O coordenador da Central de Selagem de Vacinas, de Vinhedo/SP, Silvio Cardoso Pinto, classifica a decisão do Paraná de suspender a vacinação contra a Febre Aftosa como ´´temerária´´. ´´É perigosa a idéia de suspender a vacinação em qualquer estado brasileiro que esteja em área de fronteira com outros países da América do Sul. Na minha opinião pessoal, o Paraná deveria primeiro restringir a vacinação.
Biólogo desde 1965 e com a experiência de mais de 30 anos de trabalho em laboratórios de produção de vacina de aftosa, o coordenador da Central de Selagem de Vacinas, de Vinhedo/SP, Silvio Cardoso Pinto, classifica a decisão do Paraná de suspender a vacinação contra a Febre Aftosa como ´´temerária´´. ´´É perigosa a idéia de suspender a vacinação em qualquer estado brasileiro que esteja em área de fronteira com outros países da América do Sul. Na minha opinião pessoal, o Paraná deveria primeiro restringir a vacinação, fazendo apenas uma campanha por ano, antes de suspender definitivamente a aplicação de vacina em seu rebanho. Há muito tempo atuo nessa área e, sempre que há um surto, é por falta de vacinação´´, comenta.
Questionado sobre o impacto financeiro da decisão paranaense nos laboratórios, ele minimizou o fato, dizendo que a produção de vacina para aftosa não é a única fonte de renda dessas empresas. Ele também disse não entender como o fato da não vacinação pode ajudar nas exportações da carne oriunda do rebanho paranaense.
´´Os órgãos internacionais que representam os países que compram carne do Brasil nos visitam para checar se a vacinação de fato está acontecendo, ou seja, querem comprar carne de gado que foi vacinado e, seguramente, está livre da doença. É bom ressaltar que, na carne do animal, não fica qualquer vestígio da vacina. Se o Paraná tiver seu pedido atendido pelo MAPA e realmente parar de vacinar, vai precisar fazer um trabalho muito sério para conquistar a confiança do mercado internacional de que é área livre de aftosa sem vacinação´´, finalizou.
A Central de Selagem de Vacinas (CSV) existe desde 1998, quando nasceu de uma parceria entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan), com a missão de apoiar o Plano Nacional de Erradicação de Febre Aftosa (Pnefa). É lá que cada frasco de vacina contra a aftosa fabricada no Brasil recebe um selo holográfico – o mesmo utilizado nas notas de euro, oriundo de uma empresa alemã – que permite a rastreabilidade total do produto, garantindo a procedência e facilitando a fiscalização, o controle de qualidade e a distribuição das vacinas.
As informações são da Folha de Londrina, resumidas e adaptadas pela Equipe AgriPoint.
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A vacinação é UMA DAS ações profiláticas para controle e erradicação de epizootias, em especial a febre aftosa. A classificação de área livre de febre aftosa com vacinação foi aceita pelo OIE/OMS (Escritório Internacional de Epizootias) para atender uma condição provisória, no qual o Brasil se destaca, sendo que alguns países a enxergam com ressalvas. O que se deseja é um país livre da enfermidade, e como tal sem vacinação. O MAPA e o Governo do Paraná tem capacidade técnica e administrativa para avaliar os riscos da adoção deste importante passo, rumo a tornar o Brasil livre de febre aftosa.
Parabéns ao sr. Cardoso Pinto por levantar uma questão bastante pertinente. Mesmo concedendo a possibilidade de conflito de interesses, de que ele fatalmente vai ser acusado, não posso negar meu apoio a sua tese.
Imaginem que delícia um foco de febre aftosa no Brasil. Que estrago longamente duradouro não faria nos preços do boi em todo o país. Que volatilidade, que incertezas traria em desfavor do produtor. Que terrível ferramenta nas mãos do cartel dos compradores de reses gordas!
A classe pecuarista deve ver, sim, como altamente preocupante a hipótese de suspensão da vacinação, pois o vírus vai continuar circulando na população de animais silvestres, queira-se ou não. Há poucas semanas tivemos em Jussara (GO) um terrível exemplo do que é um “outbreak” de uma doença em área livre sem vacinação, com perdas econômicas importantes. Felizmente as perdas foram apenas de bovinos e praticamente da totalidade do rebanho silvestre de capivaras, pois a doença era a raiva. Imaginem se fosse a aftosa…
A carne brasileira hoje é altamente demandada em todo o mundo, e assim vai continuar. Basta ver que nossos preços em dólar são da mesma magnitude que os auferidos pelos nossos concorrentes dos EUA e Austrália. Novos compradores para a nossa carne estão brotando em cada esquina. Estudos da FAO recentemente divulgados (https://beefpoint.com.br/fao-preve-novo-salto-dos-precos-dos-alimentos_noticia_60648_15_166_.aspx#carta49577) indicam a necessidade de dobrarmos a produção até o ano 2050.
Não há nenhuma garantia de que a carne de nosso rebanho vá aumentar de valor pelo mero fato de que o gado não mais seja vacinado. Não quero posar de dono da verdade, mas minha opinião sincera é que quem fala o contrário abusa da ingenuidade, da irreflexão ou da defesa de interesses ocultos. O fórum para discutirmos este assunto é aqui mesmo no BeefPoint, quem tiver opinião discordante que se manifeste.
Para ser bastante sucinto, concordo que a vacinação traz mais garantias para todos. Concordo também quando o Sr. Cardoso diz que seria prudente restringir à uma vacinação anual antes de suspender definitivamente a vacinação no Estado.
No que se refere aos laboratórios é evidente que a estes não interessa nem um pouco esse assunto de parar ou sequer restringir as vacinações.
O fato é que se os laboratórios se contentassem com lucros menos corrosivos à classe rural ninguém estaria tão interessado em sucumbir com a prática da vacinação contra aftosa. Mas vendo o produtor obrigado a vacinar e ainda por duas vezes ao ano eu imagino as margens de lucro e a montanha de gente que lucra pesado nas costas do produtor.
Esse é o ponto, o produtor está para os laboratórios como o gado para as moscas de chifre… é tanta ferroada que até veneno no lombo traz alivio.