Arrastados pela crise financeira global de 2008 por falta de capital de giro e exposição à variação cambial, boa parte dos pequenos e médios frigoríficos reclama da falta de auxílio do governo e da política de "vencedores e perdedores" empreendida pelo BNDES no setor. Mesmo após a crise financeira e de crédito, o cenário ainda é nebuloso no setor e alguns analistas avaliam que mais frigoríficos de porte médio podem pedir recuperação judicial.
Arrastados pela crise financeira global de 2008 por falta de capital de giro e exposição à variação cambial, boa parte dos pequenos e médios frigoríficos reclama da falta de auxílio do governo e da política de “vencedores e perdedores” empreendida pelo BNDES no setor.
Mas os bancos que operam no segmento afirmam haver uma “clara tendência” de concentração. Alguns agentes até estimulam indústrias médias a vender o negócio antes de perder mais eficiência em cenário amplamente desfavorável a empresas sem capital e atuação cada vez mais global.
“Percebemos mais facilidades para uns grupos e menos para outros”, diz o dono do Frialto, Tadeu Paulo Bellincanta. “Não houve boa vontade de operar conosco. Ficou patente a opção pela concentração”. “Mas nosso patrimônio é maior que a dívida. Foi um ´tropicão´. Vamos sair dessa”, diz Bellincanta.
O advogado Júlio Mandel, que representa o paulista Frigol, diz que a empresa pediu recuperação porque vinha enfrentando problemas de liquidez. “Eles tentaram recursos com o BNDES e com o Banco do Brasil, mas as propostas não foram aprovadas”. A empresa tem unidades em Lençóis Paulista (SP), Água Azul do Norte (PA) e Pimenta Bueno (RO), e opera parcialmente. A dívida do Frigol, que fatura R$ 750 milhões, está na casa dos R$ 160 milhões.
Em março de 2009, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou uma ajuda aos frigoríficos. Não queria que as indústrias do setor repetissem o drama da multinacional Parmalat, cuja quebra provocou desarranjo no setor lácteo, prejudicando pequenos produtores. Uma linha de R$ 10 bilhões foi criada para garantir capital de giro em um momento de retração de crédito e forte aversão a riscos.
Os grandes frigoríficos ficaram com metade desses recursos. Do orçamento global de R$ 10 bilhões, foram desembolsados R$ 6,4 bilhões até junho deste ano, informa o BNDES. E pouco mais da metade desse total foi emprestada por um agente financeiro, segundo fontes do governo. Dois frigoríficos, JBS e Marfrig, contrataram ao menos R$ 400 milhões do Programa de Crédito Rural Especial (Procer).
Mas os frigoríficos médios ficaram de fora dos benefícios. Seja porque o custo do crédito era muito elevado (11,25% ao ano) ou porque as exigências de garantias reais estavam acima da capacidade do segmento. “O governo não tem uma política de apoio a esse segmento”, aponta o presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), Péricles Salazar. “O auxílio que chegou não pôde ser acessado”.
No governo, avalia-se como correta a política do BNDES. Muitos desses frigoríficos médios têm gestão antiga, instalações velhas e são bastante endividados, apontam fontes. Como o setor exige muito capital, escala, logística e gestão profissional, algumas empresas estariam “fragilizadas” para receber novos aportes.
O cenário ainda é nebuloso no setor e alguns analistas avaliam que mais frigoríficos de porte médio podem pedir recuperação judicial. Uma das razões é que enfrentam forte concorrência na compra da escassa matéria-prima e na venda da carne.
Para algumas empresas, a situação começa a se normalizar. “Fomos lá no BNDES durante a crise, mas disseram que já tinham dado muito dinheiro para frigoríficos”, relembra o diretor de Controladoria do FrigoEstrela, Rubens Andrade Ribeiro Filho. O frigorífico, que deve R$ 188,4 milhões, está em recuperação desde novembro de 2008. “Agora, o faturamento ainda é 70% de antes da crise”, diz.
A matéria é de Mauro Zanatta e Alda do Amaral Rocha, publicada no Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.
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Realmente a política precisa ser de “vencedores e perdedores”.
Vencedores,aqueles que tem “amizades” com algumas pessoas abnegadas,como por exemplo o Zé Dirceu,o Genoino,o filho do Lulinha paz e amor.Todos altamente capazes de definir quem são os “vencedores e perdedores”.
Ai o Lulinha paz e amor,determina que seja aberta uma linha de crédito em março de 2.009 de míseros 10 bilhões de Reais,para nossa SUPRESA a metade disto vai para quem?
Para os impérios.
As plantas do Fralto,do Frigo Estrela e do Frigol são mesmo velhas arcaicas umas porcarias,só mesmo quem não conhece,ou tem muita cara de pau para falar uma asneira desta.
O custo do então credito liberado abnegadamente a 11,25%,era este o custo para todas as empresas?
As carências eram as mesmas para todos?
Por que será que os médios frigoríficos se ressentem com a concorrência na compra do boi e na vendas da carne?
Não seria porque o credito aos impérios é uma torneira sempre aberta e para os médios frigoríficos eternamente fechadas neste governo de pessoas tão honestas e dignas?
Mas a ABIEC diz que não existe monopólio,os agentes financeiros também dizem que nem concentração existe.
Devemos estar todos loucos,somente estas entidades devem estar certas.
Vamos votar em quem?
Dilminha paz e amor,mãe do pac,do trem bala,mãe do Tchok?
Saudações,
EVÁNDRO D. SÀMTOS.
parece que o tiro saiu pela culatra. fazendo campanha para vendas a vista, esquecemos dos pequenos e medios frigorificos, sem acesso ao BNDES, e ajudamos na concentração ainda maior dos grandes acabando de vez com a concorrencia e fortalecendo o mega cartel.
Isso nós podemos chamar somente de concorrência desleal,usam o seu dinheiro(BNDS) para minarem os concorrentes,comprando matéria prima mais cara e vendendo produtos abaixo do custo,já que sabem que quando precisarem de mais dinheiro para tapar os rombos conseguem facilmente e aguardam tranquilamente a morte lenta de alguns e de outros nem tanto, para ficarem sozinhos no mercado num futuro próximo.Tudo isso sendo assistido pelo governo que hoje é sócio dos chamados grandes.Isso sem falar nas retaliações futuras que poderão e certamente virão ,como terrorismo fiscal destinado aos pequenos,incentivos fiscais para os “grandes”e coisas que ainda estarão com certeza por vir.Os únicos que poderão tomar uma atitude quanto a essa concentração de frigoríficos são os próprios produtores,que certamente serão os que mais irão sofrer num futuro bem próximo,após o fechamento do último médio ou pequeno abatedouro.