Representantes da Coordenadoria de Defesa Animal (CDA) da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo anunciaram para 1o de junho, o início da campanha estadual de vacinação contra brucelose.
Produtores de bovinos de corte e leite deverão imunizar fêmeas com idades entre 3 e 8 meses. A campanha faz parte do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose (PNCEBT), lançado pelo Ministério da Agricultura, em janeiro de 2001. A legislação prevê que até dezembro de 2003 todos os Estados devem pôr em prática o programa de vacinação.
O secretário de Defesa Agropecuária do Ministério, Luiz Carlos de Oliveira, diz que a prioridade é garantir a saúde pública. Os objetivos são: baixar a incidência dessas zoonoses, criar um número significativo de propriedades com baixo risco sanitário, controlar a transmissão de ambas ao homem e evitar quebra na produção animal e a vulnerabilidade a barreiras sanitárias impostas pelo mercado externo. Os russos, por exemplo, ameaçam exigir certidão negativa de brucelose em bovinos para a compra da carne brasileira. “São barreiras técnicas injustificáveis que escondem questões econômicas”, diz Oliveira, pois o contágio da brucelose não se dá pela ingestão da carne.
A doença, causada pela bactéria Brucella abortus, atinge principalmente bovinos, mas também pode ocorrer em bubalinos, suínos, caprinos e ovinos. Os principais grupos humanos de risco são veterinários, tratadores e laboratoristas. Nos animais, a forma de contágio é via oral ou via reprodução, como inseminação artificial ou monta natural. No homem, a ingestão de leite e contato com restos de abortos contaminados e secreções são as maneiras mais comuns de pegar a brucelose.
Segundo a responsável pelo Laboratório de Brucelose do Instituto Biológico de São Paulo, Lília Grasso, a prevalência da zoonose pode levar à queda de 10% a 25% da produção leiteira e de 10% a 25% da produção de carne. “O intervalo entre os partos aumenta de 11,5 meses para 20 meses e o número de mortes de bezerros cresce por volta de 15%”, alerta.
A brucelose afeta principalmente o aparelho reprodutor, as articulações e o fígado dos animais. No homem, os sinais são suores, calafrios e febre alta. Os principais sintomas são lesões articulares, neurastenia, depressão, impotência, dores reumáticas e hepatite.
Mapeamento
O último programa de diagnóstico sobre brucelose bovina feito no Brasil é de 1975, apresentando 4% de soropositivos no Sul; 7,5% no Sudeste; 6,8% no Centro-Oeste; 2,5% no Nordeste e 4,1% no Norte. Notificações oficiais indicam que o índice de casos positivos se manteve entre 4% e 5%, de 1988 a 1998. No mesmo período, o número médio nacional de animais infectados por tuberculose era de 1,3%.
Segundo o diretor do grupo de Defesa Sanitária Animal da CDA, Reginaldo Campanha, a partir de 18 de fevereiro 12 mil veterinários do Estado de São Paulo poderão se inscrever no programa nos 40 escritórios regionais da secretaria no Estado. “Em abril, esses médicos serão cadastrados e só eles poderão comprar e aplicar as vacinas”, declarou.
A preocupação é devida, sobretudo, ao fato de a vacina B19, contra a brucelose, ter a bactéria viva. O coordenador da CDA, Júlio Pompei, informou que em dezembro de 2001 foram coletadas 9 mil amostras de soros de animais em 1.050 propriedades de São Paulo. “Se o índice de soropositivos for alto, vamos reaplicar os testes. Em caso de reincidência, as áreas contaminadas terão prioridade no programa de imunização.”
Já contra a tuberculose não há vacina e os animais soropositivos devem ser sacrificados. Segundo a responsável pelo Laboratório de Tuberculose do Instituto Biológico de São Paulo e uma das elaboradoras do PNCEBT, Eliana Roxo, a principal forma de combate à zoonose é o diagnóstico de animais portadores do bacilo Mycobacterium bovis. O gado leiteiro, mais uma vez, é o alvo principal, pois o homem pode se contagiar por meio da ingestão de leite contaminado.
Fonte: O Estado de S. Paulo (por Tatiana Favaro), adaptado por Equipe BeefPoint