Fazenda Guarita realiza leilão virtual
3 de novembro de 2005
Esalq sedia 2o Congresso Brasileiro de Assistência Técnica e Extensão Rural
7 de novembro de 2005

Síntese agropecuária BM&F – 01/11/2005

Em outubro de 2005, o Brasil se viu às voltas com o retorno da febre aftosa. No dia 10, foi anunciado um foco de febre aftosa no Mato Grosso do Sul, no município de Eldorado. Depois foram confirmados outros em Japorã e Mundo Novo, totalizando 11 focos. Há, nesse momento, suspeita de focos no Paraná, em municípios limítrofes ao MatoGrosso do Sul, e em animais que participaram da feira de Londrina,entre os dias 4 e 9 de outubro.

Os preços do boi gordo haviam se recuperado e apresentado trajetória de elevação no período de 13 de setembro a 11 de outubro. A partir de 13 de outubro, os preços passaram a refletir o foco de aftosa do Mato Grosso do Sul e tiveram declínio, como pode ser notado no Gráfico 1.

Gráfico 1: Evolução dos preços do boi gordo no mercado à vista em São Paulo


O foco de aftosa apareceu com o mercado em entressafra e, portanto, com pouca oferta de animais para abate e pouca oferta de carne. Apesar de o mercado na entressafra ser abastecido por animais em confinamento, estimava-se para este ano uma oferta de confinamentos menor, em função do custo elevado e do baixo retorno da atividade. Os preços da carne no atacado refletiam esse comportamento e, no dia 6 de outubro, o traseiro estava a R$4,70/quilo e o dianteiro a R$3,20/quilo.

Com a confirmação dos focos de aftosa e a impossibilidade do Mato Grosso do Sul exportar carne, os frigoríficos que têm plantas em vários estados tiveram de realocar sua produção e a carne daquele Estado destinou-se ao mercado interno. O atacado passou a refletir essa maior oferta de carne e, no dia 25 de outubro, os preços do traseiro estavam a R$4,30/quilo e o dianteiro a R$2,80/quilo.

O mercado futuro de boi gordo refletiu as expectativas dos agentes. Como poderá ser notado no Gráfico 2, o mercado estava refletindo elevação dos preços, em função dos sinais do físico de uma oferta menor de bovinos na entressafra e o desestímulo à atividade de confinamento. Em 6 de outubro, os vencimentos outubro/05, novembro/05 e dezembro/05 fecharam a R$62,02/@, R$63,00/@ e R$62,88/@, respectivamente, inclusive gerando oportunidades de preços de venda satisfatórios para os pecuaristas.

Gráfico 2: Evolução dos preços futuros na BM&F


Em 10 de outubro, o mercado refletiu imediatamente a confirmação do foco de febre aftosa e os vencimentos outubro/05, novembro/05 e dezembro/05 fecharam em R$59,65/@, R$60,84/@ e R$60,35/@. O mercado se manteve declínio, ajustando-se aos novos fatos: confirmação de focos no Mato Grosso do Sul, suspeita no Paraná e o número de países que bloquearam as importações de carne (Tabela 1).

Tabela 1: Países que decretaram embargo à carne bovina brasileira


O pregão de 25 de outubro fechou em alta para todos os vencimentos e apresentou recuperação. O mercado já estaria refletindo as dificuldades que os países importadores têm de deixar de comprar carne do Brasil. Hoje, o Brasil é o maior exportador de carne bovina e responsável por 26% das exportações mundiais, segundo dados da FAO. Se houver um embargo mundial à carne bovina brasileira, haveria um déficit de oferta de carne bovina, o que poderia conduzir a elevação dos preços internacionais da carne, gerando inflação nos países compradores. Além disso, países como Rússia e Egito, hoje se encontram abastecidos, no entanto, voltarão às compras em janeiro. Nesse sentido, o que o mercado parece refletir é que o Brasil terá dificuldades de exportar para a União Européia, em razão principalmente da pressão de seus produtores, mas no médio prazo, provavelmente a partir de janeiro de 2006 os demais compradores continuarão a comprar carne do Brasil e o embargo ficará limitado à área onde os focos foram encontrados.

Fonte: BM&F, adaptado por Equipe BeefPoint

Os comentários estão encerrados.