Por Fabiana Salgueiro Perobelli, BMF
No período de 9 a 24 de agosto, o mercado físico de boi gordo se comportou de forma atípica. O Indicador do Boi Gordo a Vista no Estado de São Paulo Esalq/BM&F caiu de R$61,80/arroba para R$61,48/arroba. Dentre os fatores que explicaram esse comportamento, destacaram-se as baixas temperaturas ocorridas nos meses de julho e agosto, que propiciaram aumento da desova por parte dos pecuaristas. Além disso, começaram a aparecer no mercado lotes de bois confinados. Essa antecipação era esperada para setembro e acabou contribuindo para se tornar fator limitador para elevações nos preços do boi. Este não era o comportamento esperado por parte dos agentes, que acreditavam que os preços do boi estariam melhores nesse período em decorrência do excelente desempenho das exportações.
Com relação aos preços dos cortes de carne, estes se mantiveram estáveis em agosto. O dianteiro estava sendo vendido a R$2,60/kg e o traseiro, a R$4,10/kg.
O mercado exportador continua sendo o destaque para a cadeia da carne. Nos primeiros sete meses de 2004, foram exportadas 602,8 mil toneladas, sendo 481,7 mil toneladas de carne in natura e 120,6 mil toneladas de carne industrializada. Os números impressionam se comparados ao mesmo período de 2003, quando foram exportadas 447,4 mil toneladas (344,2 mil toneladas in natura e 103,5 mil toneladas de industrializada).
As quantidades médias mensais compradas pelos principais países importadores de carne brasileira em 2004 foram maiores que em 2003. Países como Rússia e Egito, que em 2003 compraram em média 7.050 toneladas/mês e 6.488 toneladas/mês de carne, respectivamente, para este ano, já apresentaram médias maiores: 10.473 toneladas/mês e 10.979 toneladas/mês. Outros países que não eram representativos para as exportações de carne brasileiras elevaram sua participação em 2004. A Argélia subiu suas importações médias mensais em 79,9%; já Israel teve crescimento da ordem de 32%. Os países que mais se destacaram foram Macedônia, Malta e Venezuela, com ascensão média mensal de 111%, 227% e 974%, respectivamente. Essas elevações são importantes, pois evidencia o novo mercado comprador de carne brasileira, o que é excelente para a cadeia da carne, pois demonstra a solidificação do país internacionalmente.
Com relação ao preço da carne bovina in natura para exportação, houve correção neste ano no valor da tonelada exportada se comparado a 2003. Essa recuperação é importante, pois, em 2003, o preço médio havia caído em relação ao ano anterior. Em 2002, o preço da tonelada exportada de carne em julho foi de US$1.937,15; em 2003 de US$1.660,31; e em 2004 de US$2.181,47.
O mercado futuro de boi gordo acompanhou o comportamento do físico e apresentou quedas nas cotações de agosto. O vencimento outubro/04, por exemplo, estava cotado a R$67,68/arroba, em 2 de agosto, e passou para R$64,65/arroba, no dia 23. O mercado ofereceu oportunidades para os pecuaristas fixarem seu preço de venda de forma competitiva. Por isso, a importância de ter o custo “na mão” e acompanhar diariamente o comportamento dos preços no mercado futuro.
O mercado de boi gordo também se destacou na BM&F e gerou nos sete primeiros meses de 2004 um volume negociado de 2,4 milhões de cabeças. Por dia, têm sido transacionadas 20 mil cabeças de boi.