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Sial 2002 – a busca pela competitividade internacional

Por Luciana Vieira1

Uma das vantagens trazidas pela globalização para empresas localizadas nos países em desenvolvimento é melhoria dos produtos e processos (upgrade) para atenderem a um consumidor mais exigente. Essas exigências do mercado internacional influenciam regulamentações e regras do mercado local beneficiando o consumidor doméstico. As novas regras competitivas para produtos agroindustriais exigem o atendimento aos rigorosos padrões de qualidade internacionais (Codex Alimentarius, Acordo SPS). Tanto a legislação brasileira quanto as empresas exportadoras apresentam-se adequadas para responderem a demanda internacional. O desafio hoje é produzir alta qualidade com baixo custos. E é claro, divulgar este fato.

Inseridos neste contexto, instituições governamentais (Sebrae, Apex, Embaixada Brasileira em Paris) e a iniciativa privada (Associações de classe, empresas exportadores) uniram esforços na participação brasileira na SIAL (Salon International de L´Alimentation) realizada em Paris de 20-24 de outubro. A delegação brasileira ocupava mais de 2.000m2 distribuída pelos diferentes pavilhões da exposição, cobrindo a agroindústria de mais de 90 países e sub-setores (lácteos, congelados, bebidas, frutas e carnes entre outros). Interessante também os produtos orgânicos, as inovações de produtos (geralmente, praticidade nas embalagens) e as tendências mundiais no consumo de alimentos.

Destaco, no entanto, a participação dos expositores de carne bovina brasileiros. Agrupados em 2 stands (South Brazilian Beef e Brazilian Beef), mostraram a integração e amadurecimento da indústria da carne no marketing internacional de um setor tão competitivo. Os brasileiros encontravam-se rodeados por stands de concorrentes ferozes como Inglaterrra (voltando ao mercado internacional após liberação internacional da “vaca louca”), Argentina, Nova Zelândia, Estados Unidos e Uruguai. O South Brazilian Beef, coordenado pela Sicadergs, representa o esforço da indústria gaúcha em retornar ao mercado internacional após os casos de aftosa ocorridos em 2000-2001. Este grupo de frigoríficos busca a diferenciação de seu produto ressaltando a genética européia de sua matéria-prima. Além disso, a parceria com o porto de Rio Grande garante uma vantagem logística. Já o Brazilian Beef, liderado pela ABIEC, após os resultados recordes de venda no ano de 2001, une os maiores e mais tecnificados frigoríficos brasileiros na divulgação de seus produtos. Além do amplo espaço destinado a cada uma das empresas, uma churrascaria foi especialmente montada para mostrar o melhor da carne brasileira – o sabor!

Apesar da instabilidade econômica que, entre tantas coisas, atrapalha o fechamento de contratos de longo prazo, a indústria da carne têm feito esforços no sentido de sustentar sua inserção no mercado internacional. Cabe ressaltar a importância da integração da cadeia de suprimentos quando o objetivo é garantir a qualidade. Maior integração e troca de informações com o produtor também é fundamental no desenvolvimento desta estratégia internacional.

1Luciana Vieira é doutoranda no Dept of Agricultural and Food Economics, The University of Reading, Reading, Inglaterra. E-mail: l.m.vieira@rdg.ac.uk

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