Em abril, pela primeira vez desde o aparecimento dos focos de febre aftosa no Mato Grosso do Sul e no Paraná (outubro de 2005), as exportações de carne foram inferiores ao mesmo período do ano anterior. De acordo com os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), as exportações de carne bovina, em abril, caíram 15,59% em relação a abril de 2005. Ao se analisarem os números em separado da carne in natura e industrializada, observa-se que a primeira contribuiu para o desempenho negativo das exportações de carne bovina em abril, com redução de 19,97%. Já a carne industrializada apresentou elevação de 5,71% em abril de 2006, comparado a abril de 2005.
Apesar desse resultado, o desempenho no primeiro quadrimestre foi positivo. As exportações totais de carne bovina expandiram 3,23% se comparadas ao mesmo período de 2005. A carne in natura teve crescimento de 5,6% e a industrializada, queda de 4,85%.
Os dados de abril refletem o resultado, principalmente, dos embargos russo e europeu à carne de alguns estados brasileiros. Segundo o MDIC, a Rússia reduziu suas importações em 57% em abril. A União Européia, por sua vez, registrou decréscimo de 5%.
No entanto, a diminuição da oferta de carne brasileira para o mercado internacional, aliado à suspensão temporária das exportações da Argentina, gerou elevação dos preços internacionais da carne, o que contribuiu para resultado positivo da receita com as exportações. Em abril, apesar da queda de 15,59% das exportações, houve crescimento de 0,9% na receita.
Esse movimento das exportações teve impactos no mercado interno. Os frigoríficos exportadores que têm plantas em diversos estados redirecionaram a produção de carne para os estados que não sofreram embargo, especialmente Minas Gerais e Goiás. A maior oferta de carne no mercado interno gerou pressão sobre os preços dos cortes. O traseiro, por exemplo, se desvalorizou 14% desde janeiro. Já a ponta de agulha teve decréscimo de 16% em suas cotações. E o dianteiro sofreu depreciação de 20% em seu preço desde o início do ano.
O maior volume de carne no mercado interno gerou pressões sobre a arroba do boi. O Indicador de Preço Esalq/BM&F do Boi Gordo a vista atingiu nova mínima histórica, R$48,25/@ em 24 de maio, totalizando desvalorização de 3,11% no mês e 6,12% no ano. O indicador reflete as condições do mercado físico no estado de São Paulo, que, neste momento, tem oferta de animais prontos para o abate. Os frigoríficos trabalham com escalas para em média nove dias.
Gráfico 1: indicador de preços Esalq/BM&F do boi gordo a vista e 1º vencimento do boi gordo BM&F
Gráfico 2: evolução do preço da arroba nas praças brasileiras
A venda de um boi gordo em São Paulo, neste momento, permite relação de troca de 2,15 bezerros no estado. Note que houve deterioração da relação de troca, em função da depreciação dos preços do boi e a elevação do bezerro. Uma relação de troca satisfatória seria de 2,5.
Gráfico 3: indicador Esalq/BM&F do bezerro a vista
O mercado futuro de boi gordo na BM&F, no final de maio, teve as seguintes cotações: maio/06, R$48,51/@; junho/06, R$50,40/@; julho/06, R$53,18/@; agosto/06, R$54,43/@; setembro/06, R$56,30/@; outubro/ 06, R$58,31/@; novembro/06, R$58,62/@; dezembro/06, R$58,02/@; janeiro/07, R$57,68/@; e fevereiro/07, R$57,70/@. O contrato futuro de bezerro conta com dois vencimentos em aberto: maio/06, cotado a R$368,00/cabeça, e fevereiro/07, cotado a R$390,00/cabeça. A relação de troca boi gordo/bezerro ficou a 2,40 no vencimento maio/06 e 2,39 no mercado físico em 25 de maio. O minicontrato de boi gordo, que corresponde a 10% do contrato normal, ou seja, 33 arrobas, negociou em março 150 contratos, o equivalente a 300 cabeças de gado.