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Síntese Agropecuária BM&F – 27/02/04

Por Fabiana Salgueiro Perobelli

Os preços do boi gordo se depreciaram em fevereiro e estavam, no dia 18, em R$58,34/arroba a vista, apesar de as vendas para o mercado exportador continuarem aquecidas. O que motivou a depreciação dos preços no físico foram a estabilidade do consumo interno e a elevada oferta de bois e vacas para abate. Os preços da carne no atacado continuaram estáveis no dia 18: o traseiro estava em R$4,20/kg e o dianteiro em R$2,50/kg.

Um aspecto que tem sido monitorado pelos agentes a fim de traçarem seus cenários de preços para o futuro é a questão da gripe do frango. Caso ela ganhe proporções, o Brasil poderia se tornar o grande fornecedor mundial desse produto. Com isso, haveria direcionamento da produção do frango para o mercado externo, diminuindo a oferta interna e, conseqüentemente, elevando os preços ao consumidor final.

Como o consumidor, geralmente, substitui a carne de boi de segunda pela de frango e caso o preço do frango se eleve, poderá haver a procura dos agentes pela carne de boi de segunda, abrindo espaço para aumentos. Como esse cenário não está desenhado, o mercado futuro de boi gordo tem refletido a maior oferta de carnes para abate e o consumo de carne está estável, o que se refletiu em preços em queda.

Em reunião realizada em 18 de fevereiro, o Comitê de Política Monetária manteve as taxas de juro em 16,5% ao ano. É interessante notar que o mercado de boi gordo fechou, no dia 19 de fevereiro, em R$66,30/arroba para o vencimento outubro/04 e em R$56,47/arroba para maio/04. O agente que tivesse operado esse spread – comprado contratos para maio/04 e vendido para outubro/04 – teria fixado uma taxa de juro ao ano de 25,19%, ou seja, o mercado de boi gordo ainda não buscou a paridade com a taxa de juro interna, o que viabilizou operações como esta.

Com relação ao mercado de reposição, é importante lembrar que o pecuarista tem nos contratos futuros de boi gordo e bezerro instrumento importante para realizar a reposição do rebanho. O pecuarista que fará a reposição em abril, por exemplo, terá de vender seus bois para depois comprar os bezerros. A operação da relação de troca normalmente é “descasada”, ou seja, o pecuarista venderá os bois em março e, com o dinheiro, comprará os bezerros em abril, quando a comercialização do bezerro estiver intensificada. O risco que corre é, no momento da venda dos bois, o preço cair e quando for comprar os bezerros, o preço elevar-se. Assim, o pecuarista poderia fazer essa operação no mercado futuro e obter antecipadamente a relação de troca.

No dia 18, o contrato futuro de boi gordo para março/04 estava em R$57,67/arroba. Considerando que um animal tem em média 16,5 arrobas (57,67 x 16,5), o boi estava cotado a R$865,05/cabeça. O contrato futuro de bezerro para abril/04 estava a R$386,50/ cabeça. Tomando-se o preço do boi e dividindo-se pelo preço do bezerro (865,05/386,50), tem-se a seguinte relação de troca: 2,24 cabeças. Assim, o pecuarista poderia ter antecipadamente garantido a relação de troca de 2,24 cabeças de uma parte de seu rebanho.

Note-se que no futuro, assim como no físico, a operação ficará “descasada”. Em março, o pecuarista encerrará sua posição no contrato de boi gordo e ficará comprado no contrato de bezerro até abril. Com isso, estará protegido da alta nos preços do bezerro. Para mais informações de como operar os contratos futuros de boi gordo e bezerro e de como garantir antecipadamente a relação de troca, procure uma corretora associada à BM&F pelo site www.bmf.com.br.




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