As exportações de couro wet blue aumentaram 12% em 2001 apesar da aplicação de sobretaxa criada pelo governo federal para diminuir as vendas externas do couro cru e reter o produto no mercado interno. Segundo a Confederação Nacional da Agricultura, a sobretaxa criada pelo governo não atingiu o objetivo. Os pecuaristas ainda foram penalizados com a queda no preço do produto.
Desde o fim do ano passado os produtores pedem o cancelamento da sobretaxa às exportações de couro wet blue. A alíquota de 9% deveria ser extinta no fim de 2001, mas foi prorrogada até dezembro deste ano.
O objetivo da sobretaxa nas exportações era garantir o abastecimento interno das indústrias e estimular as vendas externas de maior valor agregado. As indústrias de calçados e os curtumes do Sul do país defendem o imposto. Mas os pecuaristas e curtumes do Centro-Oeste, que não exportam couro acabado, são contra a prorrogação. Segundo a Confederação Nacional da Agricultura, a alíquota provocou queda de 32% no preço do couro cru.
MS terá indústria de couro acabado
Grupo italiano e Agência de Desenvolvimento do Centro-Oeste buscam apoio para também implantar fábricas de calçados e estofados
Dando segmento ao megaprojeto que prevê inicialmente a instalação de um Laboratório de Genética Molecular Animal, no campus da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), na Capital, e um grande frigorífico para abate de gado de elite, em Camapuã, cuja carne será destinada à Europa, a Agência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Adeco) está viabilizando agora a instalação de um curtume para produção de couros acabados (não apenas wet blue) e de três indústrias: uma de calçados, outra de estofados de couro e uma terceira de equipamentos de segurança em couro.
Ontem, o empresário Rodolfo Bertoletti, do grupo empresarial Bertold S.R.L., da Itália, chegou a Campo Grande para uma série de contatos. Acompanhado do presidente da Adeco, Giuseppe Pallozzi Lavorante, e do diretor de Relações Externas da entidade, Rolemberg Estevão de Souza, ele manteve audiência com o secretário da Produção, Moacir Kohl, e com o assessor da Coordenadoria de Ações Estratégicas e de Assuntos Internacionais do Governo do Estado, Euclides Bezerra de Souza Júnior, e logo em seguida esteve na Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Campo Grande, onde foi recebido pelo secretário Santos Pereira. Também visitou a superintendente de Ciência e Tecnologia da Secretaria da Produção, Sônia Jin, e técnicos do Centro de Tecnologia do Couro de Mato Grosso do Sul.
Projeto
Ele garantiu o interesse do Grupo Bertold, da Itália, em expandir seus investimentos em Mato Grosso do Sul. O grupo inaugura em março deste ano um curtume em Três Lagoas, localizado na rodovia que demanda a Brasilândia, no quilômetro nove. “Esse curtume produzirá 2 mil couros/dia até o sistema wet blue, onde vamos garantir 150 empregos diretos e 200 indiretos. Trata-se de um investimento de 5 milhões de dólares, uma vez que todo o equipamento é importado da Itália”, afirmou.
No entanto, destacou que a indústria que pretendem instalar em Campo Grande será mais moderna, uma vez que não produzirá couros apenas em wet blue, mas sim couro acabado, pronto para ser usado na fabricação de calçados, bolsas, estofados e peças diversas.
O presidente da Adeco, Giuseppe Lavorante, disse que a vinda do grupo italiano para Mato Grosso do Sul é um desafio, uma vez que o Estado ainda não produz couro de primeira e segunda qualidade, que são exigidas para a fabricação de calçados. “Procuramos uma organização que tivesse a tecnologia e a competência para dar aproveitamento ao couro produzido em Mato Grosso do Sul e encontramos a Bertold”, afirmou.
O representante do grupo europeu disse que de Campo Grande seguirá para a Europa, onde se encontrará com os responsáveis pela produção de calçados e estofados visando acertar detalhes sobre os futuros contratos entre as partes. Também estará com os empresários do setor de carne que são parceiros da Adeco no projeto que envolve o laboratório e o frigorífico que será instalado em Camapuã. “É preciso que ele tenha uma previsão dos volumes futuros de abate desse frigorífico, pois é de lá que tirará boa parte da matéria-prima para o curtume de couro acabado, visando à produção de calçados e estofados”, explica Lavorante.
Fonte: Clic RBS/Agrol e Correio do Estado, adaptado por Equipe BeefPoint