Há três anos, a colunista da Drovers/CattleNetowork, Suzanne Bopp, disse que “por anos, reivindicações têm surgido sobre a quantidade de água que a produção pecuária requer. Produzir uma libra (0,45359 quilos) de carne bovina é dizer que se usa de 2.500 galões (1 galão equivale a 3,78 litros) de água até 6.000 galões de água (de acordo com os professores de Stanford, Paul R. e Anne H. Ehrlich, em seu livro “Population, Resources, Environment”). O Newsweek uma vez reportou que a água requerida por um novilho de 1.000 libras (~454 quilos) durante sua vida ‘flutuaria um navio contratorpedeiro (destroyer)’”.

Bopp escreveu que o cientista animal de U.C. Davis, Jim Oltjen, descobrou que uma libra de carne bovina “na verdade requer 441 galões de água (1.667 litros). A Associação Nacional de Produtores de Carne dos Estados Unidos (NCBA) usa essa pesquisa para responder às acusações de desperdício de água na indústria de carne bovina, conforme pode ser visto no site, http://beeffrompasturetoplate.org”.

Ainda parece muita água? O site www.waterfootprint.org diz que uma libra de arroz requer 403 galões de água (1.523 litros) e uma libra de chocolate precisa de 2.847 galões (10.762 litros).

“E embora metade de nossa água vá para a agricultura, é claro que não é o caso de toda, ou ainda a maioria, dela que está indo para alimentar o gado, conforme alguns afirmaram”, escreveu Bopp. “Uma pesquisa publicada pelo Journal of Animal Science concluiu que nossa produção total de gado usa somente cerca de 11% de nossa água. A água para produzir agricultura que se torna alimento de gado foi 9,7% do uso da água; o consumo pelos animais foi de 1,2%, representando o resto do total”.

“Com relação à afirmação, o site da NCBA traz informações. Eles usaram o relatório do U.S. Navy de que um contratorpedeiro precisa de cerca de 2,11 milhões de galões (7,98 milhões de litros) de água para flutuar. Conforme vimos, precisa de 435 galões de água (1.644 litros) para produzir uma libra de carne bovina sem osso. Se um novilho pesando 1.000 libras produz 450 libras de carne bovina sem osso, significa que são necessários um total de 195.750 galões de água (739.935 litros) – que deixaria um contratorpedeiro alto e seco”.

A reportagem é da Drovers, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

4 Comments

  1. Emerson Figueira disse:

    Não consigo entender essa conta.
    No Brasil, o gado bebe agua de córrego que se não for usada vai para o mar.
    Nosso pasto é regado pela chuva.
    Mas supondo que o gado tenha que beber agua de poço durante toda a sua vida, isso daria 50l por dia x 360 dias x 3 anos = 54000 l de agua.
    Se ele produzir 200 kg de carne daria 270 l de água por kg.
    Onde estou errando nessa conta?

  2. LUIZ ALBERTO FERREIRA disse:

    Concordo plenamente com o Emerson Figueira referente ao consumo de água pelo gado na maioria das propriedades brasileiras. Essas pesquisas estão fora da nossa realidade brasileira que possivelmente até 2050 continuará produzindo carne no sistema a pasto, ou seja boi verde. As áreas de pastagens degradadas voltarão a ser produtoras de grãos, tendo em vista a baixa produtividade de carne nestas áreas, porém áreas que não é possível fazer plantio continuarão sempre produzindo carne. Com a vigência do Novo Código Florestal não teremos dificuldades em fazermos o manejo correto da nossa água que na grande maioria vai para o mar.

  3. Daniel Barros disse:

    Acho que eles esqueceram o potencial do Brasil nessa pesquisa!

  4. Diego C. Pessoa disse:

    Emerson, o cálculo é feito considerando todo o processo de produção de carne; desde a água utilizada na fazenda até o frigorífico, e não obrigatoriamente só o que o animal consome.