O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) anunciou em 13 de julho, por meio da Instrução Normativa de número 17 (IN 17), as alterações no Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina (SISBOV), a começar pelo novo nome: Serviço de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) anunciou em 13 de julho, por meio da Instrução Normativa de número 17 (IN 17), as alterações no Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina (SISBOV), a começar pelo novo nome: Serviço de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos.
As mudanças chegam em boa hora, porém, têm de ser postas em execução com o compromisso de todos os elos da cadeia produtiva. Do contrário, corremos o risco de comprometer definitivamente um negócio que gera cerca de US$ 3,5 bilhões/ano em divisas para o País. Duas mudanças no SISBOV se sobressaem: a adesão voluntária e a criação do conceito de “Estabelecimento Rural Aprovado SISBOV”, que garante a rastreabilidade da propriedade exportadora de carne.
De acordo com as novas regras, todos os animais dos estabelecimentos aprovados devem ser obrigatoriamente rastreados e identificados individualmente. Os nascimentos de um Estabelecimento Rural Aprovado SISBOV deverão ser identificados individualmente logo após a desmama, no prazo máximo de dez meses e antes da primeira movimentação. Quanto à identificação, o produtor poderá optar pela identificação com um brinco simples ou optar pela marcação a fogo, tatuagem ou chip eletrônico, desde que acompanhados de brinco auricular ou bottom nos padrões do SISBOV. A IN 17 estabelece ainda que a partir de janeiro de 2009 a movimentação dos animais rastreados estará restrita a estabelecimentos aprovados.
A Base Nacional de Dados (BND) dos bovinos e bubalinos rastreados continua sob responsabilidade do SISBOV, sendo alimentada pelas certificadoras credenciadas pelo MAPA, frigoríficos exportadores e órgãos ligados ao Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Pecuária. O produtor fica obrigado a comunicar aos órgãos sanitários e às certificadoras, em no máximo 30 dias, qualquer movimentação do rebanho rastreado. As certificadoras por sua vez terão 72 horas para reportar ao SISBOV.
A “Propriedade Aprovada SISBOV” também fica sob tutela de uma única certificadora, que a supervisionará a cada 180 dias. Os confinamentos serão vistoriados a cada 60 dias.
Com o novo SISBOV, o Serviço de Inspeção Federal (SIF) continua com o poder de desclassificar a rastreabilidade dos animais no momento do abate no frigorífico. Isso ocorrerá quando houver qualquer discrepância entre as informações contidas na Guia de Trânsito Animal e na BND. Essas informações incluem nome da propriedade e do proprietário, sexo, idade e raça do bovino ou bubalino, tempo de permanência na BND e na última propriedade em que esteve. A efetiva desclassificação acarretará ao produtor prejuízo de R$ 3,00/arroba, em média, por animal rastreado.
Uma vantagem adicional do novo sistema está na gestão da propriedade. Umas das exigências é que a fazenda aprovada apresente à certificadora um plano de gestão, atentando para a qualidade da produção, manejos sanitário e alimentar, bem como controle de informações referentes ao bem-estar animal. Como conseqüência, o criador poderá usar essa ferramenta para acompanhar sua produção, identificar eventuais falhas e evitar prejuízos.
Os pecuaristas têm até 31 de dezembro de 2007 para se adequar às novas regras do SISBOV, data em que as normas atuais e as mudanças regidas pela IN 17 deixarão de coexistir.
São mudanças importantes e indispensáveis à credibilidade do sistema. Vejo no novo SISBOV um sistema de rastreabilidade confiável e seguro, capaz de agradar aos mais exigentes importadores de carne bovina. O que falta mesmo é a união de todos os elos da cadeia produtiva para colocá-lo em prática.
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Acho o novo sistema tão ruim quanto o primeiro.
Deveríamos nos ater à movimentação de rebanho pura e simples e deixar de lado questões de nutrição e manejo. Será uma falácia, como o é hoje em dia.
Os representantes da pecuária deveriam em primeiro lugar resolver o problema de rastreabilidade dentro dos frigoríficos, onde os sistemas são inexistentes ou ineficazes e DEPOIS poderiam cobrar mais dos pecuaristas.
Hoje em dia quando um número não “bate” temos descontos absurdos, é difícil controlar e fazer dar certo um sistema baseado única e exclusivamente em visualização, erros ocorrem por falha de leitura, por erro de digitação, enfim por erros de um sistema absurdo que contempla brincos de 15 dígitos, sendo 6 números mais destacados. Um negócio feito para dar errado e para penalizar a classe pecuária.
Gostaria de ver uma contrapartida dentro das plantas de abate, um fiscalização séria para dizer se há rastreabilidade de carne por corte.
Novamente firmo meu protesto e sugiro pensarmos em algo que elimine a leitura visual. Brincos “eletrônicos”a preço acessível, talvez seja a melhor opção a questão é o custo e a informatização da GTA e dos frigoríficos.
Como não fazemos pressão, aceitamos tudo bonitinho. Somos boiada também.
O artigo publicado à respeito do Sisbov esclarece muito bem a IN 17, ressaltando muito bem que o que resta agora é a união de toda a cadeia produtiva para que se coloque a IN em execução. Porém, vejo alguns itens da mesma exagerados e desnecessários como por exemplo onde se diz que o abatedouro-frigorífico manterá arquivado os elementos de identificação por cinco anos. Um frigorífico que abate em média 1.100 cabeças/dia, terá que armazenar num prazo de cinco anos aproximadamente 1.000.000 (isso mesmo, um milhão de brincos). Será preciso construir um galpão só para guardá-los!
Queremos manifestar nossa concordância com a opinião do Sr. Paulo E. F. Loureiro. Realmente não é coerente exigir-se rastreabilidade de bovinos nas fazendas enquanto a operação nas plantas frigoríficas não tem uma correspondente exigência de rastreabilidade interna, podendo, por conseqüência, perder-se todas as correlações entre animal e cortes de carne produzidas na desossa.
A nossa preocupação com o assunto traduz-se no fato de nossa empresa, Rastear Ltda., ter desenvolvido um sistema informatizado para rastreabilidade interna de frigoríficos. Esse sistema contempla todas as operações que ocorrem em um frigorífico de bovinos, desde a chegada aos currais até à expedição; e como faz uso de leitores óticos para a entrada de dados, eliminam-se os erros ou falta de dados.
O sistema foi apresentado aos técnicos do Mapa, tanto Dipoa quanto DAS e à Abiec, sempre com boa aceitação. No entanto por falta de legislação que regulamente o assunto não conseguimos colocá-lo em nenhuma indústria do setor, já que o mesmo implicará em controles mais rígidos e transparentes.
Sou produtor rural, agricultor e pecuarista, uso e gosto de utilizar das tecnologias, faço adaptações e adequações na minha atividade, mas fala sério…. este país não tem seriedade…..rastreabilidade então ? Tenho um pecuarista conhecido que comprou brincos e os DIAs para poder abater os animais como rastreado, enquanto eu aqui que faço tudo certinho….brinco os animais, brincos perdem, movimento gado no curral, tudo em vão….
Desde 2002 meus gados não tem nenhuma marca de ferro no couro com exceção na perna e na face… cadê a remuneração do couro?! Só com a classificação e pagamento do couro sobraria dinheiro para fazer toda a rastreabilidade e inclusive utilizando sistemas eletrônicos e sobraria dinheiro.
Agora, que tem maracutaia nesta rastreabilidade, tem….pode vir tantas normativas do governo que o jeitinho brasileiro vai sobressair.
Com relação ao que nos escreveu o Sr. Paulo Loureiro, gostaria de dizer que, para o frigorífico não existe nenhuma vantagem em se desclassificar um animal, pois com certeza este acaba sendo mais prejudicado que o próprio produtor, pois está deixando de atender um mercado que remunera melhor, que é o europeu. E, com a atuação do SIF essa carcaça será direcionada, com toda certeza, ao mercado interno. Quanto a erros de leitura e digitação, já existem recursos de informática que impossibilitam a inserção de um número Sisbov diferente daqueles que o produtor enviou ao frigorífico através do DIA.
Creio que um bom caminho para se evitar as desclassificações no frigorífico seria um contato maior do produtor com sua certificadora, solicitando as informações de como seus animais estão cadastrados no Sisbov (proprietário, propriedade, município, sexo e idade) para que o mesmo solicite as correções necessárias o quanto antes e também para que tire uma GTA de acordo com o que consta no banco de dados do Sisbov. Na previsão de abate de um lote, informe a certificadora a numeração dos animais e solicite as informações citadas acima.
Como já disse em outra carta, o caminho é a comunicação entre os elos da cadeia (produtor, frigorífico e certificadora).
Acho ótimas e produtivas essas matérias aqui do BeefPoint. Creio haver sim um bom motivo para que o frigorífico “aprecie” a desclassificação de um boi ou vaca rastreado por incompatibilidade entre DIA e GTA, que pode ocorrer, sem dúvida. Erros de leitura na separação dos DIAs ocorrem.
Dentro da planta de abate, depois que o boi é abatido todas as carcaças do lote seguem para a câmara fria, só saem da linha animais que têm desclassificação por padrão ou pela inspeção. Quem vai lá conferir isso? Não há exigência quanto à linkagem de carcaça com brinco Sisbov.
Um lote de 200 bois rastreados, que tem 3 ou 4 animais desclassificados por motivos diversos de erros de brinco, terá no ato do acerto, sobre cada boi desclassificado a penalização de R$ 3,00/@, e a carcaça (se for de boi) será vendida ao mercado interno (e até no externo desossada) por preço de boi gordo, pagando preço de vaca ao produtor.
Não há acompanhamento do SIF no ato do abate para ver o boi número 986212 teve DIA liberado ou não. Então, não há controle sobre a carcaça dos animais que tiveram seu número ou rastreabilidade questionados.
Nenhum frigorífico separa os bois que foram desclassificados por problema de DIA pré-abate e muito menos linka brinco com carcaça na canaleta de sangria.
Não há boa comunicação entre os elos da cadeia, isso é claro e devemos mudar, mas estamos sem força e na hora do acerto com o frigorífico o problema passa a ser só do pecuarista, para o abatedouro há sempre uma boa saída. E a certificadora já recebeu o dela no dia do rastreamento, não é mesmo?
Um abraço,
Paulo
Gostaria de lembrar que o Sisbov não é uma ferramenta pura e simplesmente para nós pecuaristas ganharmos R$ 1,00 ou R$ 2,00 a mais por @. O Sisbov na verdade é muito mais que isso, é uma ferramenta de gestão, como:
1) A identificação animal:
Em um rebanho de matrizes Nelore, como sabemos quais as vacas que parem todo ano e quais não parem?
Em um grupo de bois, qual ganha o peso ideal e qual não ganha?
2) Financeira:
Será que depois de sabermos quais de nossas matrizes devem ficar e quais devem ser descartadas, e sabermos ao certo quais bois devemos engordar e quais descartar, nós devemos ficar preocupados com R$ 1,00 ou R$ 2,00 a mais ou a menos por @?
A pecuária de fim de semana acabou, devemos tocar nossa propriedade como uma empresa, ou seja, com números reais e não fictícios.
Abracem esta idéia e verão que uma boa administração, é muito mais importante do que ficarmos nos preocupando com coisas supérfluas.
Concordo com o novo Sisbov, e acho que a adesão deveria ser independente de haver ou não uma bonificação à parte.
Sobre o primeiro comentário do Sr. Paulo E. F. Loureiro:
1- Discordo quando não concorda com a rastreabilidade, ela é necessária na ampliação de mercados importantes (ricos) e melhor remuneração do produto Carne.
2- Concordo em gênero, número e grau quando cobra o mesmo dentro das plantas frigoríficas, nos cortes. Entendo que essa é a forma ideal, para que o consumidor, de qualquer parte do globo, possa identificar a origem do produto que leva à sua mesa. É importante salientar que, para não sofrermos ´sustos´ (suspensões/embargos descabidos), não basta ser o maior exportador, é preciso ser o melhor, até como forma de garantir a fluidez da produção.
A rastreabilidade é apenas um dos pontos que o produtor deve cumprir para que o seu animal seja exportado aos mercados mais exigentes e que pagam melhores preços, por enquanto apenas aos frigoríficos brasileiros. Concordo com o sr. Arnaldo onde a exigência na identificação leva o produtor ao começo de um gerenciamento melhor do rebanho e, conseqüentemente, da propriedade.
Mas, tenho visto que o retorno sobre a rastreabilidade para exportação vem com a produção de um animal com a qualidade de carcaça exigida pelo mercado europeu e americano, ou seja, com um excelente acabamento com gordura. E esta é a maior dificuldade dos pecuaristas de Goiás pois há um custo sobre este animal que ainda não é recebido pelo produtor dos frigoríficos, a não ser um pequeno prêmio. Este será o maior desafio para o pecuarista.
É curioso como nossos representantes de classe e governantes se vendem por mensalões. Uma norma que encarece nossa produção e não leva a nada. Uma picanha que você come no Pão de Açúcar se estiver contaminada nunca será ligada ao numero do boi e talvez nem ao produtor. Depois da desossa a rastreabilidade se dissolve.
Isso que montaram como rastreabilidade é um engodo e uma ofensa ao consumidor como tudo no Brasil. E quem paga o pato é o produtor rural (o elo mais fraco). O objetivo da rastreabilidade é a segurança alimentar do consumidor. Como? Identificando nos elos da cadeia produtiva todo caminho percorrido pelo produto, para que numa eventual contaminação, possa-se identificar onde ela ocorreu e responsabilizar seu autor.