Cerca de 200 propriedades que derrubaram suas florestas no Mato Grosso, Pará e Rondônia ainda não deram início ao plantio de soja. Mas pelo menos os grãos de desmatamentos referentes aos 20% da área total da propriedade permitidos por lei para o bioma amazônico poderão ser vendidos para as mesmas traders que oficialmente defendem a preservação da maior floresta tropical do mundo.
Cerca de 200 propriedades que derrubaram suas florestas no Mato Grosso, Pará e Rondônia ainda não deram início ao plantio de soja. Mas pelo menos os grãos de desmatamentos referentes aos 20% da área total da propriedade permitidos por lei para o bioma amazônico poderão ser vendidos para as mesmas traders que oficialmente defendem a preservação da maior floresta tropical do mundo.
“A legislação brasileira se sobrepõe à moratória da soja”, afirmou o presidente da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), Carlo Lovatelli. “Se alguém desmatar dentro da lei, nós vamos comprar. E já nesta safra”, avisou.
Assinada em julho de 2006, a moratória é mais rígida que a legislação porque não há como saber com exatidão onde estão as propriedades na confusa colcha de retalhos do campo. E pouco se sabe qual a extensão de suas florestas e o que pertence à reserva legal. Na dúvida, a moratória adotou a tolerância zero para desmatamentos.
“Só teremos essa certeza quando as propriedades forem georreferenciadas”, admitiu o coordenador do Greenpeace e um dos principais mentores da moratória, Paulo Adário.
Ainda que muitos produtores de soja tenham já ultrapassado o limite de desmatamento de 20% da propriedade – muitas vezes com o consentimento das autoridades e de leis passadas -, o fato é que a moratória da soja está fadada ao fim, informou reportagem de Bettina Barros, do Valor Econômico. Segundo o presidente do Grupo Maggi, Jacyr Bongiolo, seria difícil manter o compromisso de não comprar soja de áreas novas desmatadas com a alta na demanda global, sobretudo da China. E com os preços recordes da commodity.