Simulação mostra variações do custo de produção

A pedido da Equipe BeefPoint, a Scot Consultoria elaborou os custos de produção da arroba para a segunda quinzena de dezembro. As simulações foram divididas em níveis de tecnologia empregada, utilizando o conceito de UA (Unidade Animal) por hectare. Uma UA corresponde a 450 Kg de peso vivo animal.

O modelo encolhido como base foi o de uma propriedade localizada no estado de São Paulo, com 2 mil hectares, dos quais 1,55 mil são aproveitáveis para a produção. A fazenda realiza recria e engorda dos animais. O valor do hectare estipulado foi de R$ 6 mil, valor médio da terra de pastagem na região de Araçatuba. O custo obtido por arroba é o custo operacional, soma do custo fixo com o custo variável. A remuneração do capital não foi contabilizada. “O custo fixo é constituído basicamente pelas depreciações. O custo variável se constitui de todos os outros gastos para custeio e produção”, explica Fabiano Tito Rosa, zootecnista e analista da Scot.

Baixa tecnologia

Foi considerada como propriedade de baixa tecnologia empregada, classificada também como de produção extensiva, uma fazenda com capacidade de suporte média anual de 0,5 UA por hectare. Neste sistema, foram produzidas, segundo a simulação, 6,45 mil arrobas durante o ano, e o custo da arroba ficou em R$ 49,45.

Segundo Tito Rosa, o que mais pesa na formação dos custos em propriedades de exploração extensiva, são os custos fixos, isto é, as depreciações, que podem representar de 30 a 40% na formação dos custos totais. “As depreciações geralmente não são observadas pelos produtores. O pecuarista vai empobrecendo sem perceber. Ele vai tocando a atividade, mas não reserva caixa para reinvestir, para trocar as máquinas da propriedade. Quando se dá conta, ele se vê obrigado a fazer empréstimos bancários, e começa a se endividar”.

Média tecnologia

Foi delimitada como propriedade de média tecnologia, módulos de produção com capacidade média de suporte anual de 1 UA por hectare. Aumentando o nível de tecnologia, o custo fixo começa a baixar. “Quanto maior a tecnologia implantada, menor o custo fixo por cabeça. A propriedade passa a contar com um número maior de cabeças, utilizando a mesma área. Há uma melhora no aproveitamento das instalações da fazenda, diluindo os custos de depreciação. Produz-se mais pela mesma quantia de capital imobilizado”, explica Tito Rosa.

Nesta simulação a produção subiu para 16,22 mil arrobas por ano, e o custo de produção ficou em R$ 47,45 por arroba produzida.

Alta tecnologia

Nesta simulação, foi considerada propriedade de alta tecnologia implantada, sistemas de produção capazes de suportar 2,5 UA durante o ano. Nesse exemplo foram produzidas 70,35 mil arrobas durante o ano e o custo da arroba declinou abruptamente para R$ 29,25 por arroba.

O maior componente dos custos de produção, quando se trabalha com alta tecnologia, passam a ser os insumos, principalmente corretivos, fertilizantes, sementes e defensivos. “A implementação de alta tecnologia aumenta muito a produção de arrobas por hectare, e isso compensa o aumento com gastos em insumos”, afirma o zootecnista.

Confinamento

Foi realizada também uma simulação para o custo da arroba produzida. Neste sistema os animais entrariam no cocho pesando em média 12 arrobas e vendidos com peso médio pouco acima a 16 arrobas. O tempo estimado em que os animais ficariam confinados giraria entre 100 a 115 dias. Para essa simulação, o custo da arroba ficou entre R$ 60,50 a R$ 62,50.

“O custo da arroba confinada irá depender da composição da dieta e, sobretudo, da compra do boi magro. Lembrando que os preços de alguns concentrados, como polpa cítrica, farelo de soja e caroço de algodão, caíram bastante ao longo do segundo semestre deste ano. Portanto, quem planejar bem a composição da dieta, poderá trabalhar com custos próximos a R$ 60,50 por arroba”, observa Tito Rosa.

Pela última cotação da Scot Consultoria, realizada ontem, quarta-feira, o valor de venda, a prazo, da arroba do boi estava em R$ 61,50 na praça paulista. Valor esse apenas R$ 0,50 acima do cotado no mesmo período do ano passado.

Fabiano Tito Rosa, zootecnista e analista da Scot, faz questão de frisar que as simulações são subjetivas, variam muito de região para região, nas técnicas empregadas em cada propriedade, instalações presentes na fazenda e distância de fornecedores de insumos, além de outras variáveis.

Fonte: Equipe BeefPoint

0 Comments

  1. Maurício cesar lopes do Nascimento disse:

    Uma dúvida me surgiu ao ler o referido artigo.

    Gostaria se possível de saber do Fabiano Rosa, da Scot consultoria, qual foi o critério utilizado para essa análise de custos relativos ao confinamento.

    Por exemplo, qual foi a quantidade média de concentrado fornecida por animal por dia, e também confirmar se nesses custos dos custos de produção estão inclusas as depreciações de maquinário e instalações.

    Muito obrigado

  2. Miguel da Rocha Cavalcanti disse:

    Prezado Sr Maurício do Nascimento,

    Na simulação de custos do confinamento, consideramos que o animal entra com 12@, a R$707,00/cabeça, e depois de 100 a 115 dias é negociado com pouco mais de 16@. Ele irá ingerir de 5 a 6kg de concentrado ao dia. Também foram consideradas as depreciações de instalações e maquinários, em 8 anos.

    O que ajudou agora no final do ano foi a redução dos preços dos concentrados. A cotação da polpa cítrica, por exemplo, caiu 17% ao longo do segundo semestre. No mesmo período, o preço do milho recuou 34% e o do refinazil 40%. Já a cotação do boi magro praticamente não variou.

    Nos confinamentos que avaliamos no início do semestre, os custos de produção foram superiores aos apontados nessa simulação.

    Cordialmente,

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