O BeefPoint teve acesso a um ofício do Mapa, enviado às certificadoras Sisbov, comunicando sobre as ações a serem implementadas para a visita de auditoria da Missão da UE, prevista para agosto.
As certificadoras deverão entregar até o dia 10 de julho um inventário de animais no BND (banco nacional de dados do SISBOV) ao Mapa. Devido a essa exigência do Mapa, os produtores deverão informar todas as movimentações dos animais, como entrada e saída de animais, morte natural ou acidental, encaminhamento para abate ou sacrifício.
O Mapa justifica essa exigência com base na IN 21, de abril de 2004, “O produtor rural deverá informar às certificadoras os dados referentes às movimentações de entrada e saída de animais, logo após a transferência, morte natural ou acidental ou encaminhamento ao abate ou sacrifício do animal” diz o artigo 12 da normativa.
O Mapa está exigindo essa atualização de dados, uma vez que os europeus identificaram, em auditorias prévias ao Brasil, que nem todas as movimentações são registradas no BND. Assim, muitos animais tidos como vivos no BND já teriam sido abatidos. Outra possível falha é a venda de animais e não alteração dos dados no BND. Dessa forma, o BND do Sisbov teria dados de muitos animais, mas com informações falhas.
As certificadoras têm a obrigação de verificar ao menos 5% das propriedades para averiguar os dados transmitidos, segundo as normas do Sisbov.
Após o cumprimento deste inventário as certificadoras deverão enviar um extrato de cada produtor/propriedade ao Órgão Estadual de Sanidade Animal do Estado. Esse extrato será anexado à ficha cadastral do produtor nas respectivas Unidades Locais de Saúde Animal. O Mapa também exige que as certificadoras informem ao ministério quais produtores/propriedades não atenderam a essa solicitação.
Segundo o documento do Mapa que o BeefPoint teve acesso, as certificadoras que não cumprirem essas exigências terão restrições de movimentação junto a BND.
Fonte: Equipe BeefPoint
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Quero inserir meu comentário em publicação como produtor, consultor e técnico.
Acho que exigir movimentação do rebanho via SISBOV é redundante. Nós já fazemos isto quando da emissão de GTA para transporte dos animais.
Porque faze-lo novamente? Isso só vai complicar os controles de rebanho nas propriedades que passariam a ser 3 sendo Receita Estadual, Órgão de sanidade e agora Sisbov.
Pergunto a você leitor a UE (Importadores) vão pagar mais um serviço? Ou simplesmente vão querer mais um produto com selo de qualidade aos preços ora praticados?
Paguem a encomenda e o faremos com prazer pois o que recebemos hoje pelos animais rastreados é ínfimo.
Antonio Juvenal Marques
Médico-veterinário pecuarista e consultor técnico
Agora sim. Aqueles que diziam que este sistema era uma perda de tempo poderão ser culpados em caso de alguma restrição comercial quanto a nossa carne pela UE.
Se isto acontecer, teremos uma grande oferta interna e uma incrível redução do preço do gado.
Precisamos ter a consciência que isto é uma exigência do mercado consumidor e não uma política a fim de tirar dinheiro do pecuarista.
Está na hora do Brasil acordar para esta realidade.
É muito cômoda a posição do Mapa, quando esta vendo a possibilidade do comprometimento das exportações, passar a exigir de última hora.
Se todos envolvidos no processo tivessem feito o dever de casa não estaríamos na atual situação. Felizmente alguns fizeram.
Será louvável que a partir deste momento o Mapa, não venha a ceder a pressões, deixando sim, que o Sisbov desenvolva seu verdadeiro papel.
Não dá para aceitar a incompetência do Mapa e sua conivência com as certificadoras.
O Sisbov só tem favorecido as certificadoras e os frigoríficos. O banco de dados do Mapa e certificadoras está furado e um mês antes da visita dos europeus eles querem que os pecuaristas façam inventário?
Ainda estamos sendo prejudicados com a irresponsabilidade do Mapa no tocante a fiscalização dos abates e fabricação de carnes enlatadas exportadas para os Estados Unidos.
Mais uma vez sobra para o produtor.
Ministro só fala em cadeia da carne e não faz nada. Não tem forca no governo e fica de pires na mão pegando migalhas com o Palocci enquanto o Rosseto leva bilhões.
Assim não dá!
Pobres pecuaristas,
Mais uma vez teremos de trabalhar para os outros.
Creio que ao pagarmos uma certificadora para controlar nossos rebanhos, fato imposto pelo mercado, diga-se frigoríficos, o mínimo que se espera é que o processador da carne entregue os brincos ou certificados, para as certificadoras e não sobrecarregue os produtores.
Só faltava sermos obrigados a nos preocupar com todo este novo trabalho de comunicação. Acredito que este sistema é burro, ineficaz e impraticável.
Problemas que vem ocorrendo no SISBOV:
1- O pecuarista e o agricultor brasileiro, em sua maioria, são avessos a anotações ou controles. Na maioria das fazendas não há dados anotados, não há históricos, é um problema cultural.
2- O técnico da certificadora, no ato do fechamento de um acordo de rastreamento com o pecuarista, acaba “pulando” ou “dando menor importância” ao assunto de controles, pois o pecuarista, há exceções, não quer nem ouvir falar de ter que comunicar, mortes, abates para consumo, etc.
3- O pecuarista só quer identificar o gado de abate, pois ele só está visualizando o maior preço da arroba rastreada.
4- Para o pecuarista há uma confusão de rastreamento, identificação e controle zootécnico.
5- Os softwares das diversas certificadoras são diferentes e não há como transferir animal de um pecuarista de uma certificadora para outro de outra certificadora (as vezes é preciso técnico para mudanças). O Sisbov precisava ter um software único que abrigasse todas as certificadoras e realizasse essas transferências via internet.
6- No abate dos frigoríficos, a identificação individual perde sentido. Exemplo claro: ao abater animais identificados individualmente (brinco de manejo da fazenda), um determinado animal teve a carcaça condenada, porém não foi possível saber qual animal, pois a cabeça+orelhas+ brincos são retirados antes da inspeção da carcaça.
No caso os animais abatidos tinham sido adquiridos de diversas fazendas dois anos antes do abate e tinham sido identificados individualmente e controlados via computador (software de controle zootécnico).
Ou seja, na hora que eu mais precisava da informação do brinco problema, para poder rastrear a origem (compra) deste animal, a identificação individual perdeu sentido.
Talvez devêssemos em primeiro momento esclarecer e incentivar a identificação individual e a adoção de controles para os pecuaristas. Mostrar as vantagens dos controles, para tomada de decisão a respeito de cada animal, pois devemos imaginar que cada animal é uma microempresa dentro da empresa fazenda.
Em um segundo momento, realizar a certificação da fazenda, e, por último fazer com que brincos de manejo passem para brincos Sisbov, além de adequar os frigoríficos para que os romaneios venham com os brincos Sisbov e seus respectivos pesos ou carcaça problema.
Portanto esse corre-corre para atualização de dados é uma rotina que deveria estar atualizada. Devemos trabalhar mais os esclarecimentos aos técnicos para que esses repassem aos pecuaristas.
As certificadoras não têm a responsabilidade de criar mercado com preços favoráveis ao produtor, elas apenas prestam um serviço que é exigido pelo consumidor final (independente do preço do gado no mercado).
Agora, este problema de não sabermos onde estão os animais é resultante de dois motivos:
1- Produtores que aderem ao sistema de rastreabilidade e não tem o conhecimento de que devem informar o destino dos animais em qualquer tipo de movimentação para a certificadora.
2- Certificadoras sem condição nenhuma de fornecer meios práticos aos produtores para que façam esta informação.
Por isso deixo um recado aos pecuaristas:
Procurem empresas sérias com conhecimento de mercado e que lhe forneçam meios acessíveis de informar vendas e solucionar problemas, pois existe o velho ditado que diz “o barato sai caro”. Às vezes a diferença de alguns centavos por animal lhe traz uma dor de cabeça.
Entrem em contato com suas certificadoras e verifiquem qual o procedimento para atualização de seu cadastro. Espero que a sua certificadora seja uma empresa séria e já tenha um plano de ação emergencial.
Não adianta chorar o leite derramado, se o mercado está ruim, imaginem uma restrição do mercado europeu?
Desta vez não fui o primeiro a comentar uma notícia relacionada à rastreabilidade. Queria, na verdade, sentir um pouco a reação das pessoas envolvidas. Nada mais desnecessário. As reações não poderiam ser outras; indignação, incredulidade, desgosto e por aí vai.
Vejam só que a postura dos burocratas de plantão no MAPA chega a ser risível, pois que os problemas que “aparentemente” detectam agora, são conhecidos há séculos. Até as criancinhas do jardim de infância sabem que a maior parte do gado que está no Banco Nacional de Dados do SISBOV já foi abatido.
Mas como não interessava a ninguém, iam fazendo de conta que estava tudo perfeito. Até se refestelavam, dizendo que o sistema era perfeito, pois do rebanho brasileiro já haviam registrado mais de 38 milhões de cabeças (jan 2005: http://www.abccriadores.com.br/noticias/noticias13.htm).
Maravilha das maravilhas. Todavia, só para “inglês” ver. Enquanto o discurso serviu a suas espúrias finalidades, deixa estar. Mas, na hora do “vamos ver”; ah bem, aí coloque-se a responsabilidade nas costas largas do produtor ou então da certificadora, pois ambos sabiam das regras e não cumpriram.
Mas isto cheira ao escárnio, pois ficam brincando de fazer de conta e na hora da responsabilidade, querem transferir ao produtor a culpa das burradas cometidas. Ainda nas últimas semanas a tal indefinição dos novos moldes do SISBOV, parece que postergada para 2006 e associada com a possibilidade de ser assumido pelo SAPI, deixa a todos atônitos e perdidos.
Querem, enfim, achar um bode expiatório, para que quando da chegada da missão européia, poder colocar o mico no ombro do pecuarista.
Para mim já chega. Estou farto de tanta politicagem. Já era hora de entenderem que a rastreabilidade tinha que ser simplificada ao máximo, ser individual, obrigatória e com controle oficial sanitário (entenda-se aí a presença, no processo de certificação, da Secretaria de Defesa Animal, cumprindo o seu inarredável papel de fiscalizar a sanidade do rebanho). É isso.