Por Fabiana S. Perobelli e Roberto A. Simonsen
No período de 18 a 24 de setembro, o mercado de boi gordo “andou de lado”. O indicador Esalq/BM&F (SP) iniciou o período em R$58,90/arroba e fechou a R$58,97/arroba.
Tal comportamento ocorreu em função do fraco consumo de carnes no mercado atacadista. Tendo em vista a fraca demanda, o mercado atacadista continua lento, com os cortes traseiro e dianteiro sendo negociados a R$2,70/kg e R$4,10/kg, respectivamente.
No mercado de reposição, o indicador ESALQ/BM&F (MS) fechou, no dia 24, a R$376,73/cabeça, apresentando queda de R$1,12/cabeça no período. Os vencimentos curtos do mercado de boi gordo (setembro/03 e outubro/03) se comportaram em queda, enquanto os longos se valorizaram (vide tabela).
O mercado futuro indica o deslocamento do pico da entressafra para o final do ano, especialmente para dezembro/03. Se for considerada a taxa de juro, note-se que o pico se desloca para novembro/03. As expectativas dos agentes podem ter se baseado em alterações climáticas recentes que acabaram resultando na antecipação da desova de alguns animais.
Do ponto de vista do frigorífico, é preciso atentar para os preços sinalizados pelo mercado futuro e se antecipar, fixando o preço de suas exportações. Nota-se que o frigorífico, quando fecha uma exportação, sabe o quanto vai receber em dólares pela carne exportada. No entanto, a exportação só irá ocorrer daqui a dois ou três meses. Ou seja, se for embarcar a carne em janeiro, irá comprar o boi em dezembro – nesse período, os preços do boi podem subir, e, para não correr esse risco, o frigorífico pode antecipadamente fixar o preço do boi através da compra de contratos futuros. Além disso, o frigorífico corre outro risco – o da taxa de câmbio se valorizar. Apesar de vender a carne em dólares, ele receberá reais pela exportação.
Tomando como exemplo o preço médio da carne exportada em agosto (US$1.890/tonelada), observe-se que para a taxa de câmbio de R$2,92 do dia 24, o frigorífico auferia receita de R$5.518/tonelada (1.890 x 2,92). Se a taxa de câmbio for para R$2,50 na época do embarque, a receita cairia para R$4.725/tonelada (1.890 x 2,50).
Para não correr esse risco, o frigorífico poderia vender contratos futuros de dólar e garantir antecipadamente sua receita.