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Sinal dos tempos

Em dias e tempos em que muitas das notícias que ouvimos a respeito do cruzamento industrial e, especificamente de nossa raça, são tão negativas, temos que fazer valer os resultados positivos do uso de taurinos e, principalmente do Limousin.

Não podemos deixar que erros cometidos por poucos: uso indevido e em condições não favoráveis, campanhas difamatórias sobre resultados de produtos meio-sangue no abate, uso de touros sem registro e sem garantia, touros produzidos por criadores sem a menor consciência do que estão produzindo, sejam estes Limousin ou de qualquer outra raça taurina prevaleçam sobre a maior rentabilidade proporcionada pelo uso correto, profissional e categorizado de touros bem criados, selecionados e vindos de criatórios que encaram esta atividade profissionalmente e que tenham uma visão clara e ampla das necessidades da pecuária moderna.

Pois é isto mesmo. Cruzamento industrial não é para amadores, ou para quem encara a pecuária de maneira simplista, antiquada e sem maiores ambições.

Estamos em guerra. Guerra por performance, precocidade, funcionalidade e adaptabilidade. O Brasil num futuro próximo será o maior produtor mundial de proteína animal e o nosso papel é de extrema importância.

Os criadores de qualquer raça, seja taurina ou zebuína, que não estiverem atentos a esta guerra, estarão automaticamente fadados à extinção. Seja a própria raça ou o próprio criador.

Como acredito e tenho provas que o cruzamento industrial é sinônimo de maior lucro aos produtores de carne, creio mais ainda nos resultados extremamente positivos que o Limousin proporciona. Mas isto não basta. O mais importante é o pecuarista e o produtor de carne acreditar e, principalmente, querer ter mais lucros. Isto necessariamente tem de partir de nós criadores.

Erros foram cometidos e lições foram aprendidas.

Temos de oferecer ao mercado touros acima de 24 meses, com bom desenvolvimento. Reprodutores que obrigatoriamente tenham exame andrológico, e que seu pedigree seja uma garantia de produção de animais funcionais (ótima estrutura, profundos, compridos e com frame moderado), precoces (sexual e terminação) e com performance (ganho de peso e adaptabilidade aos vários tipos de dieta).

Precisamos de uma vez por todas usar e acreditar na DEP (Diferença Esperada na Progênie). Esta é uma ferramenta simples, mas de muita importância na seleção de reprodutores e matrizes.

Temos que estar atentos para as necessidades dos produtores de carne, e isto só é possível se visitarmos fazendas de produção, confinamentos, participando de eventos, trocando informações com outros criadores, consultando publicações especializadas, sejam nacionais ou do exterior, pois não esqueçam que o Limousin é hoje uma raça internacional.

O.K., é de origem francesa, mas o Brasil produz mais carne acidentalmente do que a produção inteira da França. O Limousin é líder das raças continentais nos EUA e Austrália, é a raça de corte mais usada no Canadá, Reino Unido, Alemanha e em quase todos os mais importantes países da Europa. Não podemos deixar de ficar atentos a este fato, e usar a nosso favor a genética desenvolvida em todos estes países.

Em cada país, o Limousin é a raça preferida dos pecuaristas que querem somar rendimento de carcaça (o qual a raça é imbatível), qualidade de carne e maior lucratividade ao seu rebanho.

Este é o sinal dos tempos, e no Brasil não será diferente.

0 Comments

  1. Benjamin Lins disse:

    Prezado Luis Marcos,

    Em atenção ao seu artigo, somente posso dizer que a decadência das raças taurinas no Brasil se deve, ao meu ver, por algumas questões básicas:

    1) o Nelore tornou-se precoce e, dessa forma, é a raça perfeita para a produção de carne a pasto no Brasil;

    2) O Nelore é imbatível na questão de baixo custos de produção;

    3) O Nelore não luta contra a natureza. Ele está perfeitamente adaptado ao nosso clima;

    4) Os próprios cridores tradicionais das raças européias estão acabando com os seus criatórios e partindo para o Nelore, gerando uma propaganda extremamente negativa para as raças taurinas.

    Quanto ao último ponto, reforço que os criadores TRADICIONAIS (!!!) das raças européias foram os que mais investiram no Nelore nos últimos anos, fazendo com que esta raça fosse extremamente valorizada.

    Acredite: o Nelore não é modismo. É raça perfeita e é imbatível no Brasil.

  2. Luiz Marcos Stockler disse:

    Caro Benjamin,

    Algumas considerações sobre sua resposta:

    1- Meu artigo é sobre as vantagens do cruzamento industrial e de maneira nenhuma deixo de reconhecer as qualidades fundamentais do Nelore dentro deste processo.

    2- Os custos de produção de um bezerro fruto de cruzamento industrial e de um bezerro Nelore é praticamente o mesmo. Mas não tenha dúvida, alguns investimentos têm que ser feitos, pois se o retorno financeiro é maior no cruzamento industrial, o manejo de touros taurinos é diferente e requer uma maior atenção.

    3- O Cruzamento Industrial realmente é contra a natureza. Mas no bom sentido, pois resulta em animais com um maior poder de ganho de peso, precoce sexualmente e no acabamento de gordura, e com uma adaptação tão boa quanto aos puro zebuínos.

    4- Existem criadores e criadores. Alguns obtém sucesso, pois possuem uma visão mais ampla de pecuária, e outros fracassam por não a possuirem.

    5- Os maiores investidores de Nelore nos últimos tempos não são pecuaristas em sua maioria, e é aí que mora o perigo.

    6- Não existe raça perfeita.

    Abraço

  3. Miguel Jiménez de Aréchaga disse:

    Estimado colega,

    Además de compartir en un 100% su exposición, lo felicito por la claridad de los conceptos manejados y de la comprometida tarea que le cabe a las sociedades de criadores de la raza y a todos los ganaderos. Sin duda que nuestro esfuerzo no solo pasa por ser un “buen” productor si no en el cuidado de que otros “pasajeros” productores no empañen el resultado comercial y en especial el de los cruzamientos vendiendo reproductores que no llenan los mínimos requisitos.

    Lo saluda un productor de toros Limousin del Uruguay.

  4. Marcelo Manella disse:

    Caro Luiz Marcos,

    Parabéns pelo excelente artigo Sinal dos Tempos. Creio que falar de raça de gado de corte é como discutir sobre time de futebol. Cada um tem sua preferência, e acredita que é o melhor! Porém na cadeia da carne devemos ser mais racionais, deixando o fanatismo de lado, e pensar em eficiência.

    Sem dúvida o rebanho Nelore tem sua importância na cadeia da carne brasileira, e nos últimos 20 anos houve melhora genética significativa o que possibilitou a redução da idade de abate e aumento no peso de carcaça, e como comentado por outro colega, ainda é a melhor raça que se adapta as condições climáticas de nosso país, e a única que sobrevive a situações adversas, como falta de comida e manejo sanitário adequado. Infelizmente esta última ainda é a grande realidade no Brasil. Afirmação esta generalista, é claro.

    O cruzamento industrial é uma ferramenta a ser inserida no sistema como forma de melhorar a eficiência produtiva, por abater animais mais precoces e com carcaças superiores em acabamento e carne reconhecidamente mais macia. O cruzamento não é uma ferramenta para soluções de problemas básicos como de manejo de pasto, sanitário e nutricional. Fatores estes que foram determinantes para grande número de experiências negativas no cruzamento industrial.

    Acredito no cruzamento industrial, e conheço diversas propriedades onde deu certo! Mas estas propriedades fazem o”arroz com feijão” da pecuária.

    Em nosso país há espaço para várias raças, mas sem o zebu não existe cruzamento industrial. Como você mesmo afirma, não existe a raça perfeita, mas acredito que exista a que melhor se encaixa nos objetivos de cada propriedade.

    E a propósito, torço pelo Palmeiras, e me simpatizo com o Nelore!

    Um Abraço

  5. Pedro Luiz Alves Nunes disse:

    Neste final de semana, navegando pela internet, visitei o site “BeefPoint”, que encontra-se nos favoritos de meu computador, e tive a felicidade de ler o artigo “Sinal dos Tempos”.

    Há muito tempo que não vejo uma matéria tão realista a respeito de nossa pecuária, principalmente a de corte.

    Enquanto a agricultura aplica tecnologia de ponta do plantio à colheita e faz pesquisas insistentemente para o melhoramento genético de sementes, onde todo o agricultor brasileiro tem acesso e utiliza com bons resultados, a pecuária produtora de carne passa ainda por “chavões” como “não vou sujar o meu gado” numa alusão ao cruzamento industrial, que queira ou não, será o futuro (muito) próximo de nossa pecuária, pois já deu seu início e agora não terá mais retorno, pois como bem disse o criador Marcos Stockler, “quem faz bem feito, sempre tem resultados positivos” (e estamos falando aqui de lucro líquido e não de paixões na escolha desta ou daquela raça).

    Fazer bem feito sim, tendo um bom manejo de pastagens, funcionários que entendam e cumpram suas obrigações e metas, esquema sanitário e uma boa ferramenta para gerenciar seu plantel que com certeza os resultados positivos aparecem, principalmente quando se usar touros de qualidade comprovada e matrizes selecionadas.

    Ah, não podemos esquecer de uma coisa importante, o Brasil é grande, ou melhor, imenso, tem lugar para todos e principalmente para quem fizer um trabalho profissional, vai conquistar seu espaço. Agora, precisa ser um trabalho no campo, com pesquisas, com números que somam e produzam valores agregados e não apenas notícias como “é o mais precoce, é o mais fértil, é o mais rentável, é o mais isto ou aquilo” pois se abrirmos uma revista do setor, todas as raças dizem a mesma coisa! ou será que estou enganado?

    Para finalizar, quero parabenizar:

    1º – O BeefPoint por esta oportunidade de criadores, técnicos e publicitários dar suas opiniões neste espaço aberto;

    2º – O criador Marcos Stockler pelo excelente artigo;

    3º – Os leitores, pelos comentários estendidos a este artigo, dando condições de aprofundar e refletir sobre o assunto, demonstrando estarmos em uma democracia;

    4º – e finalmente, a raça Limousin e a raça Nelore, que nos deram a pauta para estas discussões construtivas, que sem dúvida alguma, no campo, são raças que se complementam, e sobre este aspecto, indiscutível!

  6. Henrique Costa Filho disse:

    Amigo Marcos Sockler

    Demorei para ler seu artigo no Beefpoint, mas gostei muito do que li.

    Quando se deixam de lado paixões e interesses por uma determinada raça é que se percebe que raças pefeitas realmente não existem.

    Lutar contra os cruzamentos industriais é, sem dúvida, um grande retrocesso; precisamos sim é termos animais de cruzamento dentro dos padrões exigidos pelo mercado e, consequentemente, pelos frigoríficos.

    O grande erro é pensar que com o cruzamento industrial todos os problemas estarão resolvidos e, na verdade, se não tivermos manejo e nutrição para suportar o cruzamento aí sim é que a “vaca vai pro brejo”!

    Precisamos e devemos continuar a realizar cruzamentos visando um maior lucro, e o Nelore terá sempre uma importância muito grande e indispensável.