A Câmara Setorial Paulista da Carne Bovina se reúne nesta próxima terça-feira (21) às 14h para debater as novas regras do Sistema Brasileiro de Identificação de Origem Bovina e Bubalina (Sisbov).
O encontro será realizado na sede da Sociedade Rural Brasileira, na capital paulista e marca a primeira reunião da Câmara neste ano.
Para expor as principais mudanças no Sisbov foi convidado o presidente da Associação das Empresas de Certificação e Rastreabilidade Agropecuária (Acerta), Luciano Médici Antunes, que dará destaque à alteração do conceito de animal identificado para propriedade certificada dentro do programa de rastreabilidade brasileiro. As informações são da SRB.
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Seria de extrema importância, se os responsáveis pelo assunto em pauta, refletissem bem, e antes de tomar decisões e estabelecer regras que não poderão ser cumpridas por todos, visitassem algumas propriedades e avaliassem e as classificassem pelo tipo de manejo possível com os recursos existentes em cada uma delas (cercas, currais, balanças, corredores de circulação, pessoal treinado, sistema de registro de atividades e ocorrências, qualidade de vida dos funcionários etc). E somente após isso estabelecer as regras pelas quais o Sisbov seria implantado.
Fatalmente iriam perceber quantos Brasis existem dentro deste Brasil. Após essa “descoberta”, comprovariam que existem grandes diferenças entre propriedades num mesmo município, mesmo que, em estados considerados economicamente fortes e com alto grau tecnológico.
Provavelmente criariam graus diferentes de certificação, adequadas a realidade de cada propriedade, as quais se preparariam para o grau superior, dentro das regras do Sisbov dependendo de sua própria vontade.
Se não percorrerem o Brasil, visitando um grande número de propriedades, não perceberão que a realidade é muito diferente do que pensam em Brasília, e novamente perderemos tempo e não convenceremos os mercados externos de que o sistema realmente funciona. E que a rastreabilidade é uma potente ferramenta de manejo, e não somente um papel com brincos feitos para ludibriar gringos que desejam comprar carne.
Se percorrerem, poderão comprovar que o número de manejo não pode ser imposto da forma que nos impuseram garganta abaixo na versão anterior. É inviável o manejo diário de animais com um numero de 6 algarismos (ainda não seqüenciais), em um espaço onde com 4 algarismos já encontra-se dificuldade para a correta leitura, no campo ou no próprio curral.
Temos em nossa propriedade um manejo em que todo o rebanho é identificado com brinco, por cores e com 4 algarismos (seqüenciais iniciando com 0). O rebanho é passado nos curais pelo menos 3 vezes ao ano, nas vacinações de Aftosa (fevereiro, maio e novembro) onde todos os animais são fisicamente conferidos. Além disso, algumas outras vezes em ocasiões em que se faz necessário o combate da mosca e carrapato. Temos 1 funcionário que canta o número, 1 que anota em uma lista e um que digita no computador ou o confere contra uma lista: em todas estas oportunidades, em um ambiente controlado, o erro gira em torno de 4% a 5% para cada pessoa envolvida. Quem canta o número erra, quem anota o número erra, e quem digita ou confere na lista também erra, existe coincidência de números errados entre os 3 envolvidos, mas retirando-se os números coincidentes, os erros se situam na faixa entre 6% e 8%. Convenhamos, é muito para que se possa garantir uma rastreabilidade segura e confiável.
No campo a possibilidade de erro é ainda maior, pois o peão terá que ler tal número montado no cavalo, ambos os animais em movimento, um perseguindo o outro fugindo etc. Os erros são muito maiores. Imaginem agora tudo isso agravado com o fato do número de manejo ter 6 algarismos e a cada novo lote registrado no Sisbov o número que vem é completamente diferente dos existentes na propriedade. É coisa para deixar qualquer um louco, ou inviabilizar o manejo de quem realmente deseja fazer direito ou acredita que o sistema é para valer.
Onde estão as organizações, sindicatos, associações ligadas a pecuária, que nunca se manifestaram a respeito da estupidez que representa um número de manejo da forma como nos foi imposta. Pensando melhor, tal número foi alterado para facilitar a vida das certificadoras e das indústrias produtoras dos brincos, pois seria um trabalho extra ter de associar o número de manejo da propriedade com o número do Sisbov, para finalmente imprimir o tal brinco, retiraram também o trabalho das certificadoras que teriam que manter uma base de dados com tal equivalência. Facilitaram o trabalho de quem manuseia o brinco uma única vez, e jogaram a bomba no colo do produtor que maneja tal número inúmeras vezes durante toda a vida do animal. É muita sabedoria.
Pois é. Sinto saudades do SISBOV inicial, onde pedíamos uma seqüência de números ao Mapa, e, após recebê-los, montávamos nossa lista de equivalência e a encaminhávamos à produtora dos brincos que os produzia, nos enviava, e após isso poderíamos registrar nossos animais no Sistema, sem perda da operacionalidade em nosso manejo.
Depois, ficam se lamentando e reclamando do rigor e métodos com que as auditorias externas julgam a implantação e a operação Sisbov. Não dá para aplicar a política do “finge que faz que eu finjo que acredito” com empresas ou órgãos que não são subordinados aos órgãos governamentais, petistas ou não.
O trabalho é sério e deveria começar corrigindo pelo início ou seja: uma identificação operacionalmente lógica, que permita um manejo minimamente seguro, e operacionalmente simples.