O Brasil tem a meta de obter o status de livre de febre aftosa até o final de 2014. A medida provavelmente não terá um grande impacto no fluxo de comércio global de carne bovina, isso porque a declaração seria obtida somente com vacinação para a doença.
O Brasil tem a meta de obter o status de livre de febre aftosa até o final de 2014. A medida provavelmente não terá um grande impacto no fluxo de comércio global de carne bovina, isso porque a declaração seria obtida somente com vacinação para a doença.
Em uma declaração, o Ministério da Agricultura do Brasil sugeriu que o país seria livre de febre aftosa até o final do próximo ano, mas não informou sobre a distinção crucial, em termos de acesso comercial, entre ser livre da doença com ou sem vacinação.
O Ministério disse que planeja ser internacionalmente reconhecido como livre de febre aftosa no próximo ano, dizendo que gastou R$ 34 milhões no combate e prevenção da doença em 8 Estados.
Segundo o MAPA, atualmente, 89% do rebanho nacional de bovinos e búfalos, ou 185 milhões de cabeças, estão localizadas em zonas livres de febre aftosa (com vacinação), representando 60% do território nacional. A inclusão de outros estados no nordeste do país adicionaria 22 milhões de cabeças, levando a proporção de zonas livres de aftosa (com vacinação) para 99%.
Autoridades veterinárias atualmente estão colhendo amostras nos rebanhos do nordeste do país para demonstrar se estão livres da doença. De acordo com o Ministério, desde a segunda metade de 2012, 17.000 fazendas foram monitoradas com 71.000 animais amostrados. O estudo deverá terminar no começo de maio.
No entanto, o gerente geral de comércio e serviços econômicos do Meat and Livestock Australia (MLA), Peter Barnard, disse que nenhum status de livre de aftosa que o Brasil obterá será sem vacinação, o que faz uma enorme diferença em termos de potencial acesso a mercados.
O Brasil não pode entrar nos maiores e mais lucrativos mercados de exportação da Austrália, incluindo Japão, Coreia do Sul, Taiwan e Estados Unidos, com carne bovina fresca/congelada por causa da febre aftosa e isso não mudaria mesmo se o Brasil obtivesse o status de livre de febre aftosa com vacinação pela OIE.
O único Estado que é livre de aftosa sem vacinação é Santa Catarina, que é um produtor não tão significativo de carne bovina. A maior parte do restante dos estados, além do Nordeste, são livres com vacinação, mas as autoridades estão coletando dados agora para apresentar na reunião da OIE no ano que vem, para tentar obter o status para os estados restantes de livres da doença, com vacinação, segundo o gerente geral do MLA.
Atualmente, o Brasil tem acesso a mercados como Rússia, União Europeia (UE) e China, onde compete diretamente com o produto australiano. O Brasil está fazendo progressos na questão de controle da febre aftosa, mas ainda tem um caminho a percorrer para obter até mesmo um status nacional de livre da doença, com vacinação.
Um importante desenvolvimento nos últimos anos tem sido a diferença no preço para carne bovina dos países livres e afetados pela febre aftosa. Há 20 anos, havia um abismo enorme nos preços entre o mundo livre da doença (Norte da Ásia, América do Norte e Austrália) e o mundo com febre aftosa endêmica. Porém, essa diferença de preço reduziu consideravelmente agora. A principal razão foi provavelmente a mudança nas circunstâncias econômicas e maiores padrões de vida nos países em desenvolvimento, onde a febre aftosa tem maior chance de estar presente.
Em muitos países onde a Austrália vende carne bovina, incluindo Rússia, UE, Oriente Médio e partes do sul da Ásia, já está competindo contra o produto brasileiro de qualquer maneira. O Brasil em si já tem um mercado muito grande e razoavelmente forte, e com o crescimento econômico de 3,5% a 4% por ano, sua economia está avançando e existe uma crescente demanda doméstica da classe média em expansão.
Barnard disse que os países fornecedores de carne bovina, como a Austrália, têm uma imagem de qualidade com grande valor nos mercados internacionais. Porém, à medida que o tempo passa, o status de febre aftosa provavelmente continuará se tornando menos crítico no comércio de carne bovina.
A reportagem é do Beefcentral.com, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.