Por Fabiana Salgueiro Perobelli
Em 6 de abril, a BM&F e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento realizaram o Seminário Perspectivas para o Agribusiness 2004/05. Na oportunidade, foram discutidos os cenários para nove cadeias produtivas: arroz, algodão, açúcar e álcool, pecuária de corte e leiteira, café, milho, soja e trigo. O palestrante do painel da pecuária de corte foi Alcides de Moura Torres Jr., da Scot Consultoria. O cenário traçado para 2004 foi de incremento de 1,28% na produção de carne bovina brasileira, passando de 7,23 milhões de toneladas para 7,32 milhões toneladas.
Nas exportações, a expectativa é passar de 1,36 milhão de toneladas para 1,39 milhão de toneladas, aumento de 10% no volume exportado. O valor gerado pelas exportações em 2003 foi de US$1,5 bilhão; para 2004 são esperados US$2 bilhões de receita. Para atender a esse volume de exportações, os frigoríficos precisam ter a garantia de suprimento pelos pecuaristas. A apresentação de Alcides de Moura e de todos os palestrantes do seminário estão disponíveis no site da Bolsa: www.bmf.com.br.
Dentre os fatores que podem causar alguma instabilidade em 2004, está o clima – cujo período de estiagem em abril, no Mato Grosso do Sul, Paraná, sul do Mato Grosso e no Rio Grande do Sul contribuiu para a estabilidade dos preços, quando normalmente se esperaria queda por se estar no período de safra.
Além do fator climático, há a questão dos custos de confinamento, já que o milho voltou a se elevar em 2004. Para julho, o mercado futuro de milho da BM&F sinaliza preço de R$24,70/saca, base Campinas. Em função destes e de outros fatores é que os agentes precisam fixar seus preços de compra e venda, com antecedência, para não correrem o risco de ver suas margens de lucro depreciadas.
O pecuarista que nesse momento está comprando ou pretende comprar boi magro para confinamento pode fazer as contas e verificar se é oportuno fixar o preço de venda do boi gordo para outubro e novembro. Em 22 de abril, o mercado futuro de boi para outubro estava a R$67,15/@ e para novembro a R$67,79/@. Se o pecuarista vender o boi a R$68,00/@ para novembro e no vencimento do contrato (dia 30 de novembro) o preço do boi estiver a R$67,00 terá R$1,00/@ na Bolsa; e, no físico, entregará os bois ao frigorífico por R$67,00/@. Note-se que R$67,00/@ mais R$1,00/@ será exatamente R$68,00/ @, o mesmo que havia fixado em abril. Assim, uma operação em mercado futuro será complementar ao mercado físico, ou seja, se o pecuarista ganhar na Bolsa complementará a perda no físico e viceversa.
O pecuarista que fará o confinamento neste ano pode garantir antecipadamente o preço do milho ou da soja que utilizará como ração adquirindo contratos futuros de milho e soja na BM&F. A pecuária moderna exige o uso de instrumentos de gerenciamento de risco, pois nem pecuaristas nem frigoríficos podem ou devem trabalhar com incertezas. Para os frigoríficos que estão com contratos de exportação fixados para 2004, é fundamental fazer os contratos futuros de compra de boi para não correr o risco de pagar mais caro pelo boi na época de abatê-lo para embarcar.
O mercado futuro de boi gordo tem atingido recordes constantes de contratos em aberto. Em 22 de abril, eram 13.787 contratos em aberto, ou seja, 275.740 cabeças. Em 22 de abril, foram negociadas 130 opções de compra. Nesta modalidade, o comprador pagou prêmio de R$0,60/@ para ter o direito de comprar o boi em outubro a R$68,00/@. Se o preço em outubro for superior a R$68,00/ @, o comprador exerce o direito e poderá comprar o boi por aquele preço. Se o preço for inferior a R$68,00/@, o comprador não exercerá o direito. O vendedor da opção ganhou o prêmio e caso seja exercido terá de vender o boi por R$68,00/@. Para mais informações sobre como operar os mercados futuros de boi, milho e soja, e as opções de boi, procure uma corretora associada à Bolsa.
Gráfico 1 – Evolução dos preços do boi gordo
Gráfico 3 – Relações de troca