As exportações brasileiras bateram recorde histórico em maio e totalizaram US$ 6,372 bilhões. O desempenho excepcional, deduzidas as importações de US$ 3,865 bilhões, gerou um superávit de US$ 2,507 bilhões, o maior saldo mensal positivo registrado na série histórica da balança comercial brasileira.
As vendas feitas no exterior em maio tiveram uma forte influência no resultado acumulado da balança nos cinco primeiros meses do ano, que atingiu um superávit de US$ 8,045 bilhões – o mais elevado saldo positivo histórico para o período.
Com este desempenho, o governo conseguiu cumprir, no prazo de cinco meses, a metade da meta de US$ 16 bilhões de superávit comercial fixada para este ano pelo Banco Central.
Diante da possibilidade de as exportações perderem força nos próximos meses devido à desvalorização cambial, já que parte dos embarques feitos no início deste ano foram fechados com contratos ao dólar médio de R$ 3,30, o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Ivan Ramalho, diz acreditar que as vendas externas manterão tendência de expansão.
“Informações vindas dos setores exportadores são de grande crescimento das exportações, especialmente de produtos manufaturados”, afirmou o secretário.
Ramalho.
Ele preferiu não comentar eventuais efeitos da desvalorização cambial no desempenho futuro da balança. O secretário informou que a meta de expansão das exportações de US$ 60 bilhões em 2002 para US$ 68 bilhões em 2003 não foi revista.
Maio
Em maio, as exportações aumentaram 43,5% em comparação a igual mês do ano anterior, puxadas pela expansão dos embarques em todas as categorias de produtos, pelo crescimento das quantidades embarcadas e pelo ingresso dos produtos brasileiros em novos mercados.
Os embarques de produtos básicos (principalmente soja em grão, minério de ferro, carnes e café) tiveram alta de 65,02%, as vendas dos produtos semimanufaturados (principalmente celulose, semimanufaturados de ferro e aço, óleo de soja e açúcar em bruto) registraram acréscimo de 68% e as exportações de manufaturados (principalmente automóveis, aviões e autopeças) ficaram 29,1% maiores.
O esforço dos exportadores em abrir mercados e a iniciativa do governo federal em firmar acordos bilaterais ficaram evidentes no resultado acumulado dos primeiros cinco meses do ano.
China, EUA e Argentina
Além dos recordes de vendas em todas as categorias de produtos (básicos, semimanufaturados e manufaturados), o destaque ficou para os embarques destinados à China, que aumentaram 229,7% atingido o montante de US$ 1,774 bilhão de janeiro a maio.
Com isso, o mercado chinês tornou-se o segundo maior para o exportador brasileiro, atrás apenas dos Estados Unidos.
Parte do êxito dos embarques de produtos brasileiros vieram também da Argentina, que apresentou uma elevação de 85% das compras feitas no Brasil, totalizando US$ 1,471 bilhão em receitas até maio.
Os importadores argentinos têm sido responsáveis pela compra de produtos de alto valor agregado como automóveis, autopeças, papel, eletroeletrônicos e químicos orgânicos e inorgânicos.
Outros mercados que apresentaram relevância foram Estados Unidos (US$ 6,815 bilhões), Países Baixos (US$ 1,477 bilhão), Alemanha (US$ 1,237 bilhão) e Rússia (US$ 496 milhões).
Importações
Diferentemente das exportações, as importações registram ligeiro aumento de 1% no acumulado dos cinco primeiros meses do ano, em um resultado que reflete a redução de 15,1% nas compras de bens de capital e de 8% nos gastos com bens de consumo. Em compensação, as importações de matérias-primas e de bens intermediários registraram acréscimo de 7,9%.
Na avaliação de Ramalho, o baixo crescimento das importações está relacionado em parte a uma “sinalização da substituição de importações”, ao mesmo tempo em que a elevação dos gastos em compras feitas no exterior de matérias-primas e insumos aponta para uma maior dinamização da produção.
O secretário de Comércio Exterior ressaltou que as importações de matérias-primas e insumos estão vinculadas aos setores exportadores. “As vendas de produtos manufaturados tiveram um crescimento de 55% no total da pauta brasileira e a fabricação dos manufaturados inclui componentes importados”, observou Ramalho.
Fonte: Gazeta Mercantil (por Luciana Otoni), adaptado por Equipe BeefPoint