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Setor frigorífico deve ficar ainda mais concentrado

Boa parte da consolidação vista até agora foi feita com o apoio do BNDES, que injetou recursos em grandes empresas como JBS e Marfrig. A ação do banco provocou queixas entre as empresas de pequeno e médio portes, que se sentem preteridas diante de um pequeno grupo de escolhidos. Desde o primeiro trimestre do ano passado até agora, dez empresas de carne bovina pediram recuperação judicial ou deixaram de operar, arrendando unidades para outros frigoríficos ou suspendendo os abates.

Boa parte da consolidação vista até agora foi feita com o apoio do BNDES, que injetou recursos em grandes empresas como JBS e Marfrig. A ação do banco provocou queixas entre as empresas de pequeno e médio portes, que se sentem preteridas diante de um pequeno grupo de escolhidos.

Desde o primeiro trimestre do ano passado até agora, dez empresas de carne bovina pediram recuperação judicial ou deixaram de operar, arrendando unidades para outros frigoríficos ou suspendendo os abates.

A crise financeira mundial, que atingiu seu auge no fim de 2008, precipitou o quadro, já que o crédito para essas empresas secou. Mas os frigoríficos já vinham sentindo os reflexos de oferta apertada de boi gordo – que ainda perdura – e muitos estavam alavancados após um período de euforia com o crédito fácil. Foi essa combinação que arrastou empresas como Independência e Arantes e permitiu a formação de gigantes no setor depois que a JBS incorporou a Bertin e arrendou unidades do Quatro Marcos, enquanto a Marfrig arrendou unidades do Mercosul e do Margen, em 2009.

A onda mais recente de pedidos de recuperação judicial – em maio foi a vez do Frialto e em julho, do Frigol – pode ser explicada também pela dificuldade dessas empresas de porte médio de concorrer num mercado dominado por companhias de grande porte.

“Num horizonte de cinco a seis anos, vão sobrar quatro e mais alguns [frigoríficos] médios e pequenos que vão atuar de forma especializada e regionalizada”, avalia José Vicente Ferraz, especialista no setor da consultoria AgraFNP. Os quatro, segundo Ferraz, deverão ser JBS, Marfrig, Minerva e Brasil Foods (resultado da fusão entre Perdigão e Sadia), que tem uma operação pequena em bovinos.

Ferraz explica que, num primeiro momento, a concentração no setor se deu pela incorporação de empresas menores pelas grandes. A nova onda, porém, reflete um desequilíbrio no setor, reforçado pela atuação do BNDES. Mais fortes, os grandes têm maior poder de barganha na compra de gado e nas vendas do produto final.

A matéria é de Mauro Zanatta e Alda do Amaral Rocha, publicada no Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

0 Comments

  1. jose carlos targa disse:

    Realmente vão ficar somente quatro empresas no seguimento da industrialização de bovinos, mas tem um outro detalhe muito importante, o rebanho brasileiro está diminuindo e tem muitos pequenos produtores saindo do seguimento de cria, recria e engorda, num futuro não muito distante, vai faltar realmente é matéria prima. Ou seja vai faltar carne.

  2. Evándro d. Sàmtos. disse:

    A concentração ou monopólio fomentado pelo digníssimo BNDEs é uma realidade,porém discordo da avaliação do senhor José Vicente Ferraz,especialista no setor da consultoria AgraFNP.

    A meu ver ele esta pessimista demais,só esta avaliando o mercado pelo foco das empresas que detêm a concentração monopolista e do queridíssimo BNDEs.

    Fatores como o cliente,sobre tudo as redes de médio varejo não aceitar ficar nas mãos dos impérios está sendo posta de lado.

    O fato das empresas menores buscarem trabalhar seus produtos de forma mais especializada é uma realidade,até porque é supra necessário se agregar valor a produtos que são tratados meramente como commodities pelos impérios.E também pelas grandes redes varejistas.

    Podemos observar novas empresas aparecendo,novos atores e novas propostas,não foi avaliado também pelo artigo a grande possibilidade dos pecuaristas estarem se organizando em associações ou cooperativas e a possibilidade destes também realizarem seus próprio abates.

    Vejo uma grande necessidade de a BRF entrar mais forte na área de abates de bovinos.

    Visto o Marfrig estar tão diversificado, E pisando firme em terreno antes,quase que somente fertizado pelas então Perdigão e Sadia.

    Devemos também lembrar que estamos em plena campanha eleitoral,se não for a Dimilnha paz e amor,mãe do PAC,mãe do trem bala e mãe do Tchok,a ganhar as eleições,muita coisa pode mudar,em se tratando BNDEs,quem sabe este banco não volte a se comportar com de fato deveria,ou seja como BNDES (com “S” maiúsculo).

    O alarmismo deste artigo é muito grande e tendencioso.

    Tenho a impressão que alguns interessados estão tentando semear boatos,com intenção clara de enfraquecer alguns frigoríficos de médio porte,que ainda estão firmes,lutando bravamente,e que ao longo do período de facilidades financeiras,não se alavancaram.

    Saudações,

    EVÁNDRO D. SÀMTOS.

  3. Paulo E. F. Loureiro disse:

    Prezados,

    Também não concordo com o artigo sobre o número de grandes players que vão ficar no mercado.
    Não acredito que fiquemos “apenas” com quatro grandes frigoríficos.
    Entendo que o médio varejo, casas de carnes especializadas (empórios) e até mesmo bons restaurantes precisarão de parceiros mais atentos, mais especializados em bom atendimento e em carnes diferenciadas.
    Esta lista com JBS, Marfrig, Minerva e BRF, tem de ser aumentada. Devemos crer e buscar soluções para que isso ocorra.
    As empresas que cito acima devem buscar especialização na gestão, em todos os aspectos. Ser grande requer grande capacidade de gestão (com precisão).
    Um dia o crédito farto diminui e a gestão é a única opção de sobrevida para um setor de margens tão estreitas.
    O Sr. Evandro tem razão em muitas de suas colocações.
    Abs,
    Paulo E F Loureiro

  4. Paulo Degrossi disse:

    UMA VERGONHA ESTA POLITICA ECONOMICA ADOTADA PELO BNDES

  5. Pablo Marshall disse:

    Amigos,

    Os únicos que se beneficiam com a concentração do abate formal são os acionistas dessas empresas, ponto.

    É chegada a hora para que se discuta como queremos que a cadeia se organize. Ninguém fará isso por nós.

    Se deixarmos esse Laissez Faire motivado pelo BNDES, a concentração será tal que num futuro próximo serão os controladores dessas empresas os que decidam os nossos destinos econômicos. O que já acontece em varios lugares do país.

    Devemos acordar.

    Abraco a todos

  6. JOSE FRANCISCO SOARES ROCHA disse:

    Prezados,
    acredito que o articulista tem razão sobre a concentração no setor,principalmente nos frigoríficos ou abatedouros,pois esta é uma tendência em todos os setores da economia,carne é comoditie,e é negocio pra gente grande,assim como nas comodities agrícolas que que o elo produtorxprocessadores esta nas mãos de poucos gigantes.
    há de se ter grande capital para bancar as operações,extrema competência na gestão,e muito feeling para gerir os riscos da economia.infelizmente elementos que não existiram na maioria dos nossos frigorificos.revejam a história nos últimos anos.
    não gostamos da forma como o bnds conduz este setor,mas jogar toda culpa no processo também não é justo.
    a cadeia produtiva da carne,necessita ajustar com uma ação de marketing todo o setor produtivo, da fazenda a mesa do consumidor final,e o governo não vai fazer, mesmo porque não é seu papel.
    necessitamos agregar valor na carne,ofertando o que o mercado necessita,prospectar novos nichos de mercado,estabelecer novas parcerias,talvez os criadores unirem-se atraves de associações.
    enquanto isto continuamos vendendo boi em pé,em muitos estados traseiros pendurados sem qualquer tratamento,problemas com certificação,problemas de negociação do boi com chiadeira de todos os lados,basta ler os artigos publicados neste site no ultimo ano.

  7. ODORICO PEREIRA DE ARAUJO disse:

    Tenho acompanhado a situação que se encontra a cadeia produtiva da carne bovina. não vejo a situação com bons olhos. tem muita coisa acontecendo por debaixo do pano. temos que preoculpar sim e defender cada setor dentro da cadeia produtiva da carne bovina. acredito que somente seremos ouvidos se organizarmos em sindicatos, cooperativas, associações. temos a ferramente. temos que coloca-la em prática. temos que fortalecer nossas entidades representativas.

  8. João Donizete Leite de Amorim disse:

    Bom dia,

    Senhores e bom lembrar que as arvores nao crescem ate o ceu.

  9. Antonio Pires Braga Júnior disse:

    Pois é… e o abuso dos grandes, continua.
    Hoje, consultei o digníssimo JBS (há anos, vendo boi gordo ao Bertin), quanto me pagam pela arroba do boi gordo, rastreado e de 1a. qualidade (boi europa).
    Me propuseram a bagatela de 77 reais, para apanha em Francisco Sá (MG). Alguém pode me explicar este disparate?

  10. Armando Gomes de Almeida disse:

    não precisa ser inteligente para saber que deve haver mais frigoríficos , na hora da venda do nosso rebanho, haverá mais sanches de pegar um preço melhor . veja bem se em uma cidade houver um posto de gazolina,.uma padaria,uma farmacia, como ficaria, ..,?, como seria o tratamento para com os clientes,…..péssimo , é o que ocorrerá se ficar meia duzia FRIGORÍFICOS ,vai ser CARTEL,MONOPÓLIO,enfim já esta havendo tudo isso disfarssadamente,o que estava nos salvando é a possibilidade de vender nossos protodutos para alguns frigorícos que ainda estão teimando em ficar no ramo.no Brasil se fala muito em abrir FRONTEIRAS para venda de nossos produtos,certo, na hora de nós
    vendermos ………. sem FRONTEIRAS…………?