No Brasil, o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento criou o Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação Bovina e Bubalina (SISBOV) através da Instrução Normativa no 01 de 09/01/02 e regulamentou sua implantação pela Instrução Normativa no 21, de 27/02/02 na gestão do Dr. Pratini de Moraes. Contudo, esta instrução normativa trouxe intranqüilidade, dúvidas e incertezas ao mercado, pelo simples motivo que as regras do jogo que deveriam ser bem definidas, eram difusas e permitiam interpretações ambíguas, além de existir pouca participação da empresa privada no processo decisório.
As novas demandas do mercado já tinham exigido no início desta década de todas as instituições ligadas à pecuária uma mudança radical nas suas legislações, objetivos, metas e ações, visando atender os mercados nacional e internacional, oferecendo produtos com certificação de origem e qualidade.
No Brasil, o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento criou o Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação Bovina e Bubalina (SISBOV) através da Instrução Normativa no 01 de 09/01/02 e regulamentou sua implantação pela Instrução Normativa no 21, de 27/02/02 na gestão do Dr. Pratini de Moraes. Contudo, esta instrução normativa trouxe intranqüilidade, dúvidas e incertezas ao mercado, pelo simples motivo que as regras do jogo que deveriam ser bem definidas, eram difusas e permitiam interpretações ambíguas, além de existir pouca participação da empresa privada no processo decisório.
Os princípios básicos que norteavam esta instrução estavam assim definidos:
– Identificar individualmente os animais.
– Certificar a origem dos animais.
– Compor um sistema confiável de rastreamento.
– Dispor de amplo espectro de informações, favorecendo a vigilância epidemiológica.
– Disponibilizar ao consumidor informações confiáveis sobre a origem e o manejo do produto.
– Conferir maior competitividade ao produto brasileiro no mercado internacional.
O conjunto de regras tinha como base regulamentos da União Européia, mas que não foram negociados. Simplesmente oferecemos um sistema que eles aceitassem, sem pensar no grau de dificuldade da operacionalização em grandes rebanhos. Estabelecemos nos gabinetes as regras, imaginando como seria o trabalho no campo. Se compararmos os regulamentos da época com os primeiros passos do SISBOV, entenderemos como foi o início do processo, onde deixamos de lado aquilo a que a comunidade européia dava mais valor: o registro de ocorrências na fazenda e copiamos seu regulamento.
• SIMPLES: na sua operacionalização.
• VERSATIL: utilizando passaportes eletrônicos que seriam enviados a partir da unidades locais de defesa para os frigoríficos e ao Banco Nacional de dados.
• INTELIGENTE: aproveitando as estruturas existentes.
• MODULAR: voluntário para deixar os pecuaristas com tecnologia de ponta implantar e propor as mudanças necessárias.
• CONSISTENTE: sistema de informação de última geração, com um banco de dados centralizado, porém regionalizado e privatizado, com normas de identificação monitoradas pelo INMETRO.
• RENTÁVEL: capaz de criar um novo conceito de venda do boi gordo com valorização da @ Rastreada.
A INSTRUÇÃO NORMATIVA/SDA Nº 21 de 26.2.02 – Diretrizes, requisitos, critérios e parâmetros para o credenciamento de entidades certificadoras, definia as certificadoras da seguinte maneira: “Organizações governamentais ou privadas credenciadas, responsáveis pela caracterização das propriedades, seleção e identificação dos animais, para efeito de registro e inserção dos dados individuais de cada animal no SISBOV.”
Perdia-se o conceito de terceiro agente independente, dentro dum modelo de rastreabilidade único no mundo Empresa Privada / Governo, onde o processo de identificação animal era entregue às empresas que nasciam no país sem nenhuma experiência. O ônus cabia ao pecuarista e o lucro ia nitidamente para os frigoríficos exportadores para a UE, associados obviamente à ABIEC, associação esta que congrega todos os frigoríficos credenciados pela UE.
Perdiam-se também as vantagens que o sistema traria para a pecuária brasileira: motivar o pequeno produtor para aderir ao sistema, facilitar a gestão das propriedades, padronizar as informações em todo o Brasil, estabelecer uma plataforma de diálogo entre pecuaristas e frigoríficos, trazendo o equilíbrio das forças na cadeia produtiva e criando o tão necessário reconhecimento e pagamento pela qualidade.
Em 2002, as grandes questões que estavam surgindo eram:
1. Não existia preocupação com qualidade, apenas com a origem.
2. Faltavam regras de padronização operacional.
3. Faltavam regras para integração e comunicação entre as certificadoras.
4. Não houve um programa de divulgação e motivação dirigido ao produtor.
5. Pouca experiência de campo da grande maioria das certificadoras credenciadas no momento.
6. Não havia mecanismos de ressarcir o produtor.
7. Inexistia integração da sociedade nos processos decisórios.
A probabilidade de sucesso na implantação do SISBOV estava diretamente ligada à maior participação do governo na definição de regras, padrões e controle, mas também na renúncia da sua participação na operação do sistema, renúncia esta que só começou a ser negociada recentemente com a privatização do Banco de Dados.
Quanto menor tivesse sido a ingerência do governo na operação, melhor teria sido a implementação do sistema. Por outro lado, a iniciativa privada deveria ter assumido a operação do sistema e renunciado às atividades de definição de regras e padrões, cujo estabelecimento, auditoria constante e cumprimento deveria ser deixada para os órgãos governamentais e à Defesa Animal.
Em 2002 ouvimos o representante do FRIBOI, Sr. Artemio Listoni, fazer a seguinte declaração: “Mas isso não é responsabilidade dos frigoríficos, mas sim dos produtores… A empresa não está pagando o custo da rastreabilidade e os animais não rastreados terão o preço reduzido. Se deixarmos de exportar, haverá mais oferta no mercado interno.”
Este foi o triste início do SISBOV, onde o sistema foi continuamente burlado e ao qual o Ministro Stephanes se referiu num desabafo de decência, ética e de coragem, mas que poderia ter dito a portas fechadas com quem deveria ter ouvido o que tudo mundo sabe, mas que todos calam, para não comprometer ainda mais a nossa situação. O Brasil nunca deveria ter admitido a imposição de lista de fazendas, deveríamos ter levantado da mesa, reconhecido as inconformidades, colocado a casa em ordem e exigido uma nova auditoria. Tudo isso acompanhado de uma força tarefa de vários setores governamentais, de forma coordenada e em conjunto com um único interlocutor conduzindo as negociações.
Perdemos no passado a grande oportunidade de negociar um sistema adaptado à nossa realidade. Hoje temos um único caminho para construir confiança no mercado global da carne: cumprir aquilo que prometemos ou abandonar a UE, criando um sério precedente quando o Brasil se projeta como a última fronteira agropecuária do mundo.
Não se trata simplesmente de abrir outros mercados, e sim, de continuar ouvindo que não somos um país sério. Mas para discutir o que convém ao BRASIL de forma permanente e douradora, é imperativo o diálogo construtivo e decente para a formação de uma massa intelectual crítica entre os mais variados setores da sociedade envolvidos no processo e parar de atacar o Ministro Stephanes e o Secretário da Defesa Agropecuária Inacio Kroetz esquecendo que houve responsáveis que hoje nos dão lições de como deveria ser conduzido o processo.
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Muito bom,como sempre ,muito lucido ,atual e verdadeiro Dr Nelson Pineda.O brasileiro precisa sempre saber das verdades verdadeiras e não as meias verdades colocadas na midia nacional. No momento que os Ministerios deixarem de ser loteados politicarmente por partidos e grupos economicos e passarem a ser geridos por tecnicos de cada area especifica e com notorio saber,talvez o pais melhore ate acontecer esse sonho teremos problemas no leite,na carne,na educação saude,e proximos escandalos na \Agua Mineral vendida no pais todo,no livro diadtico nas reformas das estradas.,para não falar nos famosos assentamentos do INCRA/MST/Governo PT.abraço fraternal Dr Nelson Pineda
Caro Pineda,
muito bom seu artigo, tocaste no ponto chave da questão, ¨Retorno Financeiro¨ aos produtores, o que só ocorreu para os frigoríficos e ¨Adesão Voluntária¨ ao sistema, nada de imposições. Bom fim de semana.
é muito facil dizer que o sisbov é mil maravilhas, só quem nunca trabalhou na area que pode dizer isso, olha seria bem mais facil se o controle sanitario passasem para os estados, pois pra que se usa o dinheiro do fundepec que é pago pelo produtor para que. pois passando pelos organismo de defesa dos estados, não teriamos problemas de idade, de quantidade pois ai teriam os produtores de realmente passar a limpo seu rebanho e deixar de fazer caixa dois, que na realidade é bem expressiva a quantidade de cabeças que estão em caixa dois. porisso a dificuldade de implantar o sisbov, deixando tamben a politicagem de lado pois é só gente querendo aparecer em cima dos produtores. com atuação estadual que estão alicerladas em todos os minicipios seria comumente mais facil vistoriar as fazendas e certificadoras, fazenda assim valer a rastreabilidade. ministro pense nisto e tente passar para os estados a fiscalização e o bnd para a cna ou abcz, deixando assim os pecuaristas bem mais tranquilos e com razão para trabalharem. faça a parte do mapa que seria cobra das instituições de defesa sanitaria estaduais que triam que prestar conta doas suas vistorias. e tambén acabar com o modelo B que é uma aberração, quando se fala em rastreabilidade vcs autorizão um papel para que os frigorificos fiquem tranquilos para trabalharem. já esuqeceram dos animais com orelha pingando sangue no abate e os europeu viram na calha dos frigorificos, pense na logica e não em milagres.
Senhor Nelson Pineda: a mudança de hábito é ação complicada que pode haver no desenvolvimento humano, assim é a incorporação do SISBOV no processo produtivo da pecuária de corte à aqueles que na maioria das vezes é pecuarista por tradição ou mesmo os que exercem por atividade econômica que buscam a rentabilidade no ramo em que o principal elo da cadeia produtiva é coadjuvante do processo.
Não foram as normas iniciais que estavam erradas e sim a falta de objetividade na direção a quem se destina o SISBOV e quem deveria ou deverá pagar a conta. Logicamente o consumidor é o alvo cabendo a este pagar a conta, mas ficou por conta do pecuarista com pouca opção de repasse na comercialização do boi acabado.
Como também o despreparo e falta de humildade dos responsáveis pela implantação e controle do SISBOV em querer fiscalizar e auditar o desconhecido, ou melhor, vários programas de computadores idealizados por cada uma das Certificadoras credenciadas e ou a serem. Por outro lado as Certificadoras terem colocados como certificadores elementos sem formações capazes de certificar ou mesmo relatar as exigências de atender as garantias da inocuidade de alimento ao consumo atendo somente a colocação do brinco ou identificadores.
Para que SISBOV seja aceitável, o número de identificação animal é o principal elemento digital capaz de rastrear e disponibilizar as informações individualizado de cada animal aos interessados por meio da Internet. O conteudo destas informações é a principal garantia juntamente com o profissional responsável que as inseriu.
Prezado Sr. Virgilio,
O senhor cita um dos ponto criticos da nossa eficiência: “Ministerios deixarem de ser loteados politicarmente por partidos e grupos economicos e passarem a ser geridos por tecnicos de cada área…”, seguramente avaçaremos em desenvolvimento técnico, social e economico.
Muito obrigado,
Nelson Pineda
Prezado José Leonardo,
Muito obrigado pela sua carta. De fato a regionalização e utilização do sistema integrado do SISBOV com as defesas estaduais é o ponto fundamental para otimizar o sistema
Obrigado,
Nelson Pineda
Caro Eduardo,
Muito obrigado pela sua carta, o dia que o produtor for bem remunerado pela @ rastreada o sistema decola.
Abraço,
Nelson
Sr. Nagato,
Em 2002 durante o Congresso do Boi Verde em Uberlândia terminei minha apresentação perguntado: Será que conseguiremos mudar a mentalidade com data marcada?. Sua carta coloca pontos fundamentais de refelexão para todos.
Atenciosamente,
Nelson Pineda