A tradicional casa de leilões inglesa Sotheby´s, que há dois anos trouxe ao Brasil seu braço imobiliário, acaba de abrir uma divisão para negociar terras no país - a primeira do mundo com esse foco entre os 540 escritórios da companhia espalhados por 39 países. A multinacional quer vender terras produtivas ou com forte potencial agrícola de olho no crescente interesse de grupos estrangeiros em fazer investimentos em países com vocação agrícola.
A tradicional casa de leilões inglesa Sotheby´s, que há dois anos trouxe ao Brasil seu braço imobiliário, acaba de abrir uma divisão para negociar terras no país – a primeira do mundo com esse foco entre os 540 escritórios da companhia espalhados por 39 países. A multinacional quer vender terras produtivas ou com forte potencial agrícola de olho no crescente interesse de grupos estrangeiros em fazer investimentos em países com vocação agrícola.
A Sotheby´s escolheu a cidade de Campo Grande (MS) para sediar o seu primeiro escritório de agronegócios. “O Brasil tem um potencial enorme e as melhores condições de receber investimentos produtivos”, diz Hélio Vasconcellos Netto, sócio-diretor do novo escritório. Segundo Netto, a crise gerou boas oportunidades no segmento. “Há grupos com dinheiro procurando negócios neste momento”, afirma. Entre os atuais interessados, há investidores chineses e argentinos de olho no potencial agrícola do Brasil.
Estagnado nos últimos meses por causa da crise financeira global, o mercado de terras agrícolas começou a se recuperar recentemente no Brasil. “Os compradores voltaram a prospectar terras agrícolas, mas ainda são poucos os negócios fechados”, afirma Jacqueline Bierhals, analista de mercado de commodities e terras da consultoria AgraFNP.
Entretanto, os preços das terras no país não recuaram desde que a crise financeira global foi deflagrada, a partir do terceiro trimestre de 2008. “Todos apostavam em queda brutal dos preços das terras agrícolas a partir do último trimestre de 2008, quando a crise estourou”, observa Jacqueline. As cotações médias das terras registraram um leve recuo no fim do ano passado, de 2,2%, mas nos últimos meses as propriedades rurais mostraram-se resistentes a quedas mais acentuadas.
Segundo a AgraFNP, a recuperação das cotações internacionais das commodities agrícolas, sobretudo os grãos, e a retomada de investimentos estrangeiros no país, em regiões consideradas fronteiras agrícolas, ajudaram a sustentar os preços das propriedades. O preço médio das terras brasileiras ficou em R$ 4.393 o hectare no bimestre março/abril, de acordo com último levantamento da consultoria. Em relação aos últimos 36 meses, a valorização média das terras foi de 42,9%. Já nos últimos 12 meses, a valorização média foi de 2,5%. A região Sul registrou maior alta média em 36 meses, de 49%, seguida pelo Centro-Oeste, de 48,7%. A região Sudeste teve aumento de 36% no mesmo período.
As terras brasileiras atraem tanto os investidores brasileiros quanto os estrangeiros. Na avaliação de Fábio Rossi, diretor e representante da Sotheby´s no Brasil, a maioria dos compradores deve ser investidores nacionais, mas pelo menos 30% dos interessados devem ser estrangeiros. “Mais do que a busca pelo patrimônio em si, existe uma procura por terras produtivas e lucrativas, que garantam renda”, afirma Rossi. “Eles querem aproveitar a tecnologia e fazer parceria com os produtores locais. Ninguém quer ir para o campo e comprar terra bruta”, completa Netto.
Até o momento, os pecuaristas são mais representativos em quantidade de propriedades rurais disponíveis. Mas em termos de volume de negócios, as terras para cultivo de soja, cana-de-açúcar e reflorestamento saem na frente. “O importante é avaliar o tamanho da propriedade, a vocação e a logística de transporte do produto”, diz Rossi, que não recomenda, por exemplo, a compra de uma fazenda de gado que esteja a mais de 50 quilômetros de um abatedouro. Os Estados mais procurados, de acordo com Rossi, são São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais.
As informações são de Daniela D´Ambrosio e Mônica Scaramuzzo, do Valor Econômico, resumidas pela Equipe AgriPoint.