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Stephanes: cinco pontos a resolver no Código Florestal

Para o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, existem cinco pontos básicos que precisam ser resolvidos para que não se inviabilize boa parte da agricultura brasileira. A primeira reivindicação é para que áreas de preservação permanente (APPs), como margens de rios e de nascentes, sejam somadas no cálculo da reserva legal obrigatória, que varia de 20% a 80% do tamanho da propriedade, dependendo do bioma em que se encontra.

O Código Florestal (Lei 4.771), que entrou em vigor no dia 15 de setembro de 1965, precisa ser mudado por causa do longo tempo de vigência e principalmente pelo desenvolvimento que se verificou no campo de lá para cá. A reivindicação é feita tanto por ambientalistas quanto por agricultores, que, no entanto, trocam críticas e não se entendem quanto às modificações necessárias.

Para o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, existem cinco pontos básicos que precisam ser resolvidos para que não se inviabilize boa parte da agricultura brasileira. A primeira reivindicação é para que áreas de preservação permanente (APPs), como margens de rios e de nascentes, sejam somadas no cálculo da reserva legal obrigatória, que varia de 20% a 80% do tamanho da propriedade, dependendo do bioma em que se encontra. Nesse caso, se essas áreas forem equivalentes ao exigido na lei, não seria preciso formar uma reserva florestal. Caso o tamanho seja inferior, a área a ser reflorestada seria feita aumentando-se a área de vegetação às margens dos rios e nascentes.

“É muito mais lógico do que ter uma reserva separada. Eu acho que isso daria um saldo muito grande e se começaria efetivamente a recuperar as margens dos rios nessas áreas mais consolidadas do Centro-Sul”, afirmou Stephanes.

O segundo ponto é a permissão do uso de várzeas, topos de morros e encostas em áreas já consolidadas por uma agricultura sustentável. É o caso de grande parte das plantações de café de Minas Gerais, que garantem ao estado a condição de maior produtor nacional do grão. De acordo com a lei, essa produção atualmente é ilegal.

O terceiro item vale para os pequenos produtores que não estão à margem de rios e nascentes, que poderiam fazer sua reserva legal de forma mista. Assim, além de levar em conta a biodiversidade, seriam cultivadas árvores que pudessem ser exploradas economicamente, como o babaçu e o dendezeiro. “Caso contrário, muitos proprietários podem ter inviabilizada a produção em suas terras, e já existe tecnologia para esse sistema misto”, garante Stephanes.

Para as propriedades maiores, a proposta que talvez mais crie polêmica entre produtores e ambientalistas é que permite fazer em outras áreas o reflorestamento da reserva legal obrigatória. Segundo o ministro, não seria bom perder áreas com terras muito boas e que já estão produzindo há muito tempo, como é o caso de várias fazendas, principalmente no Paraná, em São Paulo e Santa Catarina e no Rio Grande do Sul.

“O produtor fica com a obrigatoriedade, mas pode fazer isso fora, ou pode comprar de quem tem florestas excedentes ou até ajudar a manutenção de florestas públicas, como compensação”, propõe o ministro. No último caso, o governo estabeleceria o valor equivalente a cada hectare preservado ou projeto de reflorestamento.

O último ponto colocado por Stephanes trata de anistia a produtores que procuram o governo para regularizar alguma situação relacionada ao Código Florestal, ocorrida no passado. “É preciso rever essa questão de punição para aqueles que não estão de acordo com a legislação, mas por desconhecê-la. É que ela se tornou, através do tempo, extremamente complexa e difícil, e o produtor deve ser incentivado a cumprir com essa obrigação”, apontou.

O ministro disse que os outros pontos em discussão “derivam” desses cinco, que são considerados “básicos”. Ele reforça, no entanto, que ao contrário de uma proposta de desmatamento na Amazônia, que alguns ambientalistas creditaram a ele antes do rompimento das discussões do grupo de trabalho, seu pedido é para que se criem condições para o desmatamento zero na floresta. “E não é só proibir o desmatamento ilegal e achar formas de coibir isso em tempo real para evitar que ele aconteça e a gente saia correndo atrás, como também criar uma condição para que aquele que tem direito a desmatar, não o faça. Que seja criando um fundo, uma forma de pagamento, de remuneração, para que não haja mais desmatamento”, disse.

A reportagem é de Danilo Macedo para a Agência Brasil, resumida e adaptada pela equipe AgriPoint.

0 Comments

  1. Paulo Westin Lemos disse:

    Finalmente temos um Ministro da Agricultura com coragem e bom senso para enfrentar e resolver um dos maiores gargalos de nossa agropecuária. Não é fácil porque ambientalistas xiitas, muitos sustentadas por dinheiro do exterior que investem pesadamente para bloquear nosso desenvolvimento, às custas de incentivos a conflitos tanto sociais como ambientais: pensam que todos os produtores são inimigos do meio ambiente, e o que é pior, que somos idiotas. Estão com mentalidade de tempos que se foram a muito. A conscientização e tecnificação dos produtores são exemplo para o mundo todo. Logicamente temos que evoluir muito em todos os aspectos mas a verdade é que enfiar goela abaixo do produtor uma legislação de 1965, hoje com milhares de leis, decretos, portarias federais, estaduais e municipais, conflitantes entre si, é no mínimo estar mal intensionado quanto aos reais beneficios para a sociedade. Ou será que a intensão é simplesmente sufocar nossa agropecuária até sua total inviabilidade.
    É indiscutível que algumas coisas são sagradas como as matas ciliares, fontes e cursos dagua, áreas de mata remanescentes que precisam ser preservados a qualquer custo, mas não sacrificar áreas produtivas onde se investiu pesado para que assim se tornassem e impor um custo absurdo ao produtor para recompor a reserva. Meio ambiente não é só mato e animais. É também solo que precisa ser conservado, é água que não pode ser poluida, dentre outras práticas tão ou mais importantes e não se vê nenhuma ONG cobrando do governo atitudes neste sentido. A sociedade precisa conhecer melhor a realidade rural e deixar de imaginar o produtor como inimigo do meio ambiente, que chora de barriga cheia. Se a produção for prejudicada por leis burras, o preço será pago por toda a sociedade. Ao governo, que na ansia de arrecadação tributa pesadamente tanto os insumos como a produção agrícola, diriamos que seria mais eficaz, tornar os insumos mais baratos, de modo que seja muito melhor recuperar e investir em áreas antigas do que desmatar. O bolso sempre acaba falando mais alto.

  2. Breno Carvalho Pereira disse:

    Muito pertinentes os cinco pontos básicos defendidos pelo Ministro da Agricultura. Concordo plenamente com os quatro primeiros que demonstram haver equilibrio entre produzir e preservar, na equipe que estudou o assunto. O quinto ponto básico é mais delicado. Acho mais adequada a análise caso a caso, tendo como premissa básica o fato de que nem sempre quem está em situação irregular é bandido.

  3. walterlan rodrigues disse:

    Minha preocupação é que as “forças ocultas” acabem tirando o nosso Ministro da Agricultura e fiquemos órfãos de pai e mãe, pois nosso ministro tem sido coerente sobre a necessidade de se aprimorar o Código Florestal sem prejuizo ao meio ambiente e sem tanto ônus para a classe produtiva. E eu volto a alertar nossa classe precisamos estar atentos a discussão da matéria e se preciso for temos que ir para Brasilia defender nossos interesses. Se nós tivessemos certeza de receber o mesmo tratamento que os sem terra merecem iriamos invadir o Congresso, o Palácio do Alvorada. etc., etc., mas se fizermos isto sentiremos o rigor da lei no nosso lombo o que não acontece com Via campezina e Cia.Ltda.

  4. Carlos Alberto de Oliveira Santos disse:

    As mudanças no código florestal são mais do que urgentes. Os critérios da legislação ambiental atual, além de dificultarem muito seu cumprimento, ainda engessam a atuação do governo e da iniciativa privada em linhas que visem de fato à solução de questões importantes na preservação ambiental e na exploração sustentável do agronegócio. Esperamos que haja vontade política suficiente para levar essa reforma adiante.

  5. Jose Carlos Ignacio disse:

    Nesse pais tem muito caçique para pouco indio, é só todo mundo se unir e não mover uma palha, quem quizer ter muitas matas e muito verde que compre nossas terras pagando preço de mercado e plante o tipo de mata que desejarem.

  6. Clédio Luiz Fabre disse:

    Parabéns ao Ministro. Acho um absurdo, como o próprio Ministro disse, somente menos de 30% do nosso País é agricultavel, e ainda é o que mais luta por não desmatar. Será que não está faltando mais divulgação sobre a realidade do que está acontecendo, será que estes conhecimentos chegam até a população. Pois só o que os EUA produz de milho; toda nossa produção como, milho, soja, arroz,etc, não ultrapassa a produção deles. É muita corrupção, dos nossos politicos.

  7. ADEMAR ROBERTO BODNER JUNIOR disse:

    Parabéns ao ministro. Mas gostaria de saber como que fica a situação dos produtores que preservaram mais que a reserva legal e hoje não podem se quer cortar
    um pau de lenha para o fogão. Serão autorizados a derrubar o restante? Serão indenizados pelas ongs? Pelo governo? Ou pelos ambientalistas que se quer sabem como se produz um pé de feijão. Presisamos urgentemente rever esta lei ambiental.

    Desafio qualquer ambientalista a viver sem agredir a natureza, vivendo em caverna, pelado, comendo fruta e tomando agua na palma da mão, pois diferente disso e impossivel viver sem agredir a natureza.