A Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural (Sober) divulgou ontem um documento pedindo ao governo que inclua no orçamento federal a previsão para a realização do censo agropecuário a partir do ano que vem. A realização do censo custará cerca R$ 422 milhões de reais, que serão distribuídos em três anos, segundo o coordenador do projeto no IBGE, Antonio Florido. Os pesquisadores que participaram do Congresso da Sober em Ribeirão Preto, que termina hoje, se mostraram muito decepcionados com o fato de o governo não se mostrar disposto a realizar a pesquisa.
O último censo sobre a agropecuária brasileira aconteceu em 1995/1996.
O presidente da Sober, Antonio Salazar Brandão, explica que as pesquisas sobre o setor agrícola estão sendo muito prejudicadas por essa falta de dados mais recentes. A moção que foi votada pelos associados da Sober destaca, por exemplo, que não existem informações mais exatas e que cubram amplamente o território brasileiro sobre a efetiva ocupação das áreas de fronteiras (Mato Grosso, Pará e Rondônia) e os impactos ambientais e sociais resultantes desse processo.
Florido destaca ainda que somente com os dados mais recentes será possível avaliar os resultados das políticas públicas criadas para o setor nesses últimos dez anos. Como exemplo, ele cita o Pronaf e o Moderfrota. “Como saber se os recursos públicos estão sendo bem aplicados e se os agricultores que mais precisam estão sendo realmente atendidos?”, questiona.
O coordenador lembra que no primeiro ano do projeto (2006) o governo terá de desembolsar R$ 64 milhões, no segundo ano (2007) serão R$ 347 milhões e no último (2008) R$ 11 milhões.
A realização do censo vem sendo adiada nos últimos anos. Em 2004, vários pesquisadores tentaram pressionar o governo para prever a verba, o que permitiria começar a pesquisa neste ano. Mas o Ministério do Planejamento não previu os recursos. O temor dos sócios da Sober é que isso aconteça novamente.
Fonte: Estadão/Agronegócios (por Fatima Cardoso e Gustavo Porto), adaptado por Equipe MilkPoint