Uma dos grandes responsáveis pela baixa taxa de desfrute e consequentemente menor rentabilidade da pecuária de corte no Brasil, é a elevada idade de entrada em reprodução das fêmeas, e as baixas taxas de prenhez e natalidade. O início da atividade reprodutiva em fêmeas bovinas é de extrema importância para um satisfatório desempenho do rebanho de cria.
A utilização de pastagens de inverno é uma das maneiras de se evitar a escassez forrageira durante o período frio, sendo as espécies mais utilizadas a aveia e o azevém. Essas forrageiras apresentam elevado potencial nutritivo, podendo suprir até a totalidade das exigências em proteína de bovinos sob pastejo, dependendo da categoria em questão.
A recria de fêmeas a pasto é bastante afetada pela menor quantidade e qualidade das pastagens durante o período de inverno, resultando em queda no desempenho e elevação da idade de entrada em reprodução das fêmeas. A utilização de suplementos e/ou pastagens de inverno, podem ser ferramentas a serem utilizadas como forma de minimizar essas conseqüências, visando redução da idade ao primeiro parto.
Segundo Beretta & Lobato (1998), as principais características relacionadas à diminuição da idade ao primeiro parto são: idade e peso à puberdade, tamanho adulto e condição corporal. O início da atividade reprodutiva aos 12 meses de idade em bovinos de corte exige elevados ganhos de peso das fêmeas na fase de recria. A suplementação energética durante o período de menor produção forrageira, pode proporcionar melhora no desempenho animal, ou aumento na carga animal se utilizarmos elevadas quantidades de ingestão, devido ao efeito de substituição.
Frizzo et al. (2003), avaliaram o uso da suplementação energética no desempenho produtivo e reprodutivo de bezerras de corte mantidas em pastagens consorciadas de aveia (Avena strigosa Schreb) e azevém (Lolium multiflorum Lam.) Os animais foram submetidos a 3 níveis de suplementação energética, sendo: 0, 0,7 e 1,4% do peso vivo (PV). O suplemento era composto por 50% de farelo integral de arroz e 50% de polpa cítrica, apresentando 7,1% de proteína bruta (PB) e 76,2% de digestibilidade in vitro da matéria orgânica (DIG). A puberdade foi considerada como a manifestação do primeiro estro seguido por estro regulares a cada 21 dias. A tabela 1 apresenta os valores de MS, DIG e PB das pastagens durante o período de avaliação, amostrados por simulação de pastejo.
Tabela 1. Valores de MS, DIG e PB das pastagens durante o período de suplementação.
Tabela 2. Desempenho de fêmeas de corte suplementadas em pastagens de inverno.
Tabela 3. Carga animal e ganho de peso vivo para fêmeas de corte com diferentes níveis de suplementação energética.
A suplementação proporcionou melhora no desempenho, condição corporal e idade de entrada em reprodução de fêmeas de corte (Tabela 4).
Tabela 4. Peso vivo à puberdade, idade, condição corporal e porcentagem de estros de fêmeas de corte suplementadas em pastagens de inverno.
Referências bibliográficas
BERETTA, V.; LOBATO, J.F.P. Sistema “um ano” de produção de carne: avaliação das estratégias alternativas de alimentação hibernal de novilhas de reposição. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 27, n. 1, p. 157-163, 1998.
FRIZZO, A.; ROCHA, M.G.; RESTLE, J.; MONTAGNER, D.B.; FREITAS, F.K.; SANTOS, D.T. Suplementação energética de fêmeas na recria de bezerras de corte mantidas em pastagem de inverno. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 32, n. 3, p. 643-652, 2003.