Lideranças do setor agrícola reagiram ontem (22) às declarações do ministro da Agricultura, Wagner Rossi, e saíram em defesa dos processos movidos pelo Brasil na Organização Mundial de Comércio (OMC). Em entrevista ao Estado, Rossi defendeu que os setores que se sintam prejudicados por outros países tentem um acordo direto com os concorrentes e evitem disputas na entidade máxima do comércio global.
Lideranças do setor agrícola reagiram ontem (22) às declarações do ministro da Agricultura, Wagner Rossi, e saíram em defesa dos processos movidos pelo Brasil na Organização Mundial de Comércio (OMC). Em entrevista ao Estado, Rossi defendeu que os setores que se sintam prejudicados por outros países tentem um acordo direto com os concorrentes e evitem disputas na entidade máxima do comércio global.
“Negociar é sempre melhor. A questão é que nos casos que estão em análise foi esgotada a via da negociação. Foram anos de negociação infrutífera”, disse Pedro de Camargo Neto, mentor do painel do algodão e ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura na gestão Fernando Henrique.
Dois processos estão em vias de serem enviados pelo Brasil para a OMC: carne bovina contra a União Europeia e etanol contra os Estados Unidos. O Brasil questiona as exigências de rastreabilidade da carne feitas pela UE e a sobretaxa cobrada pelos EUA na importação de etanol.
Para Camargo Neto, o caso da carne bovina é “claro e muito forte”, porque os europeus fazem exigências duras ao Brasil, mas não cobram rastreabilidade de outros fornecedores, como Estados Unidos e Canadá. “Seria ótimo se o ministro pegasse um avião para Bruxelas e voltasse com um acordo para a carne bovina, mas é muito improvável”, disse. Ele ressalta ainda que a postura de Rossi enfraquece a posição negociadora do Brasil, porque o contencioso é uma arma para forçar mudanças dos parceiros comerciais.
Marcos Jank, presidente da União da Indústria da Cana de Açúcar (Unica), disse que o ministro está correto quando diz que a negociação é o melhor caminho, mas que os processos na OMC são um poderoso mecanismo de pressão. “Esgotamos três anos de diálogo. A via da negociação está sempre aberta, mas não podemos abrir mão de um instrumento importante”, disse.
A matéria é de Raquel Landim, publicada no jornal O Estado de São Paulo, resumida e adaptada pela Equipe MilkPoint.